Capítulo 12

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— Vira e mexe você pergunta sobre o príncipe — Phil, o chefe da segurança do castelo, ressaltou desconfiado. Não era a primeira vez que eu perguntava por onde Albert andava, mas eu não pensei que estivesse dando tanto na cara meu interesse.

— É só pra saber... Faz tempo que não o vejo por aqui... — precisamente umas duas semanas.

— Está em missão de paz em países vizinhos — ele respondeu friamente, enquanto abocanhava um sanduíche. — Você precisa ser mais discreta.

Phil era um verdadeiro armário; branco, loiro, forte e ex-lutador de box. Apesar do seu tamanho amedrontador, ele era gentil e vinha se mostrando uma ótima companhia, além de saber tudo sobre Albert.

— Discreta? — perguntei sem entender. — Não estou perguntando nada de mais... Credo.

— Sei... — ele riu.

Já fazia um mês e uma semana que eu estava ali, vivendo da minha dedicação aos estudos e ao trabalho de meio período, curiosa por saber mais sobre a família real. Graças a Deus, o rei e a rainha pouco ficavam no palácio, quase sempre em viagens internacionais, Albert era o que mais aparecia, o que era de se esperar, já que Max ficava sempre com as babás. Pobre criança rica.

Minhas andanças pela propriedade acabaram me fazendo conhecer quase todos os trabalhadores dali. E olha que não eram poucos, mas depois de um mês eu já sabia o nome de cada funcionário, e passava horas conversando com cada um. Minha tia era muito dedicada, amava o trabalho. E para minha alegria, quando a família real estava fora, eu entrava em cena com minhas receitas especiais de bolos, doces e guloseimas. Eu, uma advogada formada na USP, com Doutorado, larguei tudo para viver de um doce sonho. Para recomeçar. Depois de um período bem obscuro em minha vida, percebi que ela era curta demais para fazer algo que não me dava prazer.

— Lia! Quando você vai fazer aquele brigadeiro com morango? — a assessora de Albert chegava e por algum estranho motivo, fiquei imensamente feliz.

— Ué? — olhei em dúvida. — Os batedores vieram com vocês? — perguntei sondando.

— Vim só — Amélia, uma senhora de uns 40 anos, muito bem vestida e elegante, sorriu. — Albert me pediu para buscar Max com as babás, parece que ele vai demorar um pouco mais nessa viagem e não quer ficar longe do filho.

— Ah...

A decepção foi tão grande que nitidamente não tive como disfarçar.

— Não estamos na época de morango — me apressei em dizer para mudar o foco da conversa. — Mas assim que estivermos, faço e guardo pra você.

Saí da cozinha confusa. Era algo natural que eu me interessasse por Albert. Que mulher não se sentiria atraída por ele? Entretanto, ele era alguém muito, muito distante, e eu devia me preocupar em deixar Brian se aproximar de mim. Fazia tanto tempo que meu coração adormecera que já nem conseguia identificar meus próprios sentimentos.

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Carla tinha o costume de passar no palácio. Sua esperança de ver o príncipe era quase igual a minha.

— Sabe que ainda não acredito que você mora dentro do palácio? — disse se jogando em minha cama. Sem a rainha ali, eu podia levar visitas, desde que não abusasse.

— Pois é... — eu fazia as unhas dos pés. — Mas não moro no palácio... Moro dentro do terreno do palácio.

— Tanto faz! Você é vizinha da família real...

— Grande coisa.

— Ai, quanto mau humor! — ela olhava pela minha janela a imensidão dos jardins. — Parece um conto de fadas. Só falta você se apaixonar pelo príncipe e ele se apaixonar por você.

Um Amor de RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora