Prólogo

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Junho.

Era outono e eu tinha uma certa mania de buscar significados em tudo ao meu redor. Isso, sendo uma coisa boa ou não, foi o que me fez estar no aeroporto a alguns passos do portão de embarque.

Eu sou relutante para mudanças. Principalmente as que resultam em grandes responsabilidades e que são duradouras. Minha mãe, sabendo disso, tomou a iniciativa de me inscrever na seleção de Maxon Schreave. O príncipe do qual eu não sabia sequer pronunciar o sobrenome. Segundo ela, seria uma oportunidade única e uma aventura na qual eu deveria estar ansiosa para vivenciar.

Mas para alguém que não consegue manter uma conversa por mais de alguns minutos, estar cercada de garotas que teriam o mesmo propósito, ansiedade não era bem o sentimento que eu nutria desde que havia confirmado minha presença para a família real.

Deve estar se perguntando quais foram os motivos que influenciaram na minha decisão.

Sabe, os dias são mais curtos no outono. A claridade se vai cedo demais e a noite passa a ser mais longa em comparação ao restante do ano. Talvez você não consiga perceber no decorrer dos dias, pela correria em que se trabalha buscando entregar aquele relatório antes da data final. Ou pelas horas em que seus olhos se fixam nos livros didáticos e relógio nenhum parece lhe dar o tempo necessário para aprender tudo antes daquela prova importante.

Mas a posição que a Terra se encontra nesse período influencia na duração dos raios solares. Temos então um dia curto e a noite longa. Não que eu entenda muito de geografia, mas depois de encontrar seu namorado com outra é possível sentir na pele o fenômeno da "noite mais longa do ano".

Hoje noto que o tempo foi perfeito.

No outono, a natureza nos mostra com sua beleza que é preciso deixar ir as folhas que já não servem mais. É preciso uma entrega para que o novo chegue. O que a princípio se parece perda, na verdade, é quem você realmente nasceu para ser.

Então, sim, o famoso clichê de um coração partido me fez respirar o ar da coragem e ir em busca de um recomeço. Não poderia negar uma oportunidade de dar adeus àqueles olhares piedosos em minha direção.

E assim, como no outono, me desfiz de velhas folhas que não mais me serviam e comecei meu processo para florescer mais uma vez.

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