Capítulo Vinte e Um

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Ettore estacou, imóvel e silencioso à porta do quarto de Benjamin, paralisado com a cena que se desenrolava diante de seus olhos.

A luz tênue do quarto de criança estava acesa, mas Benjamin não estava no berço como deveria às 22 horas. Em vez disso, encontrava-se adormecido e aninhado nos braços de Blanche, que estava sentada na poltrona de amamentação, também adormecida.

Benjamin estava dormindo tranquilamente nos braços de Blanche!

Aquilo era inusitado. A última coisa que Ettore esperava encontrar após descobrir ao telefone que Blanche ainda estava no hotel. Encontrava-se parado à porta do quarto do bebê há pelo menos trinta minutos, observando os dois.

Blanche não se importava muito com o filho dele. Constava na documentação de seu divórcio que o ex-marido havia pedido o divórcio pelo fato de Blanche tentar adiar a gravidez que ele tanto desejava. E ainda assim, lá estava ela, aninhando Benjamin tão ternamente como se a criança fosse feita de porcelana.

Ettore não sabia o que fazer. Não tinha ideia de como aquilo acontecera.

Seus negócios pessoais com o primo estavam concluídos, mas, ao que se referia ao que havia ido investigar sobre o passado de Blanche, ainda era tudo um amontoado de dúvidas.

Decidira voar de volta para a Ville de France aquela noite, em vez de permanecer na cidade até o dia seguinte. Porém, quando telefonou para Blanche para lhe comunicar sua mudança de planos, Oswald lhe dissera que ela ainda estava no Cassino.

Certo de que seria impossível Blanche ainda estar lá com Daniele e Benjamin, Ettore sequer se incomodou em telefonar para conferir. Seus pensamentos haviam sido os mais sombrios durante o voo de retorno para casa, imaginando o que ela ainda fazia no hotel, onde seu primo Lorenzo ainda estava hospedado e talvez...

Havia uma grande possibilidade, racionalizou Ettore, de os dois terem se encontrado por acaso, enquanto Blanche estivesse no hotel e também perfeitamente factível, conhecendo Lorenzo, que o primo quisesse tirar vantagem do encontro inesperado para convidá-la para jantar!

Exceto pelo fato de Lorenzo não ter feito aquilo, já que Blanche estivera em sua suíte durante todo o tempo... enquanto ele fazia tão sombrias conjecturas.

Quem realmente era aquela mulher?

Não conseguia sequer entender por que Blanche permanecera ali nas últimas sete horas, ainda mais compreender por que motivo se encontrava no quarto de Benjamin segurando-o como se não quisesse deixá-lo nunca mais.

Girou para se afastar, pretendendo não acordá-los e precisando de um drinque após o dia cheio que tivera. Necessitando de tempo e espaço para tentar desvendar o mistério de Blanche e Benjamin.

— Ettore?

Ele girou ao som da voz de Blanche. A expressão fechada, enquanto erguia as sobrancelhas.

Blanche o fitava, sentindo um frio no estômago quando vislumbrou mil questionamentos nos olhos azuis de Ettore.

E todos eles deviam ter ligação com o fato de ela se encontrar no quarto de Benjamin, segurando-o enquanto dormia.

Evitando o olhar questionador de Ettore, ergueu-se com cuidado sem acordar a criança.

— Deixe-me colocá-lo de volta ao berço e logo estarei com você — disse em tom suave, enquanto se dirigia ao berço e acomodava a criança, colocando o urso de pelúcia ao lado dele, antes de cobri-lo com o edredom. Ergueu-se, lentamente. — Suponho...

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