Quem chegasse naquele momento veria uma cena, no mínimo, inusitada. Freesia encarava seu irmão, chocada com o que ele dissera, enquanto Korst tentava ver Olívia, que se escondia por trás do torso esculpido de Joshua.
A garota ainda estava assustada, pois tomou o maior susto quando o dríade grandalhão saiu de um portal que ela nem tinha ideia de como conseguiu abrir, e além disso ficou interrogando e duvidando dela.
Isso a irritava. Olívia tinha uma personalidade calma e pacifista, porém, se havia uma coisa que a tirava do sério, era ser chamada de mentirosa. Quem aquele desconhecido estúpido achava que era para dizer que ela estava mentindo?
Não se importava se ele estava frustrado por várias tentativas infrutíferas de voltar ao bosque ou se apenas ninfas feiticeiras podiam abrir portais, ou mesmo com fato de ser uma fada sem asas, pois também tinha sangue de antusas e não era culpada por ser a única híbrida que existia entre as tribos feéricas.
Não, nada disso importava, apenas o fato de que aquele homem rude se declarou como companheiro dela, e Olívia não podia aceitar ter um companheiro tão grosseiro que a acusou de mentirosa.
Estava esgotada. Talvez por ter usado magia pela primeira vez e seu corpo não estar acostumado, ou mesmo pela declaração daquele estranho que mais parecia uma versão super musculosa e atraente de Conan – O Bárbaro, apesar da cicatriz enorme.
Olívia sacudiu a cabeça com força.
Atraente? De onde isso viera? Ele era um ogro, isso sim!
Precisava sair dali. Ficar fora do alcance daquele estranho gigante, moreno e gost... NÃO! Você está maluca, Olívia! Lelé da cuca, perturbadinha! Vai embora agora!
— Josh, me leva pra casa — ela suplicou com voz aflita, mal passava de um sussurro.
Joshua se virou para olhar a expressão de sua amiga. Ela parecia apavorada. Tinha os olhos arregalados e seu corpo inteiro tremia. Sentiu pena, mas as coisas não eram tão simples. Aquele dríade era irmão de sua companheira, não podia interferir se não quisesse problemas com a família da qual faria parte.
— Oli... Eu não posso fazer isso. Não somos parentes, se eu te tirar de perto do guerreiro que está te reivindicando agora, ele irá me atacar, e com toda razão.
— Eu não quero ficar aqui, não pode me obrigar!
— Ninguém pode, mas ele não vai conseguir te deixar ir enquanto vocês dois não conversarem. Não precisa aceitar agora, se está insegura, mas pelo menos conversa com ele.
Ela balançou a cabeça negativamente e fechou os olhos. Ainda não tinha aprendido direito a usar telepatia para se comunicar, mas precisava tentar. Se Joshua não poderia tirá-la dali por não ser seu parente, então iria chamar alguém que pudesse.
“Zayan... Zayan, estou no território das melíades, na fronteira do território das antusas... Por favor, vem me buscar. Por favor, Zayan”.
Ela se concentrou, tentando alcançar a mente de seu único irmão feérico. Não passava tanto tempo com ele quanto passava com suas irmãs e avós, pois ele era bem mais retraído que seus outros parentes, mas eles tinham uma boa relação. Nos poucos momentos em que estiveram juntos, ele a ensinara a fazer amadurecer frutos e ela provara os sabores mais incríveis de toda a sua vida, mesmo tendo crescido comendo a comida de sua mãe, que era a melhor do mundo, pelo menos para os moradores de Craobhan.
Não demorou a ouvir uma voz melódica respondendo:
“Sopre o pólen para cima, vou te encontrar”.
Ela rapidamente pegou uma bolsinha de couro no bolso de seu vestido. Lembrou-se de seu irmão retirando pólen de uma flor azul que ela nunca tinha visto e dizendo: “Quando precisar de mim, sopre um pouco disso para cima e eu vou até você no mesmo instante. É mágico e só fadas podem usar.”
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No Coração do Bosque Proibido
FantasyJoshua Wood cresceu ouvindo que jamais deveria entrar no bosque que delimitava o quintal de sua casa. Aos nove anos ele teve uma experiência que o fez viver sem saber se aquilo realmente aconteceu ou se foi sua imaginação de menino. Muitos anos depo...