Capítulo Dez

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Andrew preparou uma dose do uísque da garrafa de cristal de seu escritório, na mansão da família em Mônaco.


Ele fez o líquido rodar no copo e se recostou na poltrona, olhando pelas amplas janelas que davam para o Mediterrâneo. Os raios solares refletiam sobre o mar azul cobalto. A cena poderia simplesmente reproduzir os quadros que os turistas amavam comprar nessas viagens. A vida acontecendo sob seus olhos. O branco da areia refletindo as ondas de calor sobre os turistas com suas câmeras, os jogadores e os recém-casados, todos muito bêbados e felizes.


Andrew tomou um gole do uísque. O sabor normalmente suave parecia sem gosto. Olhando para o líquido de cor âmbar, colocou o copo sobre a mesa e acomodou a cabeça entre as mãos.


Finalmente ele entendia.


Andrew trincou os maxilares. Droga, como ela poderia ter feito aquilo com ele?


Blanche era dele!


Furioso, levantou-se da poltrona e caminhou pelo escritório, indo até a parede oposta, em que havia um quadro de seu casamento com Blanche. Sua vida estava um inferno, e ela era a culpada. Encostando-se no quadro, observou-a atentamente.


O amor havia feito dele um tolo.


Seus olhos se fixaram em Blanche, mirando-a com ódio. E estava tão absorto em seus pensamentos que não percebeu a presença de seu mordomo atrás de si.


A voz firme do mordomo despertou-lhe de seu torpor, e ele se virou para encará-lo.


Ele chegou, senhor. — disse o mordomo.


— Ótimo! Eu irei em um minuto.


Depois que o mordomo saiu, deixando-o sozinho no escritório, continuou a observar a fotografia da ex-mulher, sabendo que jamais facilitaria as coisas para ela ou para qualquer um que se aproximasse dela.


(...)



— Você jantou com quem ontem à noite, Blanche? — perguntou Oswald incrédulo, enquanto se sentava à mesa para o desjejum na manhã seguinte.


— Papai, eu sei que não há nada de errado com sua audição. E estou certa de que me ouviu da primeira vez. — Blanche ergueu as sobrancelhas, o antebraço descansando sobre a mesa e uma xícara de café nas mãos.


Embora não tivesse jantado exatamente com Ettore ou pelo menos ambos não haviam terminado de comer, reconheceu pesarosa, ainda embaraçada ao lembrar os minutos passados nos braços daquele homem na noite anterior.


Jamais aconteceu tal coisa. O lado físico do seu casamento com Andrew tinha sido bastante satisfatório no começo. Mas quando descobriu sua primeira traição, todo amor que um dia acreditou ter sentido por ele, desapareceu. E em seu lugar, ficou só o ódio, o asco. Mas estava casada com um membro da realeza britânica, o que lhe impedia de agir como desejasse, sem maiores consequências.

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