Capítulo 9

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Acordei mais cedo que o esperado, pulei da cama com receio de novamente me atrasar e ter que pegar um ônibus. Sim, só de pensar em ônibus, fico apavorada!

Desci até a cozinha e encontrei minha mãe e Felipe no maior papo, assim que cheguei se calaram e fizeram uma troca de olhares até então desconhecida por mim.

— O que estão aprontando? — fui direta e eles ficaram se olhando, como se estivessem se comunicando telepaticamente.

— Não é nada. — minha mãe respondeu após alguns minutos.

— Sei. — desconfiei.

Tomamos café normalmente e eles ficavam se encarando o tempo todo mas tratei de ignorar, fosse o que fosse eu não queria saber agora, só queria ir para a faculdade.

— Vamos? — Felipe me chamou e eu assenti.

Durante todo o percurso, ninguém falava nada, o único som que podia se ouvir era uma música internacional que eu não faço ideia do nome ou de quem canta. Me despedi dos dois com um beijo na bochecha e desci do carro, dando de cara com o Gabriel e o Fernando.

— Bom dia. — falei, dando um aperto na mão de Fernando que me puxou para um abraço forte, como se fosse íntimos, confesso que fiquei intrigada com tal ato.

— Anh...— Fernando disse sem graça. — Desculpe-me, é... bom dia.

— Relaxa. — o olhei desconfiada e ri do seu jeito.

— Minha vez. — Gabriel disse me puxando e me abraçando da mesma forma, porém, com um pouco de brutalidade.

— Não precisa me sufocar. — falei rindo e o empurrando.

Entramos juntos e eu me sentia muito familiarizada com eles. Gabriel sempre teve a fama de ser o cara fechado, que não dá brecha para ninguém e que não presta, confesso que a última parte é verdade mas para mim, Fernando é quem se encaixava nas primeiras características. Conversávamos o básico do básico, nunca entendi o porquê de sermos assim, já que peguei amizade rapidamente com o restante mas cada um tem o seu jeito, não é? Enfim, vê-lo ali, tão aberto, rindo das minhas gracinhas foi bem surpreendente. Além da aparência, Fernando e Gabriel se parecem muito na personalidade também. Não entendo porque Gabriel é tão "rejeitado" pelos pais.

— Ei, foi para aonde? — Gabriel indagou à minha frente.

— Lugar nenhum? — ergui a sobrancelha.

— Estava me lançando um olhar 43. — Fernando afirmou rindo. — Se está me desejando, entra na fila. — piscou e foi a minha vez de rir.

— Nossa! E esse ego enorme? — ergui a sobrancelha. — Você e o Gabriel são tão parecidos! — exclamei rindo e eles fecharam a cara.

— Não exagera. — Gabriel disse.

— Bem que ele queria mas né... — Fernando se gabou e nós rimos.

— É cada coisa. — falamos juntos, balançando a cabeça negativamente.

— Peguei no verde! — exclamei, arrancando uma folha da árvore que estava ao nosso lado.

— Você tem quantos anos? Seis? — Gabriel indagou e eu fechei a cara.

— Idiota. — cruzei os braços e Fernando me abraçou.

— A gente releva. — afirmou rindo.

Cada um foi para sua respectiva sala e eu estava sentindo uma paz interior enorme. Foquei nos slides que o professor estava passando e enquanto muitos tiravam fotos, eu optei por anotar tudo. Seria mais fácil para estudar, sempre tive uma memória fotográfica e confesso que isso sempre me ajudou muito mas anotar era uma ajuda à mais, que sempre foi muito bem vinda. Todos já haviam saído da sala e lá estava eu, terminando de anotar o último slide, senti os olhos de alguém sobre mim mas ignorei, o professor já tinha feito muito por ter deixado os aparelhos ligados para que eu pudesse terminar. Senti mãos em meus olhos e aquele perfume exalando já denunciava quem era.

— Amor? — sorri e ele retirou as mãos dos meus olhos, me puxando para um beijo logo depois.

— Ainda bem que reconheceu. — disse fazendo drama.

— Como não iria reconhecer? Seu cheiro é inconfundível. — afirmei, me aproximando de seu pescoço e sentindo seu cheiro mais de perto e logo depois, depositando um beijo.

— Muito bom saber. — disse sorrindo lindamente.

— E esse sorrisão? — indaguei curiosa enquanto passava meu dedo indicador em seus lábios.

— Se você continuar, não vou conseguir falar. — disse sorrindo e depositando um beijo na minha testa.

— Ok, fale meu amor. — pedi, entrelaçando meus braços em seu pescoço.

— Vim te convidar para jantar. — ergueu a sobrancelha enquanto entrelaçava seus braços em minha cintura e me puxava para mais perto.

— Vou dar uma olhada na minha agenda. — brinquei.

— Você nem usa agenda. — retrucou e nós rimos.

— Ok, que horas você me busca? — indaguei com os olhos semicerrados.

Miguel estava com cara de quem ia aprontar.

— Às oito. — respondeu dando um sorrisinho e logo depois, mordendo o lábio. Certo, ele vai aprontar.

— Mari, já estamos indo! Você não vem? — Fernando me chamou na porta.

— Claro. — respondi. — Nos vemos depois?

— Por que você vai com ele? — Miguel indagou, me encarando.

— Qual é o problema? — revirei meus olhos.

— O problema é que ele é irmão do Gabriel. — afirmou óbvio.

— O Gabriel está junto e ainda não consigo ver qual é o problema. — ergui a sobrancelha.

— Beleza, vai lá. — afirmou me reprovando com o olhar.

— Tenha um ótimo dia. — lhe desejei e o beijei mas ele não correspondeu.

— Nos vemos a noite. — foi a última coisa que ele disse antes de dar às costas para mim.

Ok, o que uma garota que está tentando seguir em frente faz numa hora dessa?

— Ei! — exclamei enquanto corria atrás dele, o virei de uma vez e o beijei, sendo correspondida de imediato.

— O que foi isso? — sua expressão de surpreso foi a melhor.

— Não quero que vá embora com raiva de mim. — confessei e ele deu um sorriso, desviando o olhar e logo depois direcionando-o para mim novamente.

— Você foi o melhor que me aconteceu. — afirmou enquanto olhava dentro dos meus olhos.

Era tão estranho. O Miguel parecia ser tão certo para mim mas ao mesmo tempo, tão errado. Talvez seja como ele disse, ele apareceu na hora errada. Daria tudo para ter sido ele batendo na porta daquele apartamento que eu estava morando assim que cheguei ao Rio de Janeiro.

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