Quando olhei aqueles rostos, senti que realmente o mundo estava diferente, não foi apenas o "meu mundinho" que mudou, mas a nossa realidade, rotina e hábitos que tiveram uma mudança drástica. Talvez seja muito cedo pra falar disso, mas o sentimento de ver aqueles rostos conhecidos, chorando, exatamente como eu estava a poucos momentos atrás me fez pensar em como nós seres humanos somos parecidos um com o outro. Em momentos de caos, nos rebaixamos a simples misérias que não conseguem sair de situações por força própria transformando tudo em gotículas de agua salgada que liberamos de nossos glóbulos oculares numa ação que muitos na sociedade acreditam ser sinônimo de fraqueza, quando na verdade fizemos tudo que podíamos e mesmo assim, nada mudou. Significa apenas que as pessoas precisam de ajuda e são incapazes de conseguir superar algo com as próprias mãos.
A pergunta que pendurou em minha cabeça do momento em que os vi até me encontrar com eles era apenas uma, "Como diabos eles chegaram aqui?". Afinal, eles não moram "perto" de nós, então como? Sem nenhuma resposta rápida, chegando ao aglomerado de não mais do que três pessoas, perguntei, mesmo sabendo que estavam abalados e confusos, pois na nossa situação, não tinha ninguém que não estava assim.
- Como foi que vocês chegaram até aqui? -
- Estamos sujos, acabados, chorando e com os olhos vermelhos, e a primeira coisa que você nos pergunta é como chegamos aqui? - Respondeu Sara
- Ué, bem vocês não estão, não adianta perguntar o que aconteceu porque provavelmente foi desgraça atrás de desgraça, a única coisa que eu não consegui entender é como vocês chegaram aqui.
- É, você, como sempre tem uma resposta. - Respondeu João
- Pra ser bem sincero, eu não faço a mínima ideia, foi tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo em que acho é que foi um baita milagre termos sobrevivido. - Disse Luiz com uma voz sarcástica.
- Saímos da escola porque o sinal de incêndio tocou, depois de alguns minutos o nosso motorista apareceu assustado, gritou com todos para subir para o ônibus, pois monstros estavam à solta. Praticamente ninguém acreditou nele, menos nós três e outras seis pessoas. - Disse Sara com o rosto inchado e se apoiando em Luiz - Ma- mas nosso ônibus simplesmente, tão rápido, nós não conseguimos fazer nada a respeito. Eles, eles morreram no impacto - E ela começou a chorar, sem conseguir se manter de pé, sentou ao lado de João, e continuou a chorar.
- Eu não sei, nem como e nem no que nós batemos, mas foi tão forte suficiente para virar o nosso ônibus. - Complementou João - Os cinc- cinco que estavam... Foi tão rápido, tivemos que correr logo em seguida.
- A cidade está um caos, sangue, gritaria pra todo lado, exceto por um lugar - indagou Luiz
- Qual? - Perguntei com inocência?
- Como assim qual? Aqu-
Maikon chega, interrompendo Luiz
- Hey pessoas, nooousssa, ses não tão bem né? - indagou ele - Como diabos vocês chegaram aqui?
- Foi o que eu acabei de perguntar pra eles - Enfatizei
- Ocorreu tantos problemas de uma só vez, tanta gritaria, tanto sang- Sara disse com sua voz que aos poucos diminui-a seu tom e nitidez, até que começou a chorar, engasgando e com lágrimas no rosto tentou terminar sua frase, mas as lágrimas e seu choro não a deixaram.
- Nem me fale em sangue, nós nem sabemos ainda o que esta acontecendo e mesmo assim pessoas importantes se foram, literalmente muito rápido - Disse conduzindo ela a se sentar - Porem, enquanto a poeira não abaixar, devemos seguir em frente, o máximo que conseguirmos.
- Humpf, isso é o que todo mundo fala quando está num enterr-
- Porem, como seguir em frente quando há uma barreira no caminho? - Completei
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Z Vol.1
Science FictionImagine o normal, agora esqueça e reimagine o impensável. Diante de rotinas comuns, o mundo se vem ao uma nova barreira, um vírus, clichê né? Seria, se não houvesse essas malditas montanhas de carne de mais de 20 metros de altura. de onde ele veio...