ᴀ ᴘʀᴏᴘᴏsᴛᴀ - ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 07

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Atenção: esse capítulo contém cenas fortes e alguns gatilhos, recomendo que pessoas sensíveis á esse tipo de conteúdo, não leiam. Estou aqui caso queiram conversar. ❤

×××

Josh Beauchamp

Todos estavam encantados com ela, parecia que Any era a sensação do momento. Até a minha priminha Mariana, estava o tempo todo perto dela. Ela esqueceu que eu existo.

Estava observando meu avô jogar sinuca com os irmãos da minha avó. Eu não sou de me relacionar muito com o lado da família dela. Acredito que pelo fato da gente só se ver em comemorações.

- Mas e então Joshua, notei que a Any está usando uma aliança, estão noivos? - meu tio pergunta curioso.

Meu avô me olha no mesmo instante. Tenho que agir naturalmente.

- Sim, a gente tem um relacionamento sério e bom, eu achei que era correto - respondo dando um gole no meu whisky logo em seguida.

- Já conheceu a família dela?- meu avô pergunta.

Eu não sei de nada da família da Any, mas com certeza meu avô sabe. E ele espera me pegar com essa.

- A Any não gosta muito de falar sobre, todas as vezes que pergunto ela muda de assunto, receio que ela ainda não esteja pronta para falar e eu a respeito, é uma coisa dela.

Meu avô concorda comigo e vem até mim.

- Eu sei que a Any tem um gênio difícil, porém sempre vi um grande potencial nela, cuide bem dela, ela já sofreu demais nessa vida.

×××

Entro no quarto decidido a descansar, porém alguns soluços chamam a minha atenção. A porta da sacada estava aberta. Vou até lá e vejo Any. Ela estava sentada no chão e escondia o rosto entre os joelhos.

O que será que aconteceu?

Respiro fundo e tento pensar em algo, eu nunca consolei ninguém, sempre fui fechado.

- Any...

Ela me olha e noto a dor em seus olhos. Estavam tão vermelhos e o rosto tão inchado.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não é da sua conta- responde com a voz cheia de ignorância.

Ok!

Concordo com ela e dou meia volta entrando no quarto, porém volto para a sacada pois estava chateado.

- Sabe, eu queria te ajudar, tentar ser um pouco mais legal, mas na primeira oportunidade que tento ser diferente você me trata com ignorância.

Ela volta a me olhar e respira fundo.

- Agora você sabe como você é o tempo todo!

Eu sei como eu sou, não preciso que ninguém fique me lembrando.

- Eu sou assim, se não aceitam eu não posso fazer nada!

Saio dali me sentindo muito irritado. Ia entrar no banheiro, mas paro ao ouvir a voz da Any. Olho por cima do ombro e ela estava parada no quarto.

- Eu quero acabar com tudo isso.

- Ta ficando maluca?- questiono.

- Não, eu só não aguento mais essa mentira, sua avó hoje me deu de presente uma correntinha. Ela me disse que era porque eu havia trazido o netinho dela de volta. E Eu me sinto horrível por ter aceitado fazer parte disso!

Droga!

Eu sabia que ela ia surtar uma hora ou outra. Também estou quase surtando, porém tento ao máximo manter tudo no lugar.

- Any, você não pode desistir agora, a gente já está aqui e...

- Meu Deus, você só fala merda, já se ouviu alguma vez? - esbraveja dando um passo até onde estou - você já observou a família maravilhosa que você tem? E já olhou como você é tão merda com eles?

- Você não entende...

- E por que eu não entendo?

- Você nunca perdeu ninguém, nunca vai entender - digo sentindo uma pontada no meu peito.

Algumas lágrimas escorrem por seu rosto e Any as limpa.

- Meus pais morreram quando era uma criança, e uma tia passou a cuidar de mim, mas depois ela achou que não precisava mais ser responsável por uma adolescente. Sabe, muitas vezes eu me sentia sozinha e desamparada, tinha fome, medo, frio e desespero. Comecei a trabalhar aos quinze anos porque queria que tudo mudasse, que a dor sumisse, mas como que fazia pra isso acontecer? Eu vivi por anos no programa de proteção a criança e ao adolescente pois minha tia não queria mais saber de mim, consegui fazer vários cursos que eram oferecidos pelo governo e me formei na universidade pública... Eu fui sozinha por toda a minha vida, mas tudo bem, eu não entendo pois nunca perdi ninguém.

Eu nunca soube daquilo. Não tinha como saber. Eu nunca fui um bom chefe. Nunca perguntei como estava seu dia ou se ela estava bem.

Trabalhamos juntos a um ano e eu só a desprezei.

- Você queria saber da minha família, agora você sabe!

Ela passa batendo no meu ombro e bate a porta do banheiro.

Ela sofreu muito, mas eu também sofri. Sei que não se compara ao sofrimento dela, mas esses sentimentos não se medem.

Eu vi meus pais morrerem, eu ainda podia sentir minha mãe segurando minha mão enquanto o carro capotava. Ainda podia ouvir os gritos de desespero do meu pai pois as ferragens estavam presas em sua perna. Ainda consigo ver minha mãe desacordada enquanto o sangue escorria por sua testa...

- Josh...

Escuto uma voz distante, porém não sabia de quem era. Meu corpo estava pesando e eu me sentia sem ar.

Tento respirar, porém meu coração estava muito acelerado e meu corpo tremia.

Any aparece na minha frente e parecia assustada.

- Joshua, o que está acontecendo?

Levo minha mão até minha garganta. Me sinto sufocado, preciso de ar.

- Na-não tem a-ar...

Ela fica ainda mais assustada e sai correndo quarto a fora. Meu corpo fica mole e acabo caindo.

Respira cara, não pensa na dor. Já foi. Conta de um até dez, como o psiquiatra te ensinou.

1...
Respira.

2...
Respira

3...

Meu peito aperta mais e já podia sentir as lágrimas.

- Meu filho - escuto a voz do meu avô.
Ele se ajoelha ao meu lado e segura minha cabeça.

- Vovô - minha voz sai mais rouca do que costuma ser e isso faz meu peito doer ainda mais - eles v-vão morrer.

- Ele está tendo um ataque de Pânico- o escuto dizer - Josh, conta com o vovô, como a gente sempre fazia, lembra?

Minha mãe era a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Meu pai era de verdade o meu herói.

- Filho, o papai te ama.

A voz do meu pai ecoa em minha mente. Olho pra Any e ela estava abraçada a minha vó e as duas choravam muito.

- Vamos Josh, respira...

Respira.

×××

oioi, tudo bom?

vortei.

votem e comentem bastante, isso só me incentiva á continuar.

nos vemos no próximo capítulo.

xoxo nic ❤

Ɑ ρʀσρσsтɑ ↝ ʙᴇᴀᴜᴀɴʏ ᶜᵒⁿᶜˡᵘⁱ́ᵈᵃ Onde histórias criam vida. Descubra agora