Capítulo 27

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Marina

Eu sempre quis ter uma vida como nos filmes ou nas novelas mexicanas. Sempre achei um clichê adorável você sofrer muito para depois ser feliz em dobro. Era o que eu queria. Eu só não sabia que a parte de sofrer era tão intensa e tão assustadora como estava sendo. Eu comecei a entender todo o drama das mocinhas principais. Aquilo só poderia ser pegadinha. Era uma história totalmente surreal, mas o que mais me assustava era que fazia muito sentido. Um misto de adrenalina, vergonha, medo e raiva me tomaram naquele momento.
— Então, quer dizer que a senhora traiu meu pai com o pai do Gabriel, engravidou de mim e simplesmente, se mudou para Nova Petrópolis? — indaguei totalmente perdida. — É demais para a minha cabeça. — respirei fundo e senti Gabriel apertar mais forte a minha mão.
— Na época, eu era apaixonada por Alberto mas vivíamos brigando, até que um dia terminamos de vez, eu sofri muito e foi aí que conheci Fernando, logo engravidei do seu irmão mas eu ainda não era totalmente apaixonada por Fernando, eu sempre deixei isso claro e ele nunca havia me cobrado nada, até que um dia discutimos e ele jogou isso na minha cara, eu saí de casa revoltada e acabei encontrando Alberto, conversamos durante horas e quando percebemos, já havíamos ido longe demais, porém, tínhamos nossas vidas e ele também já estava se relacionando com outra pessoa, eu contei tudo para Fernando e depois de muito choro de ambas as partes, ele pediu para mudar de cidade e eu falei que precisava pensar, três semanas depois descobri que estava grávida e não poderia ser do Fernando já que não tínhamos relações desde antes da nossa briga, tanto que esse foi o motivo da mesma, eu me desesperei e fui atrás do Alberto para contar, mas ele disse que tudo havia sido um erro, que eu não podia mais procurá-lo porque ele amava a mulher dele e que ela estava grávida, eu fiquei sem chão e não contei nada pra ele, apenas cheguei em casa e comecei a arrumar as minhas malas, quando Fernando apareceu, estranhou tudo e eu tive que contar que estava grávida, novamente eu o fiz chorar mas ele disse que se eu realmente estivesse disposta a tentar, ele insistiria em mim e foi aí que nos mudamos para Nova Petrópolis, no começo, foi difícil mas Fernando não resistiu e desde a primeira ultrassom, ele te amou como um verdadeiro pai, era o sonho dele ter uma menina e de uma maneira meio torta, você veio para fazê-lo feliz, para nos fazer feliz. — contou em meio as lágrimas e eu não estava diferente, pelo contrário, já estava soluçando de tanto chorar.
— E... Aquele louco que tentou matar Felipe? — indaguei curiosa mas tensa ao mesmo tempo.
— Ele sempre foi louco, louco de pedra e para ele se afastar de mim, eu menti que estava grávida dele e pedi que ele sumisse pois ele não tinha condições para ser um bom pai e que sendo assim, Fernando seria seu pai, o mais estranho foi que ele mesmo relutante, aceitou e eu nunca havia tido relações com ele, o que só comprova o quanto ele não funciona muito bem... Enfim, tudo ficou bem, eu estava loucamente apaixonada por Fernando, tínhamos uma ótima vida, até esse desgraçado voltar e matá-lo. — contou e eu soltei a mão do Gabriel, abracei minha mãe com força e choramos juntas, partilhavamos da mesma dor, a falta absurda que meu pai fazia para nós duas.
Depois de toda aquela reunião tensa, eu subi para o meu quarto sem falar com ninguém. Não consegui olhar para Alberto Luckmann em nenhum momento, me senti descartada por ele, mesmo que ele não soubesse de mim, foi ridículo a forma que ele havia tratado a minha mãe. No momento em que ele pediu para que ela não o procurasse mais, ele estava descartando nós duas de sua vida. Eu não conseguia o enxergar como um pai e também, eu não tinha obrigação de aceitá-lo. Tranquei a porta do meu quarto e encarei o quadro que estava pregado na parede, era uma foto minha com o meu pai. Despreguei da parede e me deitei na cama, abraçando o quadro. Ele me amou mesmo eu não sendo dele. Ele sempre foi um cara incrível, mais do que eu já sabia que era. Eu nunca o esqueceria, ele havia sido e continuaria sendo o meu pai. Por alguns segundos, entendi a preocupação repentina do Alberto comigo e da expressão de decepcionado quando eu estava mal e fui atrás do Felipe. Eu não conseguia me sentir culpada por isso. Ele nunca foi o meu pai de verdade, só fez e sumiu. Isso não é um pai. É como se ele tivesse doado seu sêmen anonimamente.
Minha vida estava um verdadeiro caos.

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Capítulo extremamente pequeno. Estou passando por aquele momento que a inspiração está ausente mas fiquei tanto tempo sem postar que não achei justo com quem está acompanhando, afinal, também sou leitora e sempre fico muito ansiosa para ler os próximos capítulos. Espero que não tenha ficado ruim, de verdade. O próximo será bem maior! Reta final chegando, mesmo com o sumiço, espero que não desistam de AEC2. 💗

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