Capítulo Quinze

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Ettore observou o arfar frenético dos seios confinados no vestido ao retornarem para o quarto. As pernas e pés de Blanche se encontravam desnudos. Não usava meias ou sapatos, dois itens da vestimenta feminina que arrancaria novamente, antes de possuí-la com uma impetuosidade que lhe fugia ao controle. Mesmo depois de terem acabado de estarem juntos.

Porém, nunca forçara uma mulher a fazer sexo com ele e não começaria com Blanche.

Não importava o quanto ela o provocasse!

Além disso, Blanche acabara de admitir que se casaria com ele.

— Eu quero saber o que fará se meu pai sugerir que esperemos mais um pouco antes de nos casarmos, para que possamos nos conhecer melhor antes de pensarmos em um compromisso mais duradouro. — escarneceu Blanche.

— Eu tenho certeza que o fato de você ter dormido aqui a noite passada servirá para que ele saiba que já nos conhecemos o suficiente para nós casarmos, D'auvergne. — retrucou Ettore. — Além disso, eu tenho plena confiança de que, quando você lhe confessar seus sentimentos por mim, seu pai ficará muito feliz com nossa a decisão.

— Meus sentimentos por você? Eu jamais poderia amar um homem como você, Ettore Montalbán de La Guardia. — repetiu ela. — E não pelos motivos que você acredita, mas por não ser capaz de discernir entre aquilo o que você quer da minha família, do que eu realmente necessito em um homem.

Ettore exibiu um sorriso desprovido de humor.

— Nunca foi sobre amá-la, eu também não poderia amar a mulher que é irmã do assassino de Elora. E já que isso está bem claro entre nós dois, assim o fará. Esta noite contaremos do nosso casamento ao seu pai. E obviamente não lhe dirá que sente ódio por mim em vez de amor.

Odiava aquele homem? Indagou-se Blanche.

Seria possível odiá-lo e sentir tanto prazer com as carícias que ele a fizera experimentar? De alguma forma não achava...

Embora Ettore pudesse vir a odiá-la quando descobrisse que não era capaz de gerar os outros herdeiros que obviamente pretendia que ela lhe desse. Afinal, não era esse um dos pontos da vingança absurda que ele pretendia para ela?

Estava aguardando aquela informação para depois que se casassem e ela tivesse as ações da Editora, seguras, em suas mãos. Não se arriscaria a revelar que não poderia lhe dar herdeiros antes de reaver aquelas ações!

Embora, após os acontecimentos daquela manhã, tivesse outra razão para manter o silêncio.

Benjamin...

Deus, como era possível? Já amava aquela criança. E não poderia suportar o pensamento de se separar dele se Ettore mudasse de ideia ao descobrir sua incapacidade em lhe dar mais filhos.

Talvez estivesse sendo um tanto injusta em não revelar sua aparente esterilidade para Ettore, mas ele também não estava sendo justo ao obrigá-la a se casar. Sabia que além do ódio que ele já nutria por sua família, se soubesse que escondia detalhes de sua vida, importantes em sua vingança, as consequências poderiam ser implacáveis quanto a saúde emocional e física de seu pai.

Blanche respirou fundo e inclinou a cabeça para o lado.

— Direi a meu pai que irá à casa dele esta noite.

— Totalmente segura de seu... desejo em se casar comigo, espero? — indagou Ettore.

— Totalmente segura de minha determinação em me casar com você — corrigiu Blanche. — Acredite-me, se houvesse outra forma de reaver aquelas ações, eu optaria por ela. — mentiu.

A perspectiva de se tornar mãe de Benjamin era motivo suficiente para persuadi-la a se casar com aquele homem. Porém, de fato não poderia se arriscar a deixar que Ettore descobrisse aquilo antes de estar devidamente casada, com as ações seguras em suas mãos e Benjamin como seu enteado.

— Que pena para você que não haja outra forma.

