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- Acho que agora entendi o grande motivo de tanto nervosismo e ansiedade.- Shizuki comenta enquanto os meninos vão na frente para perto dele.

Mingyu está todo vestido de preto e eu juro que ele nunca pareceu tanto a pessoa que saiu dos meus sonhos.

- Como soube que eram os quadros da Maya?- Hoshi pergunta para o garoto alto que está perdido em seus próprios pensamentos enquanto fita atentamente cada detalhe da minha arte. A pintura contém pássaros que brincam com uma mulher, eles fazem sua silhueta flutuar pelo céu estrelado... assim como acontecia comigo.

- É seu quadro?- O cabelo molhado um pouco caído sobre a testa me impede de respirar direito. Seu olhar em mim faz os os segundos virarem minutos, horas.

- Sim.- Engulo em seco.

- Uau, Maya! Você tem mesmo talento para a coisa.- Hoshi diz ao fundo.

- Esse sem dúvidas é meu preferido.- Ryeoun comenta levando a atenção dos outros para longe.

Eu e ele no entanto, continuamos conversando com o olhar e chega a ser engraçado a forma como me faz esquecer de piscar. Acabo cedendo e um sorriso se forma na minha face e aumenta conforme as bochechas dele vão se colorindo.

Escuto alguém pigarreando. Vernon nos observa.

- Mingyu? Sabe que horas a Yumi vai chegar?- O garoto pergunta com um ar provocador e me sinto envergonhada me afastando um pouco de ambos.

Sr.chuck me chama para tirar fotos junto com os outros artistas. Alguns comentam sobre a exposição, trocando elogios. Agradeço os que são direcionados a mim e acabo me distraindo. Decido ficar um pouco distante para colocar os pensamentos em ordem.

Me aproximo da janela do segundo andar e observo a chuva, deixando pingos semelhantes em toda espessura do vidro. A ligeira passagem dele em meus sonhos significou muito mais do que a certeza de que eu nunca encontraria alguém tão interessante, com aquele abraço feito casa e que me completasse de tal maneira.

E então a vida faz essa bagunça... Pondo Mingyu em minha realidade, o homem que tem os mesmos ombros largos, cabelos bagunçados, que possui estrelas nos olhos escuros , com o sorriso tímido e um olhar profundamente constrangedor. Sem deixar passar nenhum detalhe, ele é a cópia fiel.

O suor desce pela minha nuca, uma sede incessante se faz estável e sinto meus miolos fritando sempre que tento por os acontecimentos em ordem ou conseguir enxergar neles algum sentido. Tudo me atrai, quero me aproximar sem calma e ainda assim tem algo que me faz querer correr, me esconder, porque eu sinto que ele é minha morte.

- Te encontrei.- Vernon diz me assustando.- Está tudo bem?

- Sim.- Um esboço de sorriso se forma.- Só precisava de um momento sozinha, muita gente junta as vezes acaba sendo informação demais para mim.

- Você até que soube disfarçar bem.-Comenta.- Estou muito feliz pela sua conquista, você merece.

Olho para Vernon, ele parece um reflexo meu de segundos atrás, que tinha o olhar perdido na chuva junto do ar melancólico, mas em poucos segundos isso é substituído por um sorriso doce.

- Nós estávamos pensando em sair para jantar em comemoração, mas se não estiver no clima, tenho certeza que irão entender.

- Eu adoraria.

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- Não acham que deveriam maneirar um pouco na bebida?- Yumi ri da situação de Hoshi, Ryeoun, Shizuki e Vernon.- A gente trabalha amanhã cedo.

- Você deveria era se juntar a gente e deixar só os chatos do Mingyu e da Maya que não bebem de lado.- Hoshi diz enquanto as bochechas gordinhas estão coradas e os olhos viram duas linhas por conta do sorriso.

- Já está na hora é de todos irmos embora.- A mais velha nos incentiva a levanter e apressar o quarteto.- E quem daria carona para vocês, quase até o outro lado da cidade, se eu bebesse?

- Eu! Estou com o carro da minha mãe, esqueceu?- Shizuki comenta antes de virar o restinho do saque.

- Você não está em condições para isso, baixinha.- Ryeoun que parece estar sóbrio, diz e arruma os óculos de grau.- A Maya que vai ter que te levar.

- Eu não sei dirigir.

- E como vão voltar?- Vernon fala preocupado e com uma expressão fofa.

- Nós deixamos o carro aqui e pegamos um táxi, já que não é muito longe e amanhã ela busca o car- Sou interrompida antes de terminar a frase.

- Posso levar vocês.- Mingyu se pronuncia.- E depois pego o último trem para a casa do Vernon.

-ISSO!- Shizuki diz animada dando pulinhos esquecendo que está alcoolizada mais uma vez. A ajudo a retomar o equilíbrio.

- Não precisa... Nós pegamos o táxi, não tem problema.- Falo constrangida.

- Eu levo vocês, eu insisto.- Diz sereno e queria que Shizuki fosse capaz de me segurar agora.

- Ele vai levar a gente, Maya!!- Shizuki sorri.

- Tudo bem, então.- Digo demonstrando estar agradecida e não só sem graça com a situação.

Nos despedimos de todos e meu rosto continua quente, mesmo que o clima possa fazer o contrário. Coloco Shizuki, que não para de repetir "ele vai levar a gente", no banco de trás e logo me posiciono ao lado dele.

As únicas palavras que trocamos são sobre as coordenadas do caminho.

- É melhor ela ficar comigo.- Observo sobre o ombro quando o carro para.- Tem uma estação a duas quadras daqui e aí você pode pegar o trem a tempo.

- Acho que sei qual é.- Se vira para mim. Meu coração começa a se agitar. Cada vez que meus olhos fitam os dele, fico perdida em outra dimensão.

Sky. {Mingyu} EM MUDANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora