Capítulo Treze

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Blanche acordou com uma sensação de completa desorientação. Levou alguns segundos para perceber onde estava, e mais algum tempo para atinar a razão pela qual havia acordado tão repentinamente.

O céu ainda estava escuro e era obvio que ainda era noite. Sendo assim, não entendia o que... E então, ouviu outra vez o som fraco e incomum de um bebê.

Benjamin!

Blanche se deteve na cama por mais alguns minutos, escutando o som que se repetiu por mais duas vezes e imaginando se a babá havia acordado e ido ao encontro da criança ou se Benjamin estava sozinho. Não faria nenhum mal se fosse verificar, faria?

Vestiu o robe de seda sobre a lingerie, não se importando em colocar os sapatos. Seguiu pelo corredor com os pés descalços e escutou do lado de fora da porta do quarto da criança. Ele parecia mais balbuciar consigo mesmo no momento, do que estar chorando, o que era uma vantagem, embora não soubesse se estava sozinho ou não.

Não ouvia o som de outra voz, mas talvez Daniele estivesse calada para que o menino pegasse no sono.

Blanche abriu a porta do aposento em silêncio, antes de perscrutar o interior e notar o ambiente iluminado por uma única lâmpada fraca ligada à parede. Benjamin se encontrava sozinho, deitado no berço. Os grandes olhos azuis, tão semelhantes aos do tio, iluminando-se, quando avistou Blanche à porta. De imediato, iniciou uma murmuração incoerente que apenas ele compreendia.

— Calma, meu amor... Desse jeito você vai acordar a todos! — sussurrou Blanche, adentrando o quarto da criança e fechando a porta atrás de si, antes de se postar ao lado do berço de Benjamin. — Não está conseguindo dormir, rapazinho? — Ela sorriu e sentiu o coração dar uma cambalhota no peito, quando o bebê abriu um largo sorriso, caindo sentado sobre a coberta enquanto erguia os braços para pedir colo.

Blanche não estava certa se deveria pegá-lo ou não, mas Benjamin parecia bastante desperto e duvidava que ele se deitasse e voltasse a dormir agora que não estava mais sozinho. Porém, Ettore podia não aprovar que tirasse a criança do berço no meio da noite.


Quando se casasse com Ettore, Benjamin também seria seu filho, e se tivesse vontade de segurá-lo nos braços no meio da noite, assim o faria, droga!


E queria muito segurar o menino. Sentir o calor do pequenino corpo contra o dela mais uma vez. Acalentá-lo, já que nunca poderia fazê-lo com um filho seu.

Acalentá-lo era uma sensação tão agradável, percebeu com uma pontada de dor, enquanto erguia Benjamin nos braços e caminhava em direção a uma cadeira, onde se sentou com o bebê aninhado no colo. Roçou a face no pescoço macio, inspirando a fragrância do sabonete infantil.

Benjamin soltou uma risadinha, quando sentiu a respiração quente contra a pele. Um riso de puro deleite, enquanto movia as pequeninas mãos.

O coração de Blanche pareceu derreter. Lágrimas involuntárias lhe banharam os olhos ao se sentir mais apaixonada por aquela pequena criatura do que nunca.

E se... quando se casasse com Ettore, Benjamin também iria lhe pertencer. E nada mais poderia separá-la de seu bebê. Do filho que a vida lhe dera, depois de ter o próprio filho arrancado de si.

No momento, Benjamin lhe tocava os cabelos, parecendo fascinado com ao brilho dourado dos fios castanhos, enquanto os enrolava em volta dos dedos, com facilidade, sentado nos joelhos de Blanche e falando na linguagem que só ele compreendia.

Blanche não tinha ideia do tempo que permaneceu sentada com a criança no colo, brincando, conversando e o fazendo rir, quando lhe soprava delicadamente o pescoço sensível. O tempo não importava. Não queria soltar o bebê e se emocionou quando ele se cansou e adormeceu em seus braços. Os dedinhos ainda lhe segurando firme uma mecha de cabelos.


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