41 - Lily, minha doce Lily...

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Alberto está orgulhoso do gesto do filho, finalmente ele está se permitindo sentir as coisas, saindo de sua zona de conforto. Está finalmente crescendo, evoluindo como ser humano, as esperanças estão renovadas, e Lily é responsável por grande parte delas, ele olha e os vê, ambos sentados ao lado da cama dele, e ele não deseja mais nada da vida, apenas a companhia de seu filho e sua amiga.

- Quer que eu leia para você?

- Quero que ambos leiam.

- E o que devemos ler pai, algo em especial?

Alberto aponta para o livro que está na sua cabeceira (O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder), Lily o pega, é um livro que ela não conhecia (e nem eu para falar a verdade, mas já quero ler) Ela abre na página marcada e começa a ler.

Trecho livro* 

- Sofia colocou os óculos. Tudo à sua volta ficou vermelho. As cores claras ficaram vermelho-claras e as escuras vermelho-escuras. 

- O que você está vendo?- O mesmo de antes, só que vermelho.- A explicação para isto é que as lentes dos óculos determinam o modo como você percebe a realidade. Tudo o que você vê é parte do mundo que está fora de você mesma; mas o modo como você enxerga tudo isto também é determinado pelas lentes dos óculos. Você não pode dizer que o mundo é vermelho, ainda que neste momento ele pareça vermelho.

Alberto adormece logo depois de Vicente ler a segunda página, ele e Lily saem em silêncio para deixar ele descansar. Ele teve um dia cheio e uma noite ainda mais, 

Lily olha para Vicente, ainda com a roupa formal, ele está tão lindo e agora com a gravata afrouxada e a camisa levemente aberta ele parece ainda mais bonito, como um príncipe rebelde prestes a roubar algo valioso, o que eu a ruiva não sabe é que ele a olha da mesma forma, como uma princesa rebelde com os pés descalços e os cabelos bagunçados. Eles seguem até a sala e sentam lado a lado.

- Seu pai ficou tão feliz com a surpresa.

- Eu acho que fiquei mais feliz que ele.

- É e por que?

- Algo no brilho dos olhos dele, na forma com que ele estava sorrindo, completamente feliz, isso despertou algo em mim que eu desconhecia.

- E você quer ver isso mais vezes? Quer ver o sorriso dele no rosto o tempo inteiro?

- Sim, eu quero o ver feliz, mas quero mais que isso, eu quero que ele se orgulhe de mim, quero ser o filho que ele merece ter, e quero desesperadamente que ele não se vá...

Lily o olha e pode ver que ele segura as lágrimas, é a primeira vez que ela o percebe impotente diante de alguma coisa, frágil pela situação e vulnerável, a ruiva não resiste e o abraça na esperança de o confortar de alguma forma, a dor nos olhos dele está doendo em seu coração duas vezes mais.

- Eu lamento tanto, eu faria qualquer coisa para que não fosse assim, o que você pode fazer e aproveitar ao máximo a companhia, os ensinamentos dele, e é o que você está fazendo agora, então acalma seu coração.

- Tenho tanto medo de o perder...

le fala com a voz rouca, está segurando as lágrimas, não, não é nada bom manter os sentimentos presos, a ruiva sabe bem disso, ela suspira e o aperta ainda mais forte.

- Tudo bem ter medo, eu também tenho, meu coração aperta só de pensar nessa possibilidade, mas não podemos deixar o medo comandar nossa vida, ele precisa de você forte, ele precisa de sua companhia, do seu amor, carinho e compreensão, esteja ao lado dele, é só o que podemos fazer.

- Eu só tenho ele, se ele se for não terei ninguém.

- Você tem a mim, eu não vou a lugar algum.

Vicente se afasta e a ruiva seca as lágrimas dele com o polegar, ele leva uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, o toque dos dedos dele na pele a faz arrepiar e quando seus olhos se encontram a magia acontece.

Vicente a beija, um beijo carregado de saudades, e é como uma brisa suave, o toque dos lábios dele acariciam os de Lily aprofundando o beijo enquanto a puxa para mais perto, ela abre a boca e ele a explora minuciosamente enquanto as mãos acariciam as costas. A emoção toma conta do momento e Lily se deixa levar pelo sentimento crescente em seu coração o beijando apaixonadamente, Vicente retribui com a mesma paixão, com os olhos ardendo de desejo ele se afasta.

- Liliane

- Lily, pode me chamar apenas de Lily.

E ele volta a colar os lábios nos da ruiva, cada vez mais quente e apaixonado, seu coração saindo pela boca, a garganta completamente seca e o corpo queimando, ele a acaricia enquanto murmura em seu ouvido.

- Lily, minha doce Lily...


* Trecho do livro O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora