36 - Passeio de barco

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Logo após o café Vicente leva o pai e a ruiva para um passeio tranquilo de barco. Lily fica encantada com a imensidão azul do mar, está tão distraída que mal percebe Vicente se aproximar.

- O que está achando?

- É muito bonito.

Vicente tem os olhos fixos na ruiva, ele involuntariamente passa a língua pelos lábios antes de concordar.

- Sim, é lindo mesmo.

Vicente sequer está olhando para o mar, a garota o questiona.

- Você sequer está olhando para o mar.

- Sim, o mar é lindo também, mas não mais que seus lindos olhos.

- Flertando comigo outra vez, o que vem a seguir?

- Apenas o que você quiser.

- Eu não quero nada, nada além de aproveitar essa linda vista, sentir o vento tocar meu rosto e esquecer do mundo.

Vicente se coloca ao lado da ruiva e ali permanece sentindo o cheiro doce que emana da pele dela.

- O que está fazendo?

- Curtindo a paisagem com você.

Permanecem em silêncio por um tempo, a ruiva suspirou e Vicente inicia uma conversa.

- Por que escolher pedagogia?

- Por que eu acho uma profissão maravilhosa, ensinar uma criança a escrever e ler é a coisa mais incrível que você pode fazer por ela... O mundo precisa de mais pessoas para apoiar os sonhos, já temos o suficiente para destruí-los.

- Você acha mesmo que tem tanta gente ruim assim no mundo?

-Tem muita gente ruim, mas eu falo das pessoas que estão destruídas, pessoas que por seus motivos deixaram de sonhar e estão dispostas a cortar as asas daqueles que ainda sonham para se sentirem iguais.

- Mas essas pessoas podem mudar não podem?

- Apenas se elas desejam do fundo do coração e buscarem a mudança, nada na vida vem de graça, a gente precisa batalhar pelo que quer, só assim saberemos dar valor quando a conseguirmos.

Vicente fica calado refletindo sobre suas ações passadas, afastou tantas pessoas que agora não sabe nem por onde começar a sua mudança. Ele então sorri quando percebendo o que deve fazer, ele vai até o fim para mostrar que não quer mais viver sozinho e isolado.

Lily o observa sorrindo enquanto olha para o mar, ela não faz ideia do que se passa na cabeça desse homem, e algo dentro dela a impede de perguntar, seja lá o que ele estiver planejando ela só pode torcer para que seja algo bom.

Alberto se aproxima, ele parece uma criança, quando está perto o suficiente Lily o ajuda a se sentar. Ele então fala com um sorriso gigantesco nos lábios.

- Minha lua de mel com sua mãe foi em um cruzeiro, eu lembro que ela quis me impressionar e eu passei mal a viagem inteira, resumindo não teve lua de mel, ancoramos e eu finalmente pude parar de vomitar e voltar a minha cor normal. Passei três dias verde, mas quer saber foi um aprendizado, eu tive certeza do amor dela, se ela não me abandonou na minha pior forma não seria na melhor que aconteceria.

A ruiva ri, Alberto a olha com olhos repreensivos. 

- Não ria da desgraça alheia garota.

- Desgraça? Você teve uma aventura única, uma memória que permanece até hoje, e eu aposto que ela esteve ao seu lado te apoiando o tempo inteiro. Estou rindo por imaginar você verde. Acho que verde lhe cai bem.

Vicente ri alto e todos se surpreendem, ele geralmente não demonstra sentimento algum.

- Do que ri filho?

- Fiquei imaginando você indo de Bruce a incrível Hulk.

- Isso não teve graça.

- ahh Alberto teve graça sim.

O clima é de descontração o restante da viagem, Vicente está diferente, está sorrindo, parece mais leve, mas em seus olhos ainda se percebe muita coisa trancada, muita coisa que precisa sair, só esperamos que não saia mais nenhum esqueleto desse armário. 

O Valor Do PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora