Capítulo Dezesseis

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— Daniele me informou que deseja retornar para Madrid, quando voltarmos de nossa lua de mel.

Blanche franziu o cenho, fitando Ettore mais tarde aquela noite, enquanto o acomodava na sala de estar da casa que dividia com o pai durante aqueles últimos meses.

— Já falou com ela? — Blanche escarneceu. — Você tem um jeito muito peculiar e direto de lidar com seus problemas, não é mesmo, Ettore?

— Na verdade... não — admitiu Ettore, pesaroso. — Foi ela que falou comigo. A decisão, aparentemente, veio depois de nossa breve discussão, D'auvergne. Você a fez se sentir uma inútil naquela casa, está satisfeita?

— Disse lua de mel? — questionou Blanche, quando por fim registrou aquela parte do comentário que ele fizera há pouco, ignorando todo o resto.

Ettore riu.

— Trata-se de uma tradição após a cerimônia de casamento, não? — retrucou ele, cínico.

Talvez fosse, mas o casamento deles estava longe de ser tradicional, não?

Blanche meneou a cabeça.

— Sinceramente, acho que não há necessidade de levarmos este fiasco tão longe...

— Necessário ou não, esperarão que o façamos. — interrompeu-a Ettore, em tom firme.

Blanche fez uma careta.

— Quem esperará?

— Seu pai, por exemplo. Pensei que ele estivesse presente esta noite... — Ettore franziu o cenho ante à constatação da ausência de Oswald D'auvergne.

Aquele fora um dia longo e estafante para ele até o momento. As reuniões haviam sido mais longas do que havia imaginado. Durante as quais, os pensamentos se voltavam a Blanche com mais frequência do que desejava.

Naquela noite, Blanche estava mais uma vez deslumbrante. O vestido preto combinava com perfeição com as nuances cor de mel de sua pele e cabelos, que lhe caíam em cascata sobre os ombros. O traje deixava à mostra os braços e as pernas esguias, que tinham uma aparência sedosa por causa das cintas-liga, que Blanche preferia às pouco atraentes meias-calças que muitas mulheres de sua posição na sociedade usavam, e que na opinião de Ettore eram desprovidas de sensualidade, um traço ainda mantido da época em que ainda fazia parte da Realeza britânica. Várias vezes naquele dia, descobriu a mente vaguear em pensamentos sobre aquelas pernas longas e as cintas-liga de seda. A suavidade das coxas expostas na extremidade daquele item sensual da indumentária feminina, a sedosidade do monte de vênus entre as pernas que adorara acariciar e o sabor incomparável que sentiu quando lhe sugava e a levara ao ápice do prazer em seus braços.

Pensamentos que até mesmo naquele momento lhe faziam o corpo enrijecer de desejo.

Portanto, sim, pretendia levar Blanche em lua de mel.

Queria estar a sós com ela em algum lugar por pelo menos uma semana para que pudessem explorar os prazeres sensuais juntos. Uma semana em que ela fosse inteiramente dele.

— Meu pai teve de se retirar para atender a um telefonema em seu escritório, mas deverá voltar em alguns minutos — desculpou-se. — Gostaria de um drinque enquanto espera? — ofereceu, indicando a fila de bebidas armazenadas em garrafas de vidros lapidados no aparador ao lado.

Tudo que Ettore desejava era pôr um fim em tudo aquilo e ficar sozinho com Blanche para que pudessem ficar juntos novamente, como naquela manhã!

— Um uísque, por favor — aceitou ele, movendo-se para se sentar em uma das poltronas e observar Blanche através da cortina de cílios escuros enquanto ela lhe servia com destreza uma dose da bebida alcoólica.

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