Z Vol.1

O Folego do desespero

- Mas que DROGAAAAA - Gritei enquanto corria na maior velocidade que eu tinha

"Por que eu tive que pegar logo esse tênis? Ele é simplesmente desconfortável demais!!"

- Por que tem tantos deles? Não é possível! Da janela só tinha avistado três deles, mas agora já são seis que estão me perseguindo!

Me encontrava fugindo com velocidade máxima, descendo um morro rumo a um desvio que havia na avenida no final da rua. Não esperava que haveria tantas criaturas dessas por aqui. Segurando a machadinha na mão direita fatiava qualquer coisa que surgisse em minha frente, incrivelmente resistente, estava correndo a mais de dez minutos e ainda sim sentia que tinha folego para continuar por mais trinta!

Enquanto corria notei que havia diferenças entre os infectados, alguns mais jovens estavam sempre bem machucados e alguns até estavam sem membros. Porem os mais velhos e de meia idade estavam sem nenhum machucado sequer. Não sei o que significa, mas deve ser importante ter descoberto isso.

"HAAAAA Se ao menos eu tivesse uma bicicleta conseguiria despista-los com mais facilidade!"

- Bom, não dá para chorar no leite derramado!

"Será que a Kate me ensina a usar uma espada também? Ela parece saber muito sobre isso."

Enquanto corria desesperadamente me deparei com o fim da rua, em um cruzamento que dava em uma avenida. Mas a visão não foi muito boa, haviam corpos jogados no chão, vestígios de explosões, carros capotados, casas destruídas e gigantes de carnes vagando entre os destroços do que um dia já foi alguma construção humana. Parei, e por alguns segundos olhei bem a cena que estava ao meu redor, antes que pudesse passar despercebido os Tumores me viram, e como se já não fosse o suficiente ter seis deles na minha cola, agora ganhei mais quatro.

A cena chegava a ser interessante, um jovem não muito alto sendo perseguido por vários seres gigantes de carne, deformados tanto nos membros quanto facialmente. Alguns mediam cerca de quatro metros, outros cerca de três, mas um em especifico tinha aproximadamente seis metros de altura.

Virei rapidamente em uma rua e avistei uma casa alta de quatro andares. Não sei o que havia imaginado naquele momento, mas foi para lá que direcionei meus passos. Entrei rapidamente na casa e tranquei a porta. Esperei imensamente que eles não tivessem me visto entrar naquela construção. Mas não foi o caso. Em segundos eles me alcançaram e ainda sim me encurralaram. Me esqueci que podem ser astutos quando se trata de caça.

Desesperado, sem saída e com uma machadinha em minhas mãos, me direcionei para onde imaginei ser a sala de estar, sentei um pouco, deixei a machadinha em cima de uma mesinha de tronco de madeira que havia no meio da sala em frente ao sofá e encostei minha cabeça nos braços do sofá olhando para o teto novo e desconhecido. Pensava em como poderia escapar daquela situação. Era uma manhã linda, o sol raiava pelas janelas do segundo andar jogando raios de sol nas escadarias da casa. Não havia nenhuma previsão de chuva para este dia ensolarado. Eu sabia que se tentasse sair não conseguiria por estar cercado, mas se eu tivesse continuado em frente poderia atrair mais deles, ou até mesmo leva-los para onde há gente indefesa. O melhor que consegui pensar foi naquele momento me esconder e centraliza-los em um único ponto, evitando problemas aos outros e deixando a situação complicada apenas para mim.

De um ponto de vista egoísta e imoral não faz o menor sentido se trancar em uma casa com criaturas mortais tentando derruba-la. A estrutura tremia com os golpes das criaturas, a porta estava rachando só com o tremor dos passos dos Tumores tentando enfiar os dedos nos buracos das janelas afim de conseguirem algo.

Eu tinha duas opções, uma, me entregar a eles ficando dentro da estrutura o máximo que puder, afinal eles não vão simplesmente desistir a menos que haja alguém a mais lá fora. Outra opção é lutar contra cada uma dessas aberrações, mas sem a chuva não acho que conseguiria ganhar. Pensando em como eu poderia lutar contra eles eu me levantei do sofá, peguei a machadinha novamente e respirei bem fundo várias e várias vezes. Independente do que acontecesse eu tinha apenas um objetivo, não morrer, e estava disposto a lutar do que simplesmente esperar que algum milagre acontecesse.