Joshua estava impaciente. Nos últimos três dias Freesia estava evitando qualquer aproximação com ele, era irritante. Isso tinha que parar, precisavam conversar de uma vez por todas.
— Esvazie sua mente, príncipe — recomendou Niesha, a Valquíria que o ensinava a manusear o arco, trabalho que deveria ser feito por Freesia, se ela não estivesse fugindo dele. — Respire, solte a flecha ao mesmo tempo em que expira o ar de seus pulmões.
Ele fez o que ela estava dizendo, porém, por algum motivo que não entendia, a flecha desviou um centímetro e se cravou entre o meio e a borda do alvo.
— Eu nunca vou conseguir fazer isso. Estava mirando no meio do alvo, por que não acertei?
— Você precisa considerar o vento, o peso da flecha e a margem de erro — Orked respondeu. — Uma flecha depende da inclinação do arco e da força de tração da corda desse arco para poder ser projetada, então é diferente da força que você exerce no punho para arremessar facas ou outras armas pequenas. É difícil mesmo. Não sei como dríades do carvalho branco são tão boas arqueiras.
Joshua suspirou, descontente, deixando o arco no suporte e tirando a aljava do ombro.
— Se cada clã da tribo tem mais habilidades com armas específicas, qual a arma usada pelos carvalhos reais?
— Como é que eu vou saber? O seu clã estava extinto até duas semanas atrás. De qualquer jeito, nem sempre todos os indivíduos usam a mesma arma que a maioria de seu clã. Melíades usam espadas em combate e facas enormes nas caçadas, mas eu gosto de adagas sai. Dríades de carvalho preto preferem as lanças, mas já vi alguns deles usando machados e balestras. Depende do que você vai gostar.
— Tudo bem, então já vimos que eu sou razoável com facas de arremesso, balestras e adagas; ruim com espadas, lanças e machados; péssimo com clavas, manguais, maças e quaisquer armas pesadas... Mas sou TERRÍVEL com arco e flecha! Essa droga é um pesadelo!
Todos ouviram uma risada divertida, então as ninfas da tribo colocaram um joelho no chão e se curvaram em reconhecimento à presença da Grande-Mãe. As Valquírias e Amazonas presentes no campo de treinamento curvaram levemente as cabeças em respeito a ela, mas se mantiveram eretas, afinal, seu reconhecimento era para as suas próprias rainhas.
Vctrya parecia flutuar por entre as ninfas em treinamento conforme se aproximava do futuro Líder Guerreiro. Seus cabelos verdes como musgo balançavam em suas costas e ela segurava na mão uma caixa de madeira dourada com um símbolo indistinto em alto relevo na tampa.
— Você é tão parecido com Eileanach, desde a aparência física até os gostos e modo de reclamar quando está treinando. Eu vi sua mãe rejeitar cada arma que eu tentava lhe ensinar. É claro que ela aprendeu com o tempo, mas teve uma arma que sempre gostou mais que as outras.
A ninfa estendeu a caixa para ele, e Joshua pôde observar melhor o desenho na tampa. Era um carvalho marrom, frondoso, com fileiras de flores e folhas que saíam de seus galhos e iam até perto do chão como uma cortina. Era lindo.
— Essa caixa foi o único objeto que encontrei da minha amiga quando ela partiu. O carvalho na tampa é o símbolo dos carvalhos reais, você já deve ter percebido que essas árvores são as únicas que ficam com as flores assim.
— Eu sei. Os carvalhos brancos e pretos mantêm suas flores no alto.
— Isso mesmo. Aí dentro estão as armas favoritas de Eilean.
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No Coração do Bosque Proibido
FantasyJoshua Wood cresceu ouvindo que jamais deveria entrar no bosque que delimitava o quintal de sua casa. Aos nove anos ele teve uma experiência que o fez viver sem saber se aquilo realmente aconteceu ou se foi sua imaginação de menino. Muitos anos depo...