Capítulo 1

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Quando se está triste, magoada ou, no meu caso, com um coração partido, seus passos parecem lentos demais em comparação às outras pessoas. Desde que havia chegado no aeroporto, encontro com rostos radiantes e me sentia ofuscada por eles. Aquele lugar parecia pertencer aos felizes, que podiam ser visto flutuando de encontro ao abraço de um parente ou um amigo querido. Havia também aqueles em que a combustão era nítida pelo beijo que trocam no meio do corredor.

Enquanto ando segurando meu passaporte e procurando o portão onde meu vôo partiria, só me restava torcer para que eu sentasse longe de qualquer um desses.

Não deixei que minha família me acompanhasse naquele dia. Seriam meses longe e uma despedida chorosa na porta de embarque, talvez, me impediria de seguir com o muro que aos poucos eu construía ao meu redor. Eu precisava dele. Era o que impedia o medo me dominar. Era nele onde eu me apoiava e conseguia manter em meu rosto uma expressão confiante e decidida.

Tinha certeza que havia enganado a todos. Eu quase estava enganando a mim mesma.
Mas era naquele momento, no meio do aeroporto enquanto anunciavam a partida para Illea em poucos minutos, em que meu coração batia acelerado, aquele muro ficava invisível diante de mim e a ideia de pegar o táxi de volta para casa era tentadora demais. Talvez o motorista ainda estivesse estacionado do lado de fora.

Eu perderia aquele vôo.
O pesar não era pelo príncipe, pelos bailes e vestidos de gala. E sim por voltar para casa e encontrar com a decepção novamente.

Não. Eu não suportaria.
Se minha mãe pudesse ouvir o que se passava em minha mente, diria para não deixar esse sentimento me dominar. Ela sempre soube, as coisas que saem do meu controle me deixavam paralisada. Começo a respirar fundo, buscando o ar. Isso, precisava respirar fundo. Havia me programado, perder o vôo estava fora de cogitação.

- Menina, você parece precisar de ajuda.

Dou um salto com a voz desconhecida e inesperada. Me viro e encontro o rosto de um simpático senhor.

- Eu.. eu...

Não sabia ao certo o que responder a ele. Se pedia informação do meu vôo ou contava o motivo de estar em desespero em meio a tanta felicidade expressada em abraços saudosos. Ele sorri fraco, e por um segundo o brilho dos olhos dele diziam que podia entender meu conflito. Suas mãos seguram as minhas e gentilmente tira o passaporte para olhá-lo.

- Vejo que seu destino é Illea. Minha criança, seu portão está logo ali.

Acompanho com o olhar para onde ele aponta. A poucos metros de onde estávamos, acima da comissária de bordo que orientava os passageiros, havia uma placa com meu destino escrito. Era possível que estivesse ali o tempo todo?

- Talvez suas preocupações e nervosismo não estão permitindo que você siga em frente.

Começo a me perguntar o quanto ele podia me ouvir ou o quanto me conhecia.

- Tenha fé em sua viagem, criança.

E na mesma rapidez em que surgiu, ele desaparecesse. Me deixando com mil e uma teorias e significados para sua aparição.
Corro para a fila e passo pela porta do avião sem olhar pra trás. Na hora não havia notado mas aquele simpático senhor tinha me dado o algo melhor do que a informação sobre o embarque - ele havia me dado confiança.

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