Capítulo 23

830 68 23
                                    

"Palavra da autora

Caros leitores e leitoras, como vão? Costumo postar somente aos domingos, mas não acho certo deixar vocês curiosos(as). Desculpem qualquer erro e fiquem a vontade para comentar. Fico super feliz com cada palavrinha deixada aqui. Chegamo num trecho em que a Lia vai finalmente contar as razões de tanta dor. Mil beijos e espero que curtam!"

— Lia Oliveira?

Esperando, sentada ao lado de mais uns 30 candidatos, meu nome foi anunciado. Aquele nome tão brasileiro pronunciado com um sotaque tão inglês. Olhei ao redor. Não tinha sequer nenhum conterrâneo naquela seleção, mas eu também não sabia se haveria outra remessa de entrevistados em outro horário. Agora, algo que eu já tinha reparado desde o momento em que colocara meus pés ali, era que todos me olhavam de canto de olho, só para confirmar que era eu a moça que estivera nos jornais de tempos atrás.

Cheia de timidez, mas apesar dos pesares confiante, acompanhei a recepcionista até uma salinha vazia e pouco arejada.

— Sente-se, por favor.

Concordei em silêncio e me sentei na confortável cadeira que ficava de costas para a porta de entrada. Aos poucos, um nervosismo idiota se apossou de meu corpo. Minhas mãos, antes tranquilas, se mexiam loucamente, assim como suavam geladas. As pernas se balançavam e os pés batiam no chão num ritmo frenético, me deixando ainda mais irritada com a minha completa falta de controle.

— Você estava calma até agora — falei para mim mesma.

— Senhorita Oliveira?

Instintivamente me levantei e me deparei com uma senhora de cabelos grisalhos e um senhor de óculos enormes, que mais parecia fundo de garrafa.

— Bom dia — disseram juntos.

— Bom dia — respondi estendendo a mão para cumprimentá-los.

— Sente-se, por favor — ambos acomodaram-se à minha frente. Um grande gabinete nos separava. Sob o braço do senhor uma pastinha amarela, onde provavelmente constava todo o meu histórico escolar.

— Sou a senhora Clinfored e este é o senhor Stanlley.

— Muito prazer — eu não sabia o que dizer. Meu cérebro tentava processar as informações, mas o nervosismo era incontrolável.

— Como procedimento padrão, nossa conversa será gravada, ok? — ela continuou.

— Ok.                               

Depositando um pequeno gravador sobre a mesa, senti que todos nós estávamos desconfortáveis.

— Senhorita Oliveira, a senhorita está aqui para ingressar na Faculdade de Gastronomia, correto?

— Sim. Correto.

— É brasileira, tem 29 anos e está com visto de estudante, correto?

— Correto — minhas pernas não paravam de se mexer.

— Senhorita Oliveira — agora, o velho de voz roufenha interrompia a senhora aparentemente sem saber muitos princípios básicos de educação. — Vimos o seu currículo e todo o seu histórico escolar. Suas notas realmente são excelentes. — começar a nossa conversa daquela forma não ajudava com meu nervosismo. — Entretanto... — arregalei meus olhos e parei de me mexer — A senhorita tem consciência de que nesta Faculdade não aceitamos exemplos de mau comportamento, atitudes degradantes, impulsivas ou que possam manchar ou denegrir a imagem de nossa instituição. Correto?

— Correto — não estávamos indo nada bem. — Tenho ciência de que só são aceitos os melhores alunos e os melhores cidadãos.

— Sim — a tal Clinfored completou. — Zelamos pelo bem-estar de nossos alunos e acreditamos que maus exemplos não merecem ser aceitos nessa instituição.

Um Amor de RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora