Cercado de Terror

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Uma coisa estava começando a me deixar indignado. "Por que chove de tempos em tempos? Nem estamos em época de chuva?", por um momento queria pensar nisso, mas estava mais preocupado em chegar onde Jade estava, estava com mau pressentimento de toda essa situação. Não sei nem como eu estou conseguindo pensar no meio desse apocalipse pandêmico. Enquanto nos aproximávamos em silêncio do portão dela, a chuva não cessava, eu não sou tão fã dela, mas no momento é o que está nos mantendo vivos.

Maikon e Caike estavam sempre prestando atenção em mim, afinal, havia sido mordido a uns minutos atrás, e não estava exatamente cem por cento, meus dois braços estão só o pó da rabiola. Espero que não nos encontremos com nenhuma dessas criaturas. Me pergunto como estou conseguindo ficar de pé. Acho que é adrenalina, só pode. Bom, estamos chegando na casa dela. Anseio encontrá-la ainda viva e ao menos bem.

Chegando no portão, trancado, tinha grades com pontas de lança, não necessariamente era um empecilho, porém quando alguém está fisicamente machucado complica as coisas. Dei dois toques no portão, nenhum sinal, olhei para eles e perguntei:

- Alguma ideia?

- Não sei, poderíamos arrombar o portão, né? Disse Caike analisando a tranca do portão

- E se um de nós entrasse lá e destrancasse pelo outro lado, sei lá, pegasse a chave e a abrisse normalmente? - Sugeriu Maikon

- É, boa ideia Maikon, então que tal você ir? Ao que parece ainda temos alguns minutos de chuva antes que ela resolva acabar - Sugeri enquanto sentava na beira da calçada - Ainda lembra onde fica a chave da última vez que veio aqui?

- Sim, sim. Lembro como se fosse ontem, mas, se eu encontrar perigo, o que faço?

- Você pode correr, se esconder ou lutar ué! - Disse Caike se sentando ao meu lado na calçada.

- Por que eu ainda pergunto pra vocês? - Perguntou Maikon com sarcasmo na voz - eu vou indo, fiquem atentos, se eu gritar é porque a coisa ficou feia...

Com habilidades de um estudante do ensino médio em pular portões e muros a fim de jogar bola na quadra da escola em fins de semana, ele consegue pular facilmente o portão. Em alguns segundos o cadeado é aberto e ele abre o portão com uma cara de espanto.

- Então, é que, meio que a eu vi uma chave aqui na frente do portão, não imaginei que seria ela, mas por incrível que pareça é - Disse ele surpreso e indignado

- Então tá né...

Seguindo pelo quintal, não muito grande, com sinais de luta e resistência. "Será que chegamos tarde?" , não conseguia parar de pensar nisso. Continuando seguindo o rastro de sangue encontramos a porta da casa dela destrancada e arreganhada, cheia de sangue. Meu coração pesou, mas ainda sim continuamos. A casa não tinha nenhuma iluminação, porém o sol ainda não havia se posto, então ao menos enxergar conseguimos nem que o suficiente para definir o que é uma pessoa viva ou não.

Seguindo empunhando nossas mais recentes aquisições de metal, com dificuldade mas ainda sim tentei empunhá-la com as duas mãos, Caike viu minha dificuldade e tomou a liderança, vasculhando a casa sem querer esbarro em um copo de plástico que estava na mesa de jantar. No Brasil é comum a estética das casas não terem um padrão, então você pode ter um cômodo como a sala logo na entrada da casa ou até mesmo uma cozinha. Continuamos adentrando a casa até ouvir uma voz pouco baixa e não muito normal:

- Qu- Quem está aí? - Disse uma voz meiga e fofa ao mesmo tempo, meio tremula e sem nenhuma entonação quase que não ouviríamos se não estivéssemos bem atentos, parece que no meio da frase perdeu a vontade de falar ou alguém a impediu disso.

Z Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora