Capítulo Um

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— A mulher que está com Oswald D'auvergne, sabe quem é? — exigiu Ettore num tom de voz firme.

— Como? — Anatolle Leblanc, seu sócio, carranqueou confuso.

A boca de Ettore Montalbán De La Guardia se contraiu enquanto ele esperava a resposta, impaciente. Afinal, apesar de se encontrarem em um jantar de caridade, os dois homens estavam em meio a uma conversa de negócios, quando algo chamou a atenção de Ettore.

Havia sido atraído pela figura da deslumbrante mulher que acompanhava Oswald D'auvergne, seu maior inimigo!

Ettore esboçou um sorriso que exibiu a brancura plena de seus dentes de encontro à pele morena, mas que não lhe alcançou a escuridão dos olhos azuis. Estava furioso e, tendo aprendido a odiar nos últimos meses tudo que se referia a família D'auvergne, não era de se admirar que se sentisse atraído sobre tudo que dizia respeito àquela maldita raça.

— Desejo saber apenas quem é a bela acompanhante de Oswald D'auvergne. — disse mais calmo, o tom deliberadamente neutro, embora o olhar profundo permanecesse fixo no casal.

Oswald D'auvergne era um homem na casa dos sessenta, tinha cabelos grisalhos e ainda aparentava ser bastante atraente. Era incrível como em um salão repleto de belas mulheres, ostentando jóias resplandecentes, trajando modelos de estilistas famosos e homens elegantemente vestidos, a beldade alta e graciosa ao lado do CEO miliónario de meia idade ainda conseguia se sobressair.

Os brilhantes cabelos cor de mel caíam em ondas ao longo das costas delicadas e os olhos, mesmo àquela distância, aparentavam ser de um profundo tom âmbar. Parecia possuir a delicadeza de uma fada e a altivez de uma rainha. E foi preciso manter o controle enquanto a observava. A mulher parecia rir de algo que Oswald D'auvergne dissera. E a pele da jovem remetia a magnólia cremosa, alva e levemente bronzeada. Já a boca carnuda tingida de vermelho era uma tentação, o pescoço esguio e liso e a elevação dos seios era visível acima do vestido branco esvoaçante que ela usava, que não lhe ocultava a perfeição das curvas atraentes.

Uma das mãos esbeltas, que sem dúvida poderiam provocar carícias enlouquecedoras, descansava possessiva no braço do seu acompanhante e Ettore se viu rangendo os dentes por causa do ar de intimidade, de exclusividade que cercava o casal, apesar da grande diferença de idade entre os dois.

— Belissíma, não é? — Anatolle Leblanc murmurou num tom apreciativo. — Apaixonante, mas não está disponível. — acrescentou pesaroso.

D'auvergne tem direitos exclusivos, você quer dizer? — questionou Ettore, tensionando a mandíbula só de pensar em toda aquela beleza sensual sendo desperdiçada com Oswald D'auvergne.

— Nem todos — disse Anatolle bem-humorado. — A senhorita em questão é Blanche Leroy D'auvergne, a filha de Oswald e Carmem Leroy D'auvergne. — explicou, quando Ettore o fitou inexpressivamente durante vários segundos.

Blanche Leroy D'auvergne.

A filha de Oswald D'auvergne? E não a amante que ele imaginara. Não a amante que, após fitá-lo com interesse, Ettore ficaria feliz em seduzir e tomar de seu velho acompanhante.

Nos últimos três meses dedicou-se a coletar todas as informações possíveis sobre Oswald, desejando saber tudo a respeito do seu arqui-inimigo. Incluiu tudo, desde o rombo em sua conta bancária provocado pelo filho, até o tamanho da sua camisa. Desejava arruiná-lo, como seu filho havia arruinado sua família.

Sua filha, Blanche Leroy D'auvergne, não havia sido incluída naquela investigação, é claro. Sabia apenas da existência de uma filha casada e, como tal, era de pouco e real interesse.

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