Capítulo 33

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PALAVRA DA ESCRITORA

Falta tão pouco agora. Snif... O que estão achando? Vou postar - tentarei ainda hoje ou durante a semana - mostrar para vocês a capa "oficial" que eu fiz para a nossa história. Só não a usei, pois ainda não pude comprar as imagens com que a construí, mas vou mostrar sim. 

Beijos. Lilo

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Assim, naquela mesma noite, seguimos até uma belíssima propriedade de campo. O rei e a rainha não estavam lá, sendo a casa somente nossa e do bebê Max. Tínhamos algumas pessoas de confiança da família real que trabalhavam e cuidavam do casarão. Era um lugar cercado por montanhas, rodeado por uma floresta bela de árvores frutíferas e altas, com um clima gelado por conta do vento refém do vale. Havia um lago também (vi do helicóptero). E o casarão era enorme se comparado a qualquer outro imóvel que eu já tinha visto.

— Vamos ficar por em tempinho aqui, Max. Que tal? Gostou da sua nova casa?

Minha tia ainda tentava entender as razões de Albert ter pedido para que nós trouxéssemos o bebê, ainda mais levando em conta que estávamos sem as babás, e era claro que ela já havia percebido o clima que pairava sobre nós dois, acredito até que muitos dos profissionais do palácio já tinham notado, mas ainda assim, eu preferia tocar no assunto em um momento oportuno.

— Os caseiros moram numa casinha aqui perto... — ela disse se sentindo à vontade. — O quarto do Max é lá em cima. Podemos ficar com os quartos de hóspedes — ela trazia na mão uma mala pesada.

— Vou ficar no mesmo quarto que ele. — falei olhando para a criança.

— Com licença — um homem robusto, baixinho e vermelho nos saudou. — Lia, Francisca?

Eu e ela nos olhamos. Por um segundo fiquei sem saber como agir, então:

— Casilhas! — minha tia se virou para ele e o abraçou. — Meu grande amigo...

— Chica! — ele tinha uma voz alta e poderosa. — Quanto tempo não vejo você por essas terras...

— Faz tempo mesmo. Faz tempo que a rainha não aparece por aqui...

— Cá entre nós, aquela mulher não gosta do clima frio das montanhas — e ele riu com força. — Sabe que quando Albert nos contatou, achei que ele vinha junto... Aquele pirralho.

— Lia, esse é Casilhas — estendi a mão ainda com Max nos braços. — Caseiro e amigo de longa data.

— Eu trabalhava com a sua tia no palácio... — seu sotaque interiorano chegava a ser engraçado. — Mas aí adoeci dos pulmões e o rei me enviou para cá... Nunca mais senti nada.

— Que bom — sorri.

— E o pequeno nobre veio junto... — ele olhou para Max, que retribuiu o sorriso. — A mãe desse menino gostava de ficar aqui... E a tia dele então? Vinha pra cá ouvir música alta e acampar com os amigos quase todos os finais de semana.

— Velhos tempos... — minha tia bateu nas costas dele. — E Armênia... seus filhos?

— Todos trabalhando no campo... Vocês chegaram cedo — ele tirou a touca de lã do bolso de trás. — Vou pedir pra mulher e as filhas darem um pulinho aqui. Ainda lembra onde ficam os quartos, né?

— Claro, seu velhote — dona Francisca riu. — Vamos, Lia...

 Ao entrarmos no casarão, não pude parar de pensar em como uma única família conseguia administrar tudo aquilo. Apesar de visivelmente velho, sua decoração era rústica e ao mesmo tempo com um toque vintage que lhe conferia um ar até um pouco moderno. A sutileza e o luxo nos detalhes é que faziam toda a diferença.

— Como eles cuidam sozinhos disso tudo? — perguntei admirando a beleza singular do lugar.

— Eles só administram o imóvel e tomam conta para que tudo esteja sempre em ordem, caso alguém da família real venha pra cá. Temos profissionais de limpeza e jardim que passam aqui semanalmente para fazer o trabalho mais pesado. A casa em si fica quase sempre fechada.

— Parece aqueles casarões de cinema. Lindo! — suspirei.

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— Já achou seu cantinho? — minha tia riu, batendo na porta aberta.

— Ele está tão cansado — eu olhava Max bocejar. — A senhora parece que conhece muito bem Casilhas... — Me virei para ela.

— Ah, meu amor, eu vinha aqui com frequência quando Albert era mais novo. Esse homem teve uma participação crucial na vida daquele rapaz... Se Albert é o que é hoje, tenha certeza de que é graças ao que Casilhas e sua família fizeram por ele.

— Ele parece ter sofrido muito... — falei com pesar me referindo ao príncipe.

— Pais ausentes, Lia... Muito ausentes e preocupados com o povo — ela se sentou ao meu lado. — Albert deve muito a eles e confia plenamente nessa família... Assim como confia em você.

Seus olhos complacentes estavam loucos por uma explicação, uma palavra que elucidasse o que acontecia entre o príncipe e eu.

— Sabe tia, nós nos envolvemos... — disse por fim, extremamente feliz, mas deixando as palavras morrerem ao sair de meus lábios, devido o receio com que dona Francisca fosse receber a notícia. — De todas as formas...

Minha tia se levantou contrariada.

— Olhe, minha Lia, você já é adulta... Passou por mais coisas do que imaginaria poder suportar. Enfrentou uma perda muito grande e agora está aos poucos superando... — ela parou respirando fundo. — Conheço Albert há muitos anos, posso dizer que acompanhei cada namoro, cada possível noivado, cada flerte até chegar à finada Sophie. Houve uma época em que ele era um verdadeiro inconsequente, desses bem cafajestes mesmo. — me admirei com essa nova informação, pois nem de longe o Albert que eu conheci lembrava um homem assim. — Hoje, depois da morte de sua esposa, ninguém fala nisso, mesmo porque de toda forma ele sempre foi adorado pelo seu povo. Por isso tenho lá minhas razões para estar reticente quanto aos seus sentimentos. Mas devo admitir que até seus olhos, de uns tempos pra cá, voltaram a brilhar apaixonados. — assenti com uma pitada de emoção tomando conta de mim. — E sei também que se você foi tão longe é por achar que vale a pena...

— Sim... — acenei. — Ele me completa tia. Sei que pode parecer clichê, mas quando estamos juntos, parece que estou vivendo meu conto de fadas, com meu príncipe, literalmente falando. A dor dele e a minha dor, juntas não se somam, mas sim se anulam, e eu tenho a sensação de poder, ao lado dele, superar qualquer coisa.

— Albert é um bom homem. Um batalhador apesar de tudo — ela pegou numa das minhas mãos. — Sei que se ele foi capaz de confiar o próprio filho a você, essa relação entre vocês dois deve fazer algum bom sentido — uma lágrima despencou de meu olhar emocionado. — Quero que saiba que estou aqui do seu lado para o que der e vier. Só tente não sofrer.

— Sim, tia. Obrigada por me deixar viver o meu conto de fadas.

Um Amor de RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora