3. DE VOLTA ÀS ORIGENS

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O dia da viagem finalmente chegou.

Joshua pensou em falar com Celina, se despedir antes da partida, mas achou que não seria justo se declarar logo antes de ir passar meses longe de Londres.

O investidor da expedição contratou um micro-ônibus particular para levar a equipe toda até um castelo nas Terras Altas e de lá Joshua teria um carro para ir até o vilarejo de Craobhan¹, lugar onde nasceu.

O micro-ônibus partiria de Londres às 18:30 h, após o chá da tarde, e faria a rota até Inverness durante toda a noite, mais de catorze horas de viagem, com poucas paradas para comer e movimentar o corpo. O grupo chegaria em Inverness por volta das nove da manhã e faria uma última parada antes de pegar a estrada por mais três horas até o castelo decadente onde ficariam hospedados.

Ao chegar no castelo, Joshua pegaria o carro que Aindreas Hunter deixara previamente disponível para ele e seguiria as estradas de terra por mais quatro horas até chegar a Craobhan, à casa de sua infância.

Antes de seu pai levá-lo ao local da partida, Joshua se despediu da mãe e da irmã com um abraço carinhoso. A menina chorava, pois nunca havia ficado tanto tempo longe de seu irmão, e o clima esteve tenso entre a família durante toda a semana passada.

Isla estava séria ao falar com o filho.

— Josh, você precisa ser cuidadoso sobre em quem confiar. O que você vai conhecer no bosque mudará todas as suas perspectivas sobre a vida e a ciência. Não posso falar ou você corre o risco de ficar cético, e os corações céticos sucumbem aos mistérios ancestrais daquele lugar. Mantenha sua mente aberta para o conhecimento, mas escolha muito bem em quem confiar, nem tudo é o que parece.

— Mãe, como você tem conhecimento sobre o bosque se ele é proibido?

A mulher deu um sorriso triste.

— Você vai descobrir em algum momento, mas deve fazer seu próprio caminho, eu não posso contar ou te ajudar mais do que já estou fazendo. Você vai ser testado e às vezes vão tentar te manipular, mas você não deve permitir, tem que ser mais esperto. — Ela beijou sua testa com carinho. — E mais uma coisa: eles conhecem a linhagem pelo sangue, então cuidado para não se ferir, não deixa conseguirem uma única gota de sangue de você. Promete que não vai deixar pegarem teu sangue.

— Mãe, eu não tô entendendo metade do que você tá dizendo.

— E não precisa entender, só prometer que não vai se ferir dentro do bosque. Isso é importante, Josh. Se descobrirem tua linhagem sanguínea, vão descobrir que tem uma irmã e você é o único que pode proteger a Julia.

— Agora estou ficando assustado, mãe! — ele reclamou.

— Eu sei, filho, mas já falei mais do que devia, você deve descobrir por si mesmo para ser considerado digno de guardar o segredo. Agora vai. Eu te amo.

Assim, Joshua partiu levando uma mala com tudo que considerava importante. Ele deu um abraço desajeitado no pai, que era muito grande perto dele, e foi encontrar a equipe com a qual iria conviver pelos próximos meses. No micro-ônibus havia apenas dez pessoas, três das quais ele conhecia de vista, pois trabalhavam em outros setores da empresa, e tinha o seu colega Edward Taylor.

Entre os desconhecidos tinha um homem robusto muito peludo que andava com uma tarântula na mão, ele se apresentou como Charles Langdon, o zoólogo. Junto a ele havia duas mulheres bronzeadas de cabelos escuros que andavam sempre de mãos dadas, Janet era zoóloga especialista em animais peçonhentos e Bailey era especialista em pegadas e trilhas na mata.

Finalmente, Joshua era o último da equipe, porém o mais valioso em termos de conhecimento da vida vegetal. Os outros dois homens não faziam parte da equipe de pesquisadores, mas eram os motoristas que teriam de revezar na direção durante a viagem, portanto eram essenciais para que fossem bem-sucedidos em sua excursão.

No Coração do Bosque ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora