O amor contra o destino

Anfiteatro "orgulhoso".

Saí do banho. Estava muito feliz com tudo o que havia acontecido nos últimos dias. Ainda não havia caído a ficha do que tinha ocorrido e estava prestes a ter uma crise de ansiedade. Pensei se daríamos certo, se ele agiu somente por aqueles momentos, se podíamos realmente nos apaixonar...

Por outro lado, eu não pensava para não entrar em desgosto comigo mesmo.

....

A minha rotina voltou novamente ao normal. Logo cedo ia ao Colégio, meu irmão ia ao treino de manhã e a tarde a escola e meus pais voltaram para casa.

Quase não tinha mais contato com meu irmão pois nossos horários não batiam e eu precisava imediatamente de uma nova amizade.

...

O sinal da escola bateu e eu já estava sentado. O professor de artes visuais entrou e disse:

- Pessoal, hoje iremos fazer algo diferente. Vamos nos juntar com a turma do 2¤ ano para desenvolvermos uma peça teatral.

- E como iremos desenvolver a tal peça? Disse Amanda.

- Essa é a parte mais legal e participativa dos alunos. Serão vocês quem criaram a história...

Após explicado tudo, a sala se dirigiu ao anfiteatro da escola e lá começaram os debates de como criariamos tal peça.

Hahaha, comecei a dar risada quando busquei em minha mente se conhecia alguém da outra turma e se me interessava. Olhei buscando alguém, e quando ouvi uma voz grave, minha cabeça se desvirou rapidamente e involuntariamente.

- Amanda, quem é esse?

- Jura que não conhece Bruno?

- Não, porquê?

- Um dos caras mais inteligentes, orgulhoso e antipático da escola. Já ganhou vários prêmios com suas peças e o melhor de tudo...

- Não diga que ele é...

- Sim kkk, se eu fosse você começaria a conversar com ele imediatamente.

- Como?

No momento em que perguntei a ela, ouvi sua voz dizer...

- Ei Fernando. Meu amigo aqui tem uma ideia...

Ele me olhou com cara de esnobe e depois disse em um tom irônico:

- Vamos ver o que tem a dizer esse pobre artista...

Eu não sabia o que iria dizer. Graças a Amanda eu estava numa grande emboscada. Não sabia o que dizer, nem tão pouco como iriam reagir aquelas dezenas de estudantes que ali estavam.

Amanda disse baixinho:

- Diga que estava pensando num romance... invente rápido kkkk

Ela só podia estar brincando, mas não tinha outra ideia e então falei:

- Podíamos criar um romance...

Ele me interrompeu, riu e disse:

- Cara, fala sério, outro romance? Só sabem dar ideias sem serem inovadoras?

Nossa me arremessou longe, mas não deixaria ele acabar comigo bem ali...

- Você ao menos deixou eu terminar de falar?

Ele me olhou sério como se eu fosse me arrepender de retrucar com ele bem ali. Continuei...

- Acho que devemos fazer um romance diferente. Um romance gay!

O teatro inteiro começou a falar ao mesmo tempo, o que dava a entender que não haviam gostