Capítulo Três

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— Eu prefiro ficar de pé, obrigada! — informou com dignidade. — E, para ser sincera, sua presença me desagrada muito. Eu gostaria que o senhor saísse agora. É evidente que está sofrendo, obviamente, de algum distúrbio mental. E você achar que eu vou me casar com alguém como você, é o menor dos absurdos desde que você entrou por aquela porta.

— Eu posso lhe assegurar que não estou sofrendo de qualquer distúrbio no que se refere a você, Blanche. —  rebateu Ettore com um riso desprovido de humor. —  Você é apenas a rebelde e mimada filha de um homem excessivamente tolerante que não tem controle sobre os filhos. Se há alguém aqui que aparenta ser o que não é, esta pessoa é você, D'auvergne. Não passa de uma socialite acostumada com os privilégios da nobreza, com a imagem projetada nas colunas sociais e os luxos que o dinheiro dos seus amantes podem lhe pagar. Então, que mal há em se casar com alguém como eu, D'auvergne?

— Por favor, retire-se! — disparou ela num tom vigoroso.

—  Você é a irmã do homem responsável por matar minha irmã caçula! — continuou Ettore Montalbán De La Guardia furioso. — Precisa de mais motivos, cariño? Eu lhe asseguro que tenho vários.

Blanche encarou-o, estava visivelmente descontrolada, os olhos âmbar pareciam duas nódoas negras profundas em uma face repentinamente branca.

Ettore Montalbán De La Guardia...

Não podia ser ele. Respirou profundamente, levando as mãos trêmulas pelo nervosismo entre os cabelos, desalinhando-os, enquanto tentava em vão aliviar os sintomas de uma súbita enxaqueca.

Deu as costas para Ettore, caminhando lentamente até a janela. Precisava de ar e a energia de ódio que emanava de Ettore a sufocava. Bem que achara que aquele nome lhe soara familiar um mês atrás. Mas quando o pai explicou que ele era o multimilionário Ettore Montalbán De La Guardia, imaginou ser esse o motivo: apenas negócios.

Mas agora se lembrava.

Agora sabia!

O carro em que seu irmão, Bryan, colidiu com outro veículo, quando ele morreu tragicamente em Mônaco três meses atrás. E o motorista do outro veículo que também morreu, era uma jovem chamada Elora Montalbán De La Guardia.

A irmã de Ettore?

Os últimos quatro meses haviam sido uma época muito traumática para todos eles. No entanto, tinha certeza de que, quando o pai se recuperara o suficiente, enviara uma carta de condolências à família de Elora Montalbán De La Guardia.

Uma carta de condolências para Ettore? Ela sacudiu a cabeça.

— Eu não fazia ideia que era você. Mas, como meu pai escreveu na ocasião, nós sentimos muito pela sua perda, Ettore, bem como nós sentimos a do meu irmão.

— Eu não quero as suas condolências! — respondeu ríspido e ergueu-se, dominando o recinto mais uma vez com sua presença poderosa, enquanto a fitava com os olhos faiscando. — Por favor, isso chega a ser ridículo mesmo para você, Blanche Leroy D'auvergne. Pois as condolências não podem trazer minha irmã de volta.

— Nem o meu irmão Bryan! Não queira diminuir a minha dor, Ettore. Eu também perdi alguém que eu amava muito. — lembrou-o Blanche com o queixo erguido em desafio. — Uma parte do meu coração se foi com ele, quando ele caiu naquele precipício.

O pai jamais mencionou se havia ou não recebido qualquer resposta a sua carta, embora pelo comportamento de Ettore Montalbán De La Guardia no momento, não fosse difícil concluir que não!

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