Isla apressou seu marido para pegar todos os manuscritos da última vitrine a fim de sair da cabana. Quando tudo estava devidamente guardado, ela olhou ao redor pela última vez antes de sair e conjurar um feitiço de fogo.
Segurando na mão de seu esposo, que levava nas costas, como se fosse uma mochila de vidro, a caixa com a raiz do carvalho de Eilean, a dríade rumou para a floresta, murmurando um feitiço de localização.
Não demorou a encontrar uma caverna cuja entrada tinha uma porta feita de ramos retorcidos e folhados. Ali, sentada em uma pedra enquanto costurava um manto de couro, estava uma mulher de baixa estatura, corpo roliço, bonitos cabelos vermelhos e olhos verde-escuros em um rosto muito gentil.
Não era como Isla imaginava que fosse uma banshee.
Ela nunca vira uma banshee antes, contudo, as histórias que ouvia a respeito das mensageiras da morte a fizeram imaginá-las como velhas cadavéricas de cabelos ressecados e olhos constantemente arregalados com expressão de pavor. Puro preconceito, é claro.
— Desculpe-me... Você é a banshee da flore...
— Meu nome é Alina. Fui banida da tribo do Norte por anunciar a morte da princesa herdeira. Desde então, vivo aqui.
— Isso é muito injusto — Hamish murmurou. — Ser banida por algo que não se pode controlar.
A ruiva sorriu tristemente.
— A vida é injusta com mais frequência do que deveria. Mas eu entendo. Eu era muito jovem, não conseguia me controlar, e a Grande-Mãe estava desnorteada, perdeu a filha ainda em sua barriga, poucos minutos depois do meu anúncio. A dor nos torna algozes de inocentes.
Ela deixou sua costura de lado e se levantou para fazer uma leve reverência para Isla.
— Vi você na floresta procurando ervas e frutos. No início fiquei pensando que seu rosto me era familiar, então me lembrei de quando era criança e nossa tribo recebeu a Grande-Mãe de Grradhy e sua herdeira curiosa. Você é inconfundível para uma dríade real, princesa. Ou agora é rainha?
— Meu filho será coroado em breve e reinará até que sua irmã desabroche e passe pelo treinamento. Eu estou aqui em uma missão.
Alina olhou por cima do ombro de Isla, para onde se erguiam, furiosas, as chamas que consumiam a cabana.
— Você a libertou, não foi? A ninfa amaldiçoada que ama cavalos?
Isla sorriu.
— Sim. Kelpie está livre, e me pediu para que lhe desse um recado.
— Eu imagino que ela pediu para eu cuidar dos cavalos.
— Isso mesmo.
— Farei isso com prazer. Mas você parece ter pressa, não se detenha por minha causa, por favor.
Assentindo com um movimento de cabeça, Isla começou a se afastar, mas um barulho repentino a fez olhar para a direção da cabana. Consultou o relógio de pulso do Hamish e percebeu que já havia se passado quase três horas desde que viu sua filha partir.
— Precisamos ir. Eles estão chegando.
— Para onde vamos? — indagou Hamish.
— Por enquanto vamos viajar pela Grã-Bretanha. Pular de lugar em lugar é menos perigoso do que nos estabelecer. Creio que a pulseira que Kelpie me deu vai manter minha energia sem rastros até que possamos voltar a Grradhy. Vamos, querido. Adeus, Alina. Cuide-se.
A banshee concordou e assistiu o casal atravessar a floresta antes que uma luz amarela fizesse um arco fora das árvores.
— Esperta. Um portal de caos, impossível de rastrear.
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No Coração do Bosque Proibido
FantasíaJoshua Wood cresceu ouvindo que jamais deveria entrar no bosque que delimitava o quintal de sua casa. Aos nove anos ele teve uma experiência que o fez viver sem saber se aquilo realmente aconteceu ou se foi sua imaginação de menino. Muitos anos depo...