38. Funeral

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Morte.

Mesmo tendo tão pouca idade, a vida de Peter já era bastante marcada por mortes. Desde do dia do seu nascimento, onde a sua mãe e irmã tinha perdido as suas vidas, até à mais recente morte do seu avô.

Peter lembrava-se com clareza do primeiro funeral a que fora. Ele tinha apenas cinco anos e todos os adultos à sua volta tentavam-no reconfortar, mas a verdade era que ninguém sabia o que dizer a uma criança que vira os pais a serem assassinados à sua frente. O tempo passou e a história voltou-se a repetir cinco anos depois, desta vez com o seu tio Ben. Agora, aos quinze anos, mais um Ben tinha partido.

A manhã ainda mal tinha começado e todos os Potts já estavam em luto.

No entanto alguém teria de preparar a cerimónia fúnebre. Pepper foi a primeira a oferecer-se, porém Tony logo impediu.

-Tu não precisas de te preocupar com isso. - o génio argumentou quando estavam a caminho da casa de família. - Digam-me o que querem e eu trato de tudo.

-Eu posso ajudar o pai. - o pequeno Stak disponibilizou-se, surpreendendo os pais.

-Oh meu amor. Não te preocupes com isso está bem?

-Mas eu posso ajudar. - o menino continuou, sem se preocupar se aquilo parecia ou não uma birra. - Já fiz isso antes. Eu consigo... E não quero que tenhas de fazer isso...

Após a manha do filho o casal entreolhou-se. Tal como eles, o adolescente conseguia ser bastante teimoso quando queria e aquele era um dos momentos onde estava claro que ele não ia ceder. Era óbvio que Tony e Pepper podiam contra argumentar e arranjar mil e um motivos para impedir o filho de o fazer, mas ninguém queria começar uma intriga familiar por um motivo tão simples, muito menos naquele momento.

O resto do dia foi passado quase em completo silêncio. Enquanto os quatro Potts ligavam a toda a família, os dois Stark organizavam a triste cerimónia, mesmo que a contra gosto do mais velho. Ainda assim os génios não conversavam muito entre si. Ao mesmo tempo que realizavam os preparativos eles apenas conseguiam pensar nas outras ocasiões, bem semelhantes aquela, e nas pessoas envolvidas.

Os pais, o tio Ben no caso de Peter, mas principalmente Daisy e Morgan. Eram sobre elas que incidiam grande parte dos seus pensamentos mais profundos, em como nunca se puderam conhecer ou mesmo despedir.

Tony não pode ver o nascimento dos filhos, não esteve lá na primeira palavra ou nos primeiros passos. Peter e Morgan não puderam crescer juntos, ser os melhores amigos, fazer asneiras juntos. Tony nunca conseguiu ver a primeira invenção do filho, ou a filha desenvolver os poderes. Jamais tiveram a oportunidade de usar o escudo do capitão como trenó na neve, o martelo do Thor como meio de transporte, o laboratório de Bruce como sala de brinquedos ou as armaduras do pai como bonecos de ação. Nunca conseguiram aprender a defender-se com Natasha ou usar o arco e flecha do padrinho.

Eles nunca puderam ser uma família.

Esses factos magoavam os dois Stark, que por essa altura não conseguiam pensar noutras coisas. No entanto nenhum deles se atrevia a tocar no assunto. Para o mais velho o menino não sabia de nada, já o mais novo, depois de meses guardando o segredo e após a conversa com Clint, tinha a certeza que o pai não fazia ideia da verdade.

Um pequeno problema de falta de comunicação que podia ter sido evitado se Clint não omitisse factos importantes de Tony.

Ao jantar o clima tinha melhorado levemente, com Paxton e Pumpkin querendo saber tudo sobre o sobrinho, porém evitando sempre questões sensíveis como a sua infância ou morte dos supostos progenitores. A Potts mais velha foi a única que permaneceu em silêncio durante toda a refeição e foi a primeira a retirar-se para o quarto.

Irondad and SpidersonOnde histórias criam vida. Descubra agora