7 - Prove que é diferente

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Depois de conhecer o quarto e a casa, Vicente chama a Governanta para que passe todas as tarefas de Liliane. A senhora é muito gentil e atenciosa, lembra muito a dona Rosa, em poucos instantes a ruiva percebe a aproximação de Alberto.

- Vejo que já conheceu a casa e os funcionários.

- Pai, não dificulte o trabalho da garota.

- Isso dependerá única e exclusivamente dela.

- Como assim senhor?

- Simples garota, quero que me prove que não é igual a todas as outras, chame isso de teste, ou um período de experiência, como achar melhor. Se não conseguir provar que é diferente terá o mesmo destino das outras. A rua.

Liliane força um sorriso, Vicente se vira para ir embora, antes de sair ela a chama.

- Liliane, me acompanhe até o carro.

- Sim senhor.

Ele abre a porta e faz sinal para que a garota entre, logo que senta se inclina para o lado da garota, ele congela, por algum minuto pensou que ele iria beijá-la outra vez, mas ele não o faz. Ele abre o porta luvas e retira um cartão de dentro, quando está se endireitando de volta no assento Lily sente seu perfume Malbec, um perfume amadeirado que combina perfeitamente com sua masculinidade exalando poder e sedução.

Ela inspira outra vez o delicioso aroma e tem a estranha sensação de que o cheiro penetrou suas narinas grudando em seus pulmões, der repente fica difícil respirar, a ruiva se afasta o máximo possível tentando recuperar o fôlego, Vicente a olha confuso, mas volta a ignorá-la logo em seguida.

- Aqui está meu cartão, ligue-me se precisar de alguma coisa, mas só o faça em últimos casos, não pretendo ser incomodado por qualquer sandice.

- Sim, só ligarei se necessário.

- Você já pode ir.

Liliane inspira o perfume incrivelmente poderoso outra vez antes de sair do carro, um tanto zonza e quase a ponto de perder o foco ela o vê dirigindo portão afora.

" Que perfume, que homem... O que eu estou pensando, esse homem é desprezível, eu não deveria sequer pensar nele. "

" Mas seu cheiro é tão bom. Como eu não o senti antes? Nem mesmo quando estive em seus braços..."

Liliane espanta os pensamentos e segue de volta para a casa, encontra Senhor Alberto na sala. É uma situação desconfortável, além de ser um total desconhecido o homem é um poço de amargura e intimidação, a ruiva respira fundo e tenta puxar conversa.

- Então senhor Alberto, o que o senhor gostaria de fazer hoje?

- Se não reparou eu estou lendo, eu apenas gostaria de terminar meu livro na paz e sossego da minha casa.

Lily percebe que ele está lendo um de seus livros preferidos. Ela então cita um trecho do livro para tentar amenizar o clima e quem sabe conhecer melhor o Homem por baixo dessa fachada de arrogância e prepotência.

Trecho livro*  - 'Mas não quero me meter com gente louca', Alice observou.
'Oh! É inevitável', disse o Gato; 'somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca.'
'Como sabe que sou louca?' perguntou Alice
'Só pode ser', respondeu o Gato, 'ou não teria vindo parar aqui.'

Os olhos de Alberto desviam do livro e encontram os da garota, ela está perdida em pensamentos quando ele lhe dirige a palavra.

- Acha mesmo que somos loucos garota?

- Não sei você, mas eu com certeza devo ser.

- Por que diz isso?

- Implorei ajuda de um homem que eu havia acabado de conhecer, aceitei viajar centenas de quilômetros com ele para um trabalho ao qual fui rejeitada antes mesmo de abrir a boca, e aqui estou eu apesar de tudo.... Não acha loucura?

O homem então a olha e usa a mesma artimanha da ruiva, cita um trecho do livro que está lendo para responder a pergunta.

Trecho Livro* - Alice: Chapeleiro, você me acha louca?

Chapeleiro: Louca, louquinha ! Mas vou te contar um segredo: as melhores pessoas são.

Liliane abre um grande sorriso, um sorriso capaz de iluminar a sala inteira, a partir desse momento começaria uma linda amizade.


* Citações retiradas do livro Alice no pais das Maravilhas

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora