50 - o principezinho

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E chega o dia da consulta de Alberto, Vicente e Lily o aguardam na sala enquanto ele termina de se vestir, juntos seguem para a consulta. Vicente fica atento a todos os procedimentos, também acompanha os exames rotineiros, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista entre outros que juntos oferecem todo um suporte nos cuidados paliativos garantindo uma melhor qualidade de vida nesses últimos momentos.

Antes de voltarem para casa, Alberto insiste em visitar as crianças do orfanato, ele lhes prometeu que voltaria para contar histórias e assim o fazem. Ele fica realmente feliz rodeado pelas crianças, o cansaço quase não o abala. Lily e Vicente se sentam junto com as crianças e ouvem a história atentos.

- Era uma vez um príncipe muito triste.

- E por que ele estava triste?

- Porque o coração dele estava sofrendo. Ele tinha muitas dúvidas e brigava com todo mundo, um dia cansado da vida ele próprio se trancou em uma imensa torre de vidro e jogou a chave fora.

- Mas por que ele faria uma bobagem dessas? Como sairia já que jogou a chave fora?

- Ahh pequena criança, quando temos o coração chorando somos capazes de fazer tanta besteira, uma delas é nos fechar e isolar de tudo e todos, achamos que ninguém vai nos machucar dessa forma. O que ninguém contou ao principezinho é que ele próprio estava se machucando, cada dia mais.

- Pobre príncipe, mas é o príncipe quem deve salvar as princesas, e agora?

- Por alguns anos o príncipe se manteve assim, e como não pegava sol se tornou frio como o gelo.

- Tipo uma frozem menino?

- Isso aí linda, como se fosse uma Frozem. Ele além de ser frio congelava tudo o que tocava, igualzinha a frozem. Mas assim como a Frozem tinha a Anna para lhe ajudar, o principezinho também encontrou alguém.

- Quem o principezinho encontrou Padrinho?

- Uma linda jovem, cabelos ruivos como o fogo e pele branca como a neve.

- Ela era uma princesa?

- Não meu amiguinho, muito melhor ela era um anj

As crianças da sala se unem em um "O" admiradas e ansiosas pelo rumo que a história estaria tomando.

- E ela se aproximou do principezinho pouco a pouco, ela o estava tentando ajudar, mas as paredes frias de vidro a impediam além de a machucar enquanto tentava se aproximar.

- Pobre menina anjo, e ela desistiu?

- E alguma vez os anjos desistem das pessoas apenas por ser difícil? Não, a menina continuou tentando, de alguma forma ela sabia que poderia ajudar. Foi então que ela conheceu o pai do príncipe.

- ahh meu Deus, ela conheceu o Rei.

- Sim, mas o Rei também tinha o coração machucado, ele não foi um rei muito bondoso quando a garota veio até ele.

- O que havia de mal nesse reino que machucou o coração do rei e do príncipe?

- Eles se machucaram muito depois que a rainha morreu, não conseguiam mais conversar, o rei gritava e o principezinho revidava, até que ele saiu do palácio.

- Onde ele foi morar? Com os camponeses?

- Não, o príncipe construiu seu próprio palácio e viveu lá sozinho por muito tempo, essa tore de vidro fica no palácio que ele mesmo construiu.

- E a menina anjo? De onde ela veio?

- A menina anjo caiu do céu em uma batalha contra a maldade, ela chegou aqui sem suas asas, mas a voz e a doçura angelical continuaram com ela, e foi essa doçura que começou a trincar as paredes de vidro do príncipe.

- Então ela o salvou?

- Quase, nem a menina era capaz de quebrar as paredes, o príncipe precisava bater do lado de dentro enquanto ela batia do lado de fora, apenas assim a parede iria desabar. E a menina bateu, bateu até não ter mais forças, até suas mãos sangrarem e ela implorar ao principezinho que mudasse, que começasse a se salvar.

- A menina ficou machucada?

- Ficou, mas foi isso que despertou a vontade do príncipe de sair, ele não aguentou ver a menina sangrando, ele a empurrou, chutou e bateu nas paredes com tanta força que elas foram ao chão uma a uma e finalmente ele estava livre.

- Mas e a menina anjo?

- O príncipe a carregou nos braços para seu castelo onde estão até hoje felizes juntos.

- O coração do príncipe parou de doer?

- Parou, o amor da menina tomou o lugar da tristeza que ele sentia.

- Mas e o rei?

- O rei se curou quando o principezinho voltou para casa, eles pediram desculpas por gritarem e estão felizes agora.

- Mas e a menina anjo? O príncipe se casou com ela?

- Ainda não, mas tenho certeza que eles vão, afinal um amor tão forte capaz de arrebentar paredes grossas de vidro não pode acabar sem um "felizes para sempre".

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora