O Valor Do Perdão

35 - Margarida Branca

Vicente volta da praia com mais do que areia nos pés, ele traz em seu coração acelerado a certeza que está apaixonado por Liliane, e nas mãos as marcas que os socos na areia deixaram, se punindo pôr a ter magoado ele socou a areia até a dor física ser mais forte que a dor do arrependimento pelas palavras duras que despejou sobre ela.

Ele segue para o banho decidido a ser uma pessoa melhor, e é com esse pensamento que ele deita na cama e adormece, na manhã seguinte ele acorda e segue para preparar o café da manhã, o sol sequer nasceu e ele vai ao jardim colher flores para decorar a mesa. Quando seu pai desce, se surpreende com a mesa.

- Lily já acordou?

- Ainda não pai.

- E essa mesa?

- Fui eu.

- O que está acontecendo?

- Você tinha razão pai, sempre teve razão.

- Sobre Lily?

- Sim, eu estou apaixonado por ela e não sei como lidar com isso.

Trecho de livro * - "Ela lhe contou histórias, ele a ensinou a voar... Amavam-se, mas ele não queria crescer..."

- Peter pan pai?

- Exatamente, e é exatamente sobre você filho, crescer, é preciso crescer, não só no tamanho, mas nas atitudes, saber ponderar as palavras, escolher as batalhas pelas quais lutar, não se vangloriar das vitórias e saber aprender com as derrotas. Valorizar os elogios e esquecer as ofensas, apreciar cada sorriso, cada olhar, porque é tão rápido filho, é tão rápido perder esse olhar, esse sorriso... É preciso aprender a dar valor antes de perder, e querido você ainda não perdeu, não quando ela ainda estiver ao seu lado, e algo me diz que ela não vai se afastar tão fácil então lute, se a quer corra atrás, pague o preço que for preciso, e não, não me refiro em dinheiro, isso de nada vai te ajudar, em ações, mostre o que sente, não tenha medo da rejeição. Um homem que não luta pelo que quer não merece o que tem.

 Lily está descendo, ela acabou de acordar e ao chegar na cozinha se depara com o café já pronto, lindas flores decoram a mesa, ela olha para Alberto que mostra as mãos como quem diz "Não fui eu" e quando seus olhos encontram os de Vicente ele lhe entrega uma margarida branca com um sorriso de tirar o fôlego no rosto.

- Eu estou disposto a te entregar uma margarida toda manhã pelo resto dos meus dias para compensar o idiota que eu fui em não perceber seu valor.

Lily a pega sem saber direito como reagir, não está acostumada com esse Vicente e para falar a verdade não sabe qual Vicente vai encarar ao meio dia.

- Obrigado, eu acho.

Ela sorri e o sorriso dela ilumina o coração de Vicente, ele compraria todas as margaridas do mundo para a ver sorrir assim todos os dias, estar apaixonado é isso? Ele não faz ideia, mas pela primeira vez está disposto a descobrir, mas como já era de se esperar não poderá o fazer sozinho, vai precisar da ajuda da sua ruiva, só com ela poderá desvendar esses mistérios.

Alberto assiste a cena emocionado, ele olha para cima, nesse momento sente uma paz tão grande, é como se sua Alexa estivesse ao seu lado segurando sua mão como fez durante toda sua vida, e por mais que a morte ainda o assuste a esperança de a encontrar outra vez aquece seu coração. 

Vicente puxa a cadeira e Lily senta, ele puxa a cadeira para o pai e logo se junta a eles, o café está delicioso e a fragrância das flores misturada ao clima de descontração deixa um cheiro agradável no ar, cheiro de mudanças, melhorias, a esperança de um amanhã melhor aquece o coração da ruiva.

* Trecho do livro Peter Pan