Capítulo Nove

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Será que haveria algum modo digno de sair daquela situação? 

Blanche desejou saber, segundos depois, completamente embaraçada, enquanto recuperava a compostura.

Não, não havia, decidiu, sentindo-se desconfortável pela sua falta total de controle. Em primeiro lugar, estava usando apenas a parte de baixo da lingerie, meia-calça e as sandálias Louboutin, enquanto Ettore continuava vestido da cabeça aos pés.

Ela se enfureceu, lutando com a respiração pesada para se recompor. Não que ele estivesse totalmente alinhado, percebeu ela, ao fitá-lo por sob os pesados cílios. A camisa de Ettore se encontrava desabotoada, onde os dedos dela buscaram o toque da carne nua e os cabelos escuros ligeiramente desalinhados pelos mesmos dedos que se emaranharam nos fios densos e macios. Havia um rubor de excitação nas maçãs do rosto altas. Uma excitação que ele nãohavia satisfeito.

Que ela não havia satisfeito!

Podia fazer algum tempo desde que se envolvera intimamente com um homem, mas sabia que nunca havia sido uma amante egoísta. Falta de consideração física em relação ao parceiro era algo do qual Andrew não podia acusá-la. Embora não conseguisse lembrar de ter respondido ao marido com tamanho abandono como experimentara com Ettore. 

Mas, embora tivessem se passado apenas alguns segundos, não era um pouco tarde para tentar proporcionar a Ettore o prazer que seu corpo excitado, pressionado contra o dela, tão obviamente almejava?

— O que está pensando agora? — A voz de Ettore soou grave no silêncio que se instalara entre os dois.

Blanche hesitou antes de responder.

— Em que, talvez, este é o momento mais embaraçoso de toda a minha vida. — confessouhonesta.

— Embaraçoso? — repetiu ele, recuando um passo para fitá-la. 

Blanche tinha os cabelos desalinhados, os olhos exibiam um brilho profundo e os lábios eram provas irrefutáveis da intensidade dos beijos dele. Os seios ainda estavam túrgidos pelo toque das mãos e dos lábios, e ainda havia uma letargia em seus membros que expressavam o êxtase que ela experimentara momentos antes. 

— Você está linda, Blanche. — assegurou ele e sorriu. — Aliás, quando formos marido e mulher, quero que me odeie deste modo todas as noites de nossa vida de casados.

—  Poderia disfarçar melhor, Ettore. Está tão seguro que depois... disto me casarei com você, não é? — acusou indignada e se ajoelhou para erguer o vestido do chão acarpetado e segurá-lo contra os seios nus.

Ettore sentiu que Blanche estava mais uma vez deliberadamente provocando-o. Porém, a dor do seu corpo insatisfeito significava que não tinha nenhum humor para outra discussão. Não havia como Blanche poder negar sua resposta física a ele ou a resposta dele a ela e qualquer outra discussão entre os dois era insensata.

Ettore inclinou a cabeça e a observou.

— Eu sugiro que diga ao seu pai que nós nos casaremos assim que a licença especial seja providenciada.

— Claro, mí amor,  você sugere, não é? — Blanche repetiu sarcástica enquanto fechava o zíper do vestido firmemente. 

— Sim, sugiro. — repetiu enfático e a familiar dor no corpo não fazia nada para melhorar seu temperamento.

— Eu farei o que me sugere, mí amor, porque ainda tenho a esperança de vê-lo arder no fogo do inferno. 

O que tinha acontecido minutos antes indicava que os dois iriam juntos para a cama e terminariam o que haviam começado. Mas um olhar à expressão rebelde de Blanche deixou claro que isso, definitivamente, não aconteceria. 

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