É, não deu !

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Meu cérebro estava muito aflito, buscou mil maneiras para eu sair de lá, só não conseguia escolher uma. Pois afinal, uma questão muito difícil e que complicava a linha de raciocínio esta logo no começo do pensamento, "como". Como sair dali, como desviar, como correr e por onde correr, como sobreviver.

Quando me dei conta ele estava a uns 10 passos de distância de mim, o problema era o seu tamanho, tenho certeza que daria apenas 2 passos com aquele tamanho de pé. Foi onde pensei: "é o meu fim". Com os tremores aumentado, a distancia diminuindo, a criatura estendeu a sua mão gigante afim de me pegar, comecei a correr desesperado. "Onde estava aquele sorriso calmo e pensamentos lógicos que tinha em mente a poucos minutos atrás? " - Não fazia ideia.

Depois de alguns minutos, acabei por dando em uma rua sem saída. Paralisado. Com medo. Não conseguia nem me virar para traz. Os barulhos estavam cada vez mais perto. Não deveria simplesmente continuar ali parado, mas não conseguia me mover de jeito algum. "A, já sei, é aquele maldito sentimento!". O medo. Minha mente estava congelada, meus membros não funcionavam. Eu só conseguia pensar no sorriso dela.

- HAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRG

Gritei bem alto após esmurrar minha coxa com força. Logo em seguida consegui sentir minhas pernas de volta, estava doendo a beça, mas as estava sentindo. Não podia perder mais tempo, ao me virar tive a visão da mão gigante daquela coisa, que já estava quase me alcançando, por sorte, ele era tão grande que se movia bem devagar, por conta disso consegui desviar de sua mão e passar por debaixo das suas pernas. Sai dali correndo com todo o fôlego que ainda tinha. Uma coisa ficou bem clara em mente : "é impossível enfrentar aquela coisa!"

Enquanto eu corria com todas as minhas forças, fazia de tudo para não trombar nas pessoas, não queria nem perceber se estavam ou não com veias roxas, meu único objetivo era encontrar o meu irmão. Percebi naquele momento em que não me diferenciava de um babaca qualquer, pessoas se agonizando, sofrendo e algumas necessitando de ajuda. Lacrei meu cérebro afim de nao pensar em coisas como "será que eu consigo ajudar?"

"Eu realmente posso ajudar?" Era meu único pensamento naquela situação, enquanto corria sem né olhar para os lados - quem dera olhar para traz - pensei em como iria sobreviver, não sabia nem o que estava acontecendo ou se podia mesmo abrigar aqueles órfãos. Acho que só quis ajudar por conta de uma frase lida em um livro de aventura que me viera a cabeça: "Se não pode ajudar inteiramente, faça o máximo que conseguir, o futuro não depende apenas do que você faz agora, mas de todo um ecossistema de ações e consequências na qual estamos sempre, sempre sendo colocados em prova".

Após virar algumas ruas, cheguei na rua do estacionamento dos ônibus. Surpreso, vi o meu irmão e a galera que estava com a gente no terraço, assim que os reconheci, aumentei minha velocidade drasticamente. Pouco antes deu conseguir alcança-los, ouvi aqueles tremores antes, "não, não é possível!" - Pensei, ao olhar para traz avistei a criatura, aparentemente irritada e com sangue nos olhos. "Mas como ? Agora ele tem um rosto definido?" - Pensei "Ei, espera um pouco, ele está mais rápido? Mas o qu-"

Comecei a correr mais rápido e desesperado, minha estamina não é infinita. Olhei para frente novamente e os tinha perdido de vista. Em poucos instantes meu celular toca.

Trriin triinn

Deixando apenas tocar uma vez, atendi na hora que coloquei o celular no ouvido ele percebeu os tremores e minha respiração, em seguida um ônibus sai do estacionamento e dentro dele estava o pessoal. Ele estava em uma das janelas e me avistou. Completamente assustado, ignora a mim no telefone correndo para a cabine do motorista do ônibus. Em instantes o ônibus começou a se movimentar um pouco mais rápido.
Meu irmão voltou para onde ele me viu de dentro do ônibus e fez um gesto com as mãos pedindo para que eu corre-se mais rápido. Mal sabia ele que já estava no meu máximo!



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