26 - Um bichinho chamado Ciúmes

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E outro dia nasce, o sol entrando pela janela ilumina o quarto de Lily, a ruiva desce para o café e surpreendentemente é Vicente quem o está fazendo.

- Vicente?

- Sim.

- Fazendo o café?

- Sim, quer ovos mexidos?

A garota o olhou confusa, o que aconteceu aqui?

- Ok, quem é você e onde está o verdadeiro Vicente?

Vicente vem até ela, e sussurra em seu ouvido.

- Ele está tentando melhorar.

A ruiva vira e é surpreendida com um beijo doce, mas atrevido ao mesmo tempo, os lábios de Vicente colam aos dela e a sensação é muito mais que agradável, Vicente sente o corpo inteiro acender, quando se afasta pode ver que o mesmo fogo que consome seu corpo arde nos olhos de Lily, ele a puxa para mais perto e aprofunda o beijo levando a ruiva a sentir tremores por todo o corpo, ela se afasta antes das coisas irem para um caminho sem volta.

Alberto entra e fica visivelmente surpreendido com a atitude do filho, a conversa na cozinha se torna mais animada, Alberto repara que o filho além de estar mais animado não tira os olhos de Lily, ele sorri animado, esse é seu maior objetivo, unir esses dois. Depois de um café da manhã tranquilo Alberto sugere um passeio pelo parque. Tanto Vicente quanto Liliane concordam e se dirigem ao local.

Ao chegar no parque Alberto encontra uma mesa de pedra confortável sob a sombra de uma grande árvore, ele logo senta descansando as pernas. Lily senta ao seu lado e ele protesta.

- Vicente leve Liliane para conhecer o parque, eu quero ficar algum tempo com minhas lembranças.

Lily vai protestar quando o motorista afirma que ficará se Alberto precisar de alguma coisa. A ruiva segue com Vicente pelo parque. Lily fica apaixonada pelo lugar, a garota corre pelo gramado fazendo com que Vicente precise correr atrás dela.

- Liliane espera

- Não, esse lugar é incrível, eu preciso ver tudo o mais rápido possível...

Vicente desaba sentando na grama, está exausto de correr atrás da ruiva, quando a vê ela está com um pacote de farela jogando aos patos. Ele a observa de longe, tão feliz, parece tão leve, nenhuma sombra daquela garota assustada que fugia da violência do tio, ele a olha e por alguns segundos queria a mesma leveza para sua vida.

" Como ela pode estar sempre sorrindo depois de tudo o que passou? Como pode estar tão de bem com a vida, eu raramente a vi irritada, e quando a vi a culpa foi minha"

Vicente desperta de seus pensamentos para ver Liliane descalça batendo os pés na água. Ele começa a admirá-la cada vez mais, tão feliz com tão pouco. Ele então volta até a mesa de seu pai, deixando-a curtir um merecido descanso.

- Ela é uma garota incrível, não é?

- Eu não entendo.

- O que não entende filho?

- Como ela pode estar sempre com aquele sorriso no rosto? Depois de tudo o que ela sofreu, deveria estar amargurada e de mal com o mundo.

- É justamente isso nela que me encanta, apesar de tudo ela sempre busca o melhor nas pessoas, olha como eu a tratei filho, e ela com doçura ajuntou todas as pedras que eu atirei e construiu uma ponte, conquistou meu coração de uma forma que eu sequer imaginaria.

Vicente então se cala instantaneamente, algo que seu pai disse o faz estremecer, ele não entende o que significa esse sentimento, mas ouvir seu pai falando de Lily da forma com que está falando o deixou desconfortável.

- O que eu quero dizer filho é que cada um de nós reage de uma forma diferente as frustrações e desilusões da vida, e tudo bem, não somos iguais, há quem se feche, quem lute contra tudo e todos, há aqueles que se jogam do precipício, de cabeça e acabam se machucando ainda mais no processo. E há aqueles como nossa Lily que apenas vivem um dia após o outro, na esperança da tempestade cessar e o arco íris finalmente aparecer.

Vicente desfaz a cara azeda e volta a conversar com o pai, os pensamentos ainda tomando conta de sua mente inquieta, mas ele os tranca por alguns momentos enquanto tenta manter a calma e contornar a situação.

- Olha para ela, de pés descalços correndo contra o vento, alguma vez se sentiu tão livre assim?

- Apenas quando era criança pai e você?

- Quando meus olhos encontraram o de sua mãe, eu me senti livre, senti que poderia até voar se desejasse do fundo do coração.

E Alberto tira os sapatos e vai de encontro a ruiva, de pés no chão e mãos dadas eles riem enquanto caminham pela grama fresca do parque. Vicente fica a observar de longe, um sentimento estranho toma conta de seu peito e assistir a cena se torna insuportável, ele segue para o carro frustrado.

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora