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Ele não falou comigo, pelo resto do dia, tentei chegar perto dele para conversar no intervalo, até na aula de teatro e nada, ele não olhava nem mais na minha cara e seu semblante era sempre o mesmo, sem expressão, neutro, ele dizia nada, ficava quieto parecia está sempre pensando em algo, uma parte de mim desejava que seja o arrependimento por ter feito isso comigo, mas mesmo se ele sentisse isso, ele não deixava aparecer, eu odeio isso, eu odeio ele.

Mary não fez mais perguntas, sei que ela está fazendo isso porque sabe que não vou conseguir falar nada agora e Mike, não perguntou nada, provavelmente Mary pediu para que ele não o fizesse e agradeço muito a isso, porque eu não quero fala com ninguém, pelo menos não agora. Estamos indo embora já, e essa acho que vai ser a pior parte, eu teria que volta pro apartamento, sinceramente não sei nem se quero deixa ele se explicar, não sei nem se quero vê-lo mais, talvez eu deva começa a procurar um novo imóvel, sair daquele lugar, e deixa com que ele fique naquela merda sozinho, ele é rico não é? Nunca entendi porque ele cismou tanto em dividir dispesas sendo que ele é rico poderia compra milhões desses apartamentos, mas que saber que se dane, se ele não conseguir pagar ele pode morar na rua ou volta pra casa dos pais eu não ligo. Quero morar sozinha e bem longe dele.

— Ei, Josephine? — escuto a voz de Mary, me fazendo sair de meus pensamentos.

Olho para ela e espero com que ela fale.

— Você quer ir lá pra casa? Talvez você não queira ir pra sua, não se sinta bem lá, pode fica lá em casa por um tempo — ela diz num tom calmo, nunca havia escutado ela nesse tom calmo e preocupado, na verdade nunca vi ela preocupada com nada.

— É, tem espaço lá, pode ser uma boa até você conseguir um lugar melhor para ficar — agora escuto a voz de Mike, e ela também está calma, preocupada.

Eu tô tão ruim assim para eles tarem conversando comigo dessa forma? Eu não sei, não tenho coragem de me olhar no espelho, sei que farei com a cara gigante e vermelha depois de tanto chora em cantos do colégio, quando tive a oportunidade.

Morar com eles? Talvez não fosse tão ruim, ou seria, eu iria atrapalhar a vida deles com isso, mas eu preciso sair daquela casa, será melhor pra mim, tirar um tempo de lá, não precisar ver ele, poderia fica na casa de Mary e Mike enquanto eu procuro algo e depois eu só pego as coisas lá no apartamento e vou embora, pronto.

— Pode ser, preciso passar no apartamento antes, pegarei umas coisas lá e vou para casa de vocês, hoje mesmo eu começo a procurar outro imóvel — digo a eles baixo, mas sei que me ouviram porque Mary sorri fraco e acena com a cabeça.

— Sei que você não tem carro, então Mike vai lá te buscar depois é só avisar quando puder — ela diz logo se despedindo de mim, aceno com a cabeça concordando e me despeço deles antes deles irem embora e eu começa a caminhar para casa.

Dessa vez não espero que Hero apareça, sei que ele não irá, terei que ir sozinha a pé, pelo menos é perto. Sigo o caminho até chegar no apartamento, carro do Hero não está na garagem então sei que ele não está em casa, agradeço a deus por isso, subo as escadas e entro indo direto a meu quarto, sinceramente ele não parecia o mesmo agora, só me dava lembranças de coisas agora que pareciam mentira, me dava lembranças dele infelizmente. Sigo até meu armário e pego uma mala, a mesma na qual usei para chega aqui, ela não cabia tudo, mas pelo menos uma parte das roupas na qual eu pudesse sobreviver na casa de Mary e Mike. Pego algumas roupas de dentro do armário e coloco dentro da mala, evito roupas de sair, não vou sair mesmo então não há motivo para levar roupas arrumadas para lá. Eu estava quase acabando quando meu celular vibra sobre a cama.

É ele? Impossível ser, não é, tenho certeza...

Pego meu celular e checo, realmente não é ele... Não sei se comemoro ou choro, assim até que é melhor não vou precisar lidar ou conversa com ele, é bom, tenho certeza. Olho na tela e tá escrito ''mãe''. Que merda! Ela não poderia ter escolhido momento pior. Respiro fundo e pego meu celular, apoio ele em meu ombro e prenso ele contra minha orelha, assim que atendo, para que ele não caia enquanto falo ou arrumando minhas roupas, não posso me distrair do meu objetivo principal, parar de fazer só pra conversa só me atrasaria e poderia fazer com que ele apareça antes mesmo que eu consiga sair.

— Alo mãe?

— Josephine! Finalmente minha filha, tentei falar contigo o dia todo, aconteceu alguma coisa? — pergunta minha mãe pelo outro lado da linha.

Ela havia me ligado? Paro apenas para pega meu celular novamente e checar no histórico de chamada e realmente 4 chamadas perdidas de minha mãe, e eu não havia escutado nenhuma, que merda. Volto com o celular para meu ombro e voltando a arrumar a mala.

— Perdoe-me mãe não foi minha intenção, eu estava no colégio e eu não ouvi meu celular tocar.

— Tudo bem, mas e ai como está indo? Está gostando? Sua casa nova é boa? Desculpa por ter demorado a te ligar, seu pai conseguiu estraga nosso celular e tivemos que juntar um dinheiro para comprarmos um novo.

— Tá tudo bem mãe, colégio é maneiro, eu já estudei aqui ano passado, é a mesma coisa, a casa é boa, você deveria vir algum dia, iria gostar da cidade. — digo.

Não posso assumir a ela que eu estava morando com Hero, que tive um caso com ele e que agora eu estava tendo que me mudar novamente, ela não pode nem imaginar isso, ela iria me fazer voltar para casa na mesma hora.

— Talvez, você sabe que não curto muito cidade grande, são movimentadas de mais e tem muitos hippies — ela fala e eu sei que está fazendo careta do outro lado da linha.

— Mãe não estamos mais nos anos 60 você sabe né? Não existe mais hippies assim.

— Mesmo assim, existem muitos adolescentes chapados aí, você não esta se chapando né Josephine? — seu tom fica serio e autoritário.

— Obvio que não mãe, você sabe que não sou assim.

— Graças a Deus, não sei o que eu faria se minha filha fosse uma viciada.

Reviro meus olhos, não acredito que atendi ela para ela fica falando sobre drogas.

— Mãe podemos conversar depois? Estou ocupada no momento — digo enquanto eu ainda continuava a arrumar minhas coisas.

— Ocupada com o que? Posso saber?

— Estou arrumando casa — minto.

— Que bom então, irei deixar você continuar, não quero te atrapalhar e você fica morando num chiqueiro.

— Tá bem, mãe, beijos, depois a gente se fala, ok?

— Tá bem, te amo filha, sabe disso né? — diz ela num tom doce.

Saudades quando minha mãe só falava comigo nesse tom.

Também te amo, tchau mãe — logo desligo a ligação.

Acabo de organizar minha mala e a fecho. Me sento em minha cama e mando mensagem a Mike esperando que ele viesse me buscar, enquanto rezava internamente para que Hero não voltasse antes disso.









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Good Morning Love [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora