Joshua acordou aos primeiros raios solares que banhavam o vale de Craobhan. Havia um som persistente no ar, como gritos de celebração ao longe.
Ele levantou, calçou sua pantufa do Bicuço e abriu a janela de vidro, estremecendo ao sentir o ar frio beijar sua face. Fechou os olhos e se concentrou no som longínquo até poder distinguir vozes gritando coisas na linguagem consonantal das ninfas.
Sorriu minimamente, pensando em como sua ligação com o bosque ficara mais forte nos últimos dois dias, desde que entrou ali pela primeira vez.
Saiu da janela e foi fazer suas atividades matutinas imaginando como seria a rotina das ninfas.
Quantas espécies de ninfas habitavam o bosque e quantos eles eram no total? E sua alimentação? Como era sua composição química e biológica?
Eram muitas as perguntas que preenchiam a mente do jovem botânico.
Bem-disposto, depois de tomar seu café-da-manhã e abrir as janelas da casa para arejar, pois ainda tinha um cheiro remanescente de mofo, Joshua calçou um par de tênis, short e camiseta e saiu para correr, algo que só fazia aos fins de semana em Londres.
Deixou Kmry dormindo em sua cama. Preguiçosa.
Ao voltar para casa, pegou seus materiais de estudo e montou um laboratório no antigo quarto de seus pais, com microscópio, laptop, pinças, máscaras, luvas, seringas, água, produtos reagentes e caixas enfileiradas de lâminas de vidro, tanto vazias como as com amostras coletadas nos dias anteriores.
Começou a examinar as amostras e catalogar todas as características que diferenciavam aquelas plantas de outras. Quando se concentrava no trabalho e encontrava algo interessante, podia passar horas sem perceber que sentia fome ou cansaço. Pelo menos ele se hidratava, pois água era importante no laboratório, principalmente para estudar as reações das células de quaisquer amostras.
Por volta de onze e meia da manhã, Joshua foi retirado de suas anotações e análises de amostras por batidas na porta. Kmry miou alto do lado de fora, como se lhe dissesse que estava na hora de comer.
O loiro foi atender a porta e assobiou, surpreso. Nem se lembrava de ter dito ao Scott para chamar seus outros amigos para almoçar com ele e agora estavam à sua porta Scott, Logan com sua namorada Beatrice e Ronny com a esposa Brenda. Todos traziam nas mãos recipientes tampados com comida.
— Bom dia, Josh — falou Ronny. — O Scott nos deu teu recado, então aqui estamos. Espero que não esteja chateado por eu ter invadido ontem, não tinha energia para ir pra casa e voltar depois, estava exausto.
Joshua deu um abraço de um braço só em cada um dos seus amigos e beijou o rosto das mulheres.
— Tudo bem, Ronny. Fico feliz que vocês se preocupem comigo, mesmo depois de tantos anos longe e apesar do motivo pelo qual eu voltei.
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No Coração do Bosque Proibido
FantasyJoshua Wood cresceu ouvindo que jamais deveria entrar no bosque que delimitava o quintal de sua casa. Aos nove anos ele teve uma experiência que o fez viver sem saber se aquilo realmente aconteceu ou se foi sua imaginação de menino. Muitos anos depo...