Capítulo 30

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PALAVRA DA AUTORA

Como vão queridos leitores? Desculpem o atraso. Era para eu ter postado mais cedo. Para compensar, vou fazer como semana passada, postar quatro capítulos de uma vez. Nossa história está perto do fim, e isso doí no meu coração. Albert, Lia, e cia, estão gritando para que eu continue narrando suas histórias de vida, mas vamos ver. O que acham? Eu preparei duas surpresinhas singelas para vocês. Só não sei como compartilhar. Fiz dois Wallpapers inspirados no livro. Logo deixo um link para quem quiser baixar.  Espero que curtam e não deixem de comentar, por favor. É muito importante um feedback de vocês.

Por enquanto é isso.

Beijos no coração de cada um. Lilo

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Manhã de uma segunda-feira.

Correndo, como quase sempre, em cima da hora para o curso, e bastante preocupada com a prova que eu teria logo mais, me dei conta de como sentia falta de Brian. Ele era um bom amigo, e eu só pensava que era uma pena ele não entender que nossa amizade valia mais que tudo, e talvez fosse uma pena eu não amá-lo mais do que como a um amigo.

 — Brian? — a aula tinha acabado e eu o seguia pelo corredor. — Brian?!

Se fazendo de difícil, ele fingia não me ouvir.

— Professor! — chamei alto, levando alguns alunos que passavam a nos olharem. — Preciso da sua ajuda.

Ciente de que não poderia negar ajuda a uma aluna, Brian se virou. Nos olhos uma gotinha de remorso, no rosto uma gotinha de tristeza.

— O que foi, Lia? — perguntou da forma mais ríspida possível.

— Qual é? — levei as mãos à cintura — Você é meu amigo. Não devia ficar com essa bronca toda.

— Bronca? — ele se aproximou, obviamente querendo falar baixinho. — Você me deu o fora, lembra?

— Ah... Então você só era meu amigo pra me pegar? — estreitei os olhos. — Porque se eu não quero ficar com você como mulher, como amiga...

— Não é isso que eu quero dizer... — ele começou tentando se explicar.

— Mas é isso o que eu vejo — bati o pé. — Um meninão mimado que não sabe receber um não!

— Você me usou! — ele enfatizou.

— E você me usou também... Estamos quites — estendi a mão para ele. — Agora que chegamos a essa conclusão, podemos voltar a pelo menos nos falar?

Brian olhou para minha mão estendida, ainda pensando no que fazer.

— Tá bom — por fim cedeu. — Não adianta mesmo ficar sem falar com você...

— Viu!

— Você é terrível — ele retrucou me dando as costas.

— E Brian... — ele parou. — Nada de sexo, ok!

Eu falei baixinho e ri. Brian sequer se virou. Não queria que as coisas entre nós continuassem tão bagunçadas. Eu o amava e o admirava de uma forma muito pura, tudo bem que depois do que havia acontecido nada mais poderia ser puro, reconheço, mas levo em consideração o quão frágil estava aquele dia e o quanto precisava de um alento.

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Numa quinta-feira, faltando duas semanas para o tal baile que haviam comentado, notei minha tia um pouco apática, entristecida.

— Já tem vestido pro baile? — ela perguntou enquanto eu me trocava, visivelmente disfarçando uma latente preocupação.

— Vou ver alguma coisa com a Carla... — respondi a olhando pelo canto do olho. — A senhora parece preocupada.

— Humm... — ela se virou, querendo fugir do meu olhar. — Lia...

— Tia, a senhora tem algo a me dizer?

Ela se sentou perto de mim. Os grandes olhos castanhos vermelhos.

— Lia... As coisas não estão nada bem para a família real.

Me virei para ela, sentindo o coração palpitar.

— Como assim?

— Os reis foram exilados.

Eu não podia imaginar que a situação da qual Albert falara tivesse tomado proporções tão grandes. Completamente sem chão, pensei em como ele e Max estariam e principalmente onde estariam.

— Como? Por quê? — me sentei, sentindo as pernas fraquejarem.

— Eu não sei ao certo... — ela voltou a dizer com a voz embargada. — Tem algo a ver com o primeiro-ministro.

— E o Albert? — fui enfática em perguntar.

— Ele está viajando — ela respondeu. — Max foi com as babás, hoje pela manhã, para a residência da praia.

— Mas podem expatriar um rei e uma rainha assim? — definitivamente eu precisava reforçar meus estudos sobre história e política.

— Os reis foram enviados para a França... — ela continuou. — Ninguém sabe disso ainda. Só nós do palácio.

— E o que vai acontecer agora? — perguntei completamente perdida.

Minha tia não conseguiu segurar as lágrimas. Chorava como uma criança, pois sem os reis, seu próprio futuro ficava completamente incerto, assim como o de toda a nação.

— Não sei, Lia... Não sei mesmo — fungou. — Agora é esperar que Albert retorne e possa tomar alguma providência.

Me lembrei de tudo o que eu e ele tínhamos conversado, das suas preocupações e medos. Certamente Albert já sabia do ocorrido, entretanto, com certeza estava preso aos seus afazeres e protocolos.

— Ele deve estar tão preocupado — falei baixinho.

— Ah... Lia... — ela me abraçou. — Não sei o que vai acontecer com a gente. Talvez seja mais prudente você voltar para o Brasil.

— Não, tia... — logo respondi. — Não posso deixar a senhora...

— E deixá-lo, não é? — ela segurou com carinho meu rosto. — Está nos seus olhos, minha querida. O amor que você sente não consegue passar despercebido. Até a rainha já notou.

Corei. De verdade, me vi novamente sem chão.

— Está tão claro assim?

— Uhum... — ela acenou com a cabeça. — Muito claro.

— Que droga... — praguejei envergonhada.

— Não tenha vergonha — ela me abraçou de novo. — Pedi que você mantivesse distância de Albert por saber o quanto seu coração estava ferido... Só não queria ver você sofrendo mais.

— Eu sei, tia... Talvez, mesmo que seja uma possibilidade remota, ele possa me ajudar a curá-lo.

— Vejo que você descobriu como lidar com isso... E não posso pedir que mande em seu coração.

— Mas tia, o que faremos? — tornei a perguntar, preocupada e mudando de assunto.

— Esperar... Por enquanto é tudo o que nos resta.

Um Amor de RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora