8 - Em busca do Amor

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Liliane está na sala com Alberto, ele a olha curioso, depois da troca de trechos do livro não conversaram mais, isso rapidamente muda quando ele a chama.

- Liliane, é Liliane, não é?

- Sim Senhor Alberto

- Como conheceu meu filho?

- É uma longa história.

- Temos tempo, nenhum de nós vai a lugar algum.

- Seu filho quase me atropelou de carro, foi assim que o conheci basicamente.

- Ele o que?

- Ah não, não o culpe, eu estava fugindo, não vi o veículo.

- De que fugia garota?

- Das agressões de meu tio, de uma vida condenada ao sofrimento.

Lily suspirou e contou sua história a Alberto. Quando terminou percebe uma lágrima no rosto dele, a garota sorri tentando esconder a dor.

- Ele me ajudou, daquela forma estranha que ele tem, mas me ajudou, poderia ter simplesmente ignorado, ele não me conhecia, não devia nada...

- Não acredito que ele tenha feito isso. Não é do comum isso, ele geralmente não mostra empatia por ninguém.

- Eu não o culpo, posso ver nos olhos dele que ele não é feliz, não sei o que aconteceu em seu passado e talvez nunca venha a saber, mas espero sinceramente que ele um dia consiga superar.

Alberto a olha com admiração, pela primeira vez o olhar não é frio, a ruiva senta ao lado dele e segura sua mão, Alberto a olha surpreendido.

- Sabe, você me lembra meu pai, mesmo com todo esse sofrimento que carrega ainda tem um vestígio bem pequeno de felicidade aí dentro, não devia perder seu tempo lutando batalhas que não pode vencer, a batalha acaba sendo você contra você mesmo.

- Desde quando uma garota tão nova consegue ser tão vivida?

- No momento em que ela precisa aprender a andar com as próprias pernas ela acaba crescendo Senhor Alberto, mesmo contra sua vontade ela acaba crescendo.

- Você está se saindo melhor que a encomenda mocinha.

- Espero que isso seja algo bom.

- Sim, é algo bom.

Alberto sai deixando a ruiva sozinha na sala, ele volta com duas xicaras grandes de chocolate quente.

- Eu deveria ir buscar para o senhor, não o contrário, se seu filho souber me coloca no olho da rua num piscar de olhos.

- Eu me entendo com ele, agora vamos lá quero saber mais de você.

- Não tenho nada a contar, sou totalmente comum.

- Comum é algo que não estou acostumado, é algo raro no meio em que vivo, as pessoas estão brigando entre si, destruindo famílias e se destruindo no processo tudo por dinheiro.

- Sabe, a gente é o que escolhe ser, somos um conjunto de nossas decisões e caminhos escolhidos no passado, escolher o dinheiro em primeiro lugar vai cobrar um preço alto no futuro, nem todos estão dispostos a pagar, e é como eu disse. O dinheiro pode comprar muita coisa, mas talvez não o que você esteja buscando, não o essencial.

- E o que seria o essencial para você Liliane?

- O amor.

- Resposta interessante, então está buscando um amor?

- E quem não está? O senhor pode estar escondido atrás de vários muros, mas também está em busca do amor.

- Eu? Já passei da idade disso.

Alberto sorri amargamente, ele com certeza amou alguém, mas talvez não tenha tido experiência de amor suficientes, se as tivesse não teria endurecido o coração tão bruscamente.

- Talvez não de uma esposa, mas com certeza está em busca do amor de seu filho.

Ele fecha a cara e todo o progresso que a ruiva havia conseguido cai por água abaixo.

- Eu quero ficar sozinho. Saia.

Liliane vai para seu quarto e desfaz suas malas, o quarto não é tão grande quanto o da casa de Vicente, mas é mais acolhedor. A garota tira da bolsa um porta retrato velho e desbotado, na foto ela está com os pais e sorri.

"Pai, mãe... Que saudade que eu sinto de vocês..."

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora