17 - Namorada?

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Depois do constrangimento passar, Lily segue com Alberto de volta a sala de Vicente, a garota não consegue afastar a lembrança daquele beijo da cabeça, mesmo a força, mesmo sendo bruto aquilo não saia de sua mente.

- Então filho, o que me diz sobre minha proposta?

- Um jantar parece bom, mas em minha casa, aguardo você e Liliane as 8 horas em ponto.

" Um jantar? Eles estão finalmente voltando a conversar civilizadamente? Finalmente as coisas estão começando a se ajeitar. "

Alberto olha para a ruiva e sorri, Vicente não está sorrindo, mas ao menos o olhar não é de raiva, nem frio como de costume.

- Então Lily, o que acha? janta conosco?

- Sim Alberto, será um prazer.

Alberto e a ruiva voltam para casa, ele está um pouco cansado e se deita no sofá da biblioteca, Lily senta em uma cadeira ao seu lado.

- Quer que eu leia para você?

- Gostaria muito.

- Certo, em que página você parou?

- Está marcado

Trecho Livro* - Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa

Eu sou responsável pela minha rosa. Repetiu o principezinho, a fim de se lembrar. 

Lily lê por mais alguns minutos e Alberto logo adormece, a garota pode reparar em como o rosto dele ficou mais magro, ela seca uma lágrima que ameaça sair e segue fechando as cortinas para que ele possa descansar melhor, a noite terá um jantar com o filho, é bom estar bem descansado

Alberto acorda duas horas depois, Liliane está sentada em uma cadeira um pouco afastada lendo, quando percebe que ele despertou ela se aproxima.

- Eu acabei adormecendo ouvindo sua doce voz.

- É bom, assim estará descansado para o jantar com seu filho.

- Sim, e eu devo esse jantar a você.

- A mim?

- Você me fez despertar, mostrou o que eu a tempo queria, me deu novas forças para lutar.

- Eu apenas enchi você com minhas ideias tolas, nada além disso.

- Não são tolas querida

- Seu filho não pensa assim.

- É tão importante o que ele pensa?

- Eu não sei. Nas me aborrece o fato dele estar sempre irritado comigo, eu estou tentando, estou fazendo o possível para atender as expectativas dele, mas nunca parece suficiente.

- Você não deveria se preocupar em atender as expectativas de ninguém além das suas.

- Mas e quanto ao que ele quer?

- Você tem que se preocupar apenas com o que você quer, e parar de esperar qualquer coisa dos outros, principalmente do meu filho, ele endureceu o coração de tal forma que sequer é capaz de compreender as coisas mais simples da vida.

- Então está desistindo dele?

- Não, estou apenas aceitando que aquele menino doce e radiante que criei não existe mais, ele cresceu, virou um homem assombrado por fantasmas que ele próprio criou.

A ruiva passa um bom tempo pensando nas palavras de Alberto e em seus reais significado. Algumas horas depois estão de partida para a casa de Vicente, Lily não consegue controlar a ansiedade, já faz um tempo que esteve naquela casa.

Tudo parece igual, sem cor, sem vida, sem emoção alguma. A garota quase havia esquecido da sensação fria da casa, assim como seu dono ela se mantém fechada, escura e solitária. Vicente desce as escadas para os receber e a ruiva quase caí de costas, ele veste um jeans de lavagem escura e uma camisa social branca com os primeiros três botões abertos, logo que ele se aproxima a fragrância já conhecida de seu perfume desperta os sentidos de Lily

" A merda, a mesma camisa do meu sonho "

- Boa noite pai, bem-vindos.

Ele comprimente o pai com um abraço forte e um pequeno sorriso amigável, ao se aproximar de Lily ele a abraça e deseja boa noite encostando levemente os lábios na orelha da garota, a sensação da respiração dele a faz arrepiar.

" O que está acontecendo com você Liliane, foco, esse homem ainda vai me levar a loucura, o que ele pretende? "

Mas a euforia dura muito pouco, o exato tempo em que uma morena de tirar o fôlego desce as escadas sedutoramente. Vicente passa o braço por sua cintura e apresenta ao pai.

- Pai, essa é Vanessa, minha namorada. 


* Trecho do livro O pequeno Príncipe

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora