13. Castigo

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Passavam poucas horas do almoço de domingo quando a equipa entrou no autocarro, de volta a Nova York. Todos estavam animados com a vitória e queriam pegar no troféu com as suas mãos. No entanto, algo que ninguém entendia era como o responsável por trazer a vitória para equipa estava tão abatido.

-Hey, eu sei que eu não sou o tipo de pessoa que se preocupa com os sentimentos das outras, mas assim... Não era suposto estares feliz? - MJ questionou, virando-se para trás.

Em vez de responder, Peter limitou-se a encolher os ombros enquanto rodava o telemóvel nas suas mãos.

-Ok, isso é estranho demais, até para ti loser. - Michelle disse analisando o comportamento do colega até que finalmente ele olhou para ela. - Olha, eu não sei o que se passa, nem o que raio te deixou assim mas... Sei lá... Devias vir comemorar com a equipa. O que quer que seja pode esperar o até Nova York, não?

O que MJ não sabia era que o problema era exatamente esse. Chegar a Nova York era a última coisa que Peter queria naquele momento. Ele sabia que ir para sua casa no Queens não era uma hipótese. Ninguém o queria sozinho e se o fizesse com certeza Tony iria aparecer para lhe dar o sermão do século. Claro que ir para a torre também estava fora de questão.  Talvez ir para a casa de Ned fosse uma opção. Quem sabe, May nem tivesse dado conta do que tinha acontecido em New Jersey e talvez no fim de semana Tony já estaria mais calmo.

-Eh... Acho que pode...

Quando o autocarro chegou à Midtown, Peter já estava mais descontraído e alegre. Ned não pensou duas vezes quando o amigo lhe perguntou se podia ficar essa noite em sua casa. Ele gostava sempre de ter companhia, e desta forma também poupava Peter de ter um resto de domingo horrível.

Porém toda a alegria desapareceu quando a equipa saiu do autocarro. A poucos metros deles estava Happy, encostado ao habitual BMW preto, encarando Peter com uma expressão que o adolescente não conseguia decifrar. Naquele momento o jovem herói percebeu que não tinha escapatória. O chefe de segurança nunca o esperava fora do carro e ele não viria até à escola, num domingo depois de Peter dizer que não era necessário, a não ser que Tony mandasse.

Ned também não precisou de muito esforço para perceber que os seus planos estavam completamente cancelado. Ainda relutante, mas já bastante nervoso, Peter abandonou a equipa e foi até Happy, que logo o felicitou. No entanto, nem isso aliviou a tensão. Peter era incapaz de parar de pensar em todos os cenário possíveis, ao ponto que a sua cabeça começou a doer. 

-Chegamos miúdo. - Happy anunciou parando o carro em frente ao prédio de Peter, no Queens.

-Mas Happy... Não era suposto eu ir para a torre?

-Não faças perguntas que eu não posso responder miúdo. É melhor subires rápido. - Happy mandou com uma voz triste e desiludida enquanto Peter pegava na sua mochila. - Deixa aqui as coisas.

Confuso, Peter apenas abriu a porta e saiu do carro. Depois da sua morte, aquele era sem dúvida o momento mais assustador da sua vida. Não era suposto ele ir para o Queens. Era suposto a sua tia estar a trabalhar. May podia não gostar quando o sobrinho corria riscos desnecessários, mal acabava por entender que era toda a coisa de herói. Ela confiava no sobrinho, mesmo com alguns limites. Ela nunca o tinha posto de castigo, tecnicamente que o fizera fora Stark com a autorização de May, talvez por isso a ideia de estar a subir para o seu apartamento no Queens era tão assustadora.

Quando finalmente chegou à sua porta Peter considerou a hipótese de fugir dali, fosse como Peter Parker ou Spider Man sem fato, mas ele não podia. Além do mais Happy ainda devia estar do lado de fora, ou qual seria o motivo de ele mandar deixar as coisas no carro? No entanto saber quem estava do lado de fora do prédio, provavelmente à sua espera, não anulava o medo das pessoas que podiam estar do outro lado daquela simples porta.

Irondad and SpidersonOnde histórias criam vida. Descubra agora