— É você que é digno de pena, Ettore. Por querer se casar com uma mulher que não o ama — garantiu Blanche, enquanto ele erguia as sobrancelhas negras de modo inquisitivo. — Agora, se me dá licença, tenho de ir para casa e me trocar antes de voltar ao trabalho... o que foi agora, Ettore? — indagou ela, com um suspiro exasperado, quando

ele lhe voltou um olhar enraivecido.

— Deixará de trabalhar para D'auvergne Publishing quando nos casarmos.

— Não, não deixarei! — retrucou ela, desafiadora. — Meu pai precisa de mim por perto no momento — tentou argumentar ante a aparência implacável de Ettore.

— Benjamin e eu também necessitamos de sua presença em tempo incondicional. — insistiu ele.

— Está errado, Ettore. Você e Benjamin têm se saído muito bem sem mim até agora. E eu estou certa de que podem continuar assim após nos casarmos.

Ettore exasperou-se. A mulher que pretendia tornar sua esposa era demasiado teimosa. Bela, mais cabeça dura. Desejável, porém obstinada. Leal à própria família, mas, ainda assim, inflexível.

— Discutiremos esse assunto após nos casarmos — concedeu ele, a contragosto.

— Discutiremos esse assunto agora! — insistiu Blanche. — Nunca serei uma esposa convencional, do lar. Eu não me adaptaria, nem me perdoaria se fosse esse tipo de mulher.

— Ser esposa de um empresário têm lá o seu trabalho caritativo.

— Isso não é o suficiente, Ettore. Não somos um casal, não vou depender de você eternamente, mon amour. — afirmou ela.

— E Benjamin?

— Benjamin, como você me informou essa manhã, continuará a ser cuidado pela extremamente competente Daniele!

— Então encontrarei outro emprego para Daniele. — rebateu ele, exasperado.

— Vai perder seu tempo, Ettore. Eu sou uma esposa, não sua escrava. — rebateu Blanche, pacientemente.

Ettore estava absolutamente determinado a não permitir que Blanche continuasse a trabalhar na D'auvergne Publishing após o casamento de ambos. Viajava constantemente a trabalho e pretendia que ela e Benjamim o acompanhassem. Algo que Blanche não seria capaz de fazer se ainda estivesse trabalhando com o pai.

E até onde sabia, aquele assunto não estava aberto a discussões.

Blanche o fitou sob os cílios longos, imaginando se Ettore tinha noção de que acabara de lhe dar exatamente o que desejava. Ser capaz de tomar conta de Benjamin sozinha.

— Você não vai trabalhar como agora depois de nos casarmos, e isso nunca entrou em discussão.

— Isso não é negociável como tudo que você faz parecer ser? — questionou ela, com pretensa impaciência.

— Absolutamente não! — assegurou Ettore.

— Parece-me mais uma coisa com a qual terei de me conformar, talvez queira me marcar a ferro, como um gado da sua criação. — Blanche provocou-o. — Agora tenho de partir, Mí Amor. — afirmou, antes de girar e desaparecer no corredor em direção ao quarto que ocupava para pegar seus pertences.

Blanche sorria quando fechou a porta do quarto. Um sorriso sonhador e extasiado ante ao pensamento de tomar conta do já tão amado bebê sozinha, todos os dias.

O bebê que não podera ter, e que agora as circunstâncias lhe permitiam sentir o amor de alguém que dependesse inteiramente de seus cuidados, e que sempre sonhara ter. Alguém que poderia amar como se fosse seu, e devotar todo seu cuidado.

Sentiu lágrimas enchendo-lhe os olhos, tão atordoada estava com os seus sentimentos. Na verdade, podia quase amar Ettore naquele momento, por ter lhe dado algo que tanto desejava!

Amar Ettore?

Não, nunca poderia devotar tal sentimento a um homem tão arrogante e

autocrático.

Desejo físico, sim.

Mas amor? Jamais. 

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