45 - Um anjo estava tocando meu rosto...

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Já de volta em casa e completamente feliz Alberto se senta no sofá, os olhos ainda vermelhos pelas lágrimas da surpresa do filho.

- Filho, que orgulho, não consigo acreditar que fez tudo aquilo pelas crianças.

- Por elas, por você, por Lily e por mim, todos ganhamos nesse processo.

- Sim filho, mas foi um lindo gesto, estou orgulhoso do homem bom que pouco a pouco você está se tornando.

- Obrigado pai, isso é o que mais quero, que tenha orgulho de mim, e eu vou fazer por merecê-lo eu prometo.

- Eu sei que vai, eu vejo em seus olhos que está mudando, e isso eu devo muito a você, minha querida.

Lily que estava mais afastada bebendo um copo de água se junta a eles no sofá.

- Não me deve nada, eu fiz o que era certo.

- Fez muito mais que isso meu anjo.

Alberto a puxa e a abraça com carinho, a ruiva o abraça e beija seu rosto.

- Sabe que te amo como uma filha que nunca tive não sabe?

- Eu sei, e eu o amo como meu segundo pai.

Vicente nesse exato momento consegue sentir o carinho entre eles e entender o amor do qual a ruiva se referia a algum tempo atrás, amor de pai também é amor, talvez até mais puro e bonito do que o amor entre um homem e uma mulher, ele agora se arrepende mentalmente pela besteira e pela insensibilidade que teve.

Depois de um lanche caprichado Alberto pede para ficar sozinho por um tempo no escritório, depois de algum tempo Lily leva um lanche para ele e pode ver que ele pegou folhas e uma caneta e está a escrever alguma coisa. Ela imagina que seja algum relato importante para não esquecer e desvia o olhar, não quer invadir sua privacidade.

- Eu vou estar por perto se precisar de alguma coisa e vitória (enfermeira) está na cozinha.

- Eu estou bem, não se preocupe querida.

A ruiva saiu do escritório encostando a porta ao entrar na cozinha encontra Vicente sentado pensativo, ela o observa por algum tempo, só quando ele a percebe é que ela pergunta.

- Algum problema?

- Apenas pensando.

- Quer conversar?

- Só estou tentando pensar como vai ser quando... você sabe.

- E por que está se torturando com isso agora?

- Por que eu preciso planejar como vai ser, o que vou fazer depois.

- Planejar é tão importante assim?

 - E, não é?

- Não em casos assim, você não tem como controlar o que vai acontecer, quando e como. E se você não tem como controlar não acho que deva perder tempo planejando algo que certamente vai sair totalmente diferente de seus planos iniciais.

- Você acha mesmo que vai ser diferente?

- Talvez, e se for diferente do que você está planejando vai acabar deixando você frustrado, e você não fica nada atraente frustrado.

Vicente ri, é a primeira vez que mesmo sem querer a ruiva afirma que ele é atraente, uma mistura de alegria e diversão toma conta de sua expressão e ele resolve arriscar.

- Então a senhorita me acha atraente?

- Às vezes.

- Às vezes quando?

- Quando não está com aquela cara fechada, olhos inexpressivos e sendo o idiota que conhecemos.

Ele ri e não pode deixar de questionar.

- Você nunca vai esquecer dessa versão pobre de espírito minha, não é?

- Não, não vou.

- E por que não?

- Para lembrar você de nunca mais voltar a ser aquela besta.

- Eu sei que você me achava sexy, pode assumir.

- Eu achava você repugnante.

- E agora o que acha de mim Lily?

- Acho que está melhorando, se tornando um homem melhor, uma versão melhorada

- Foi o que você me pediu...

Ele fala e logo se arrepende das palavras pronunciadas, a ruiva certamente vai se recordar do momento em que praticamente suplicou para que ele fosse melhor.

- Mas você estava dormindo.

- Eu estava, mas acordei quando você tocou meu rosto.

- E por que não abriu os olhos ou falou alguma coisa?

- Não tinha certeza se estava mesmo acordado, afinal um anjo estava tocando meu rosto...


O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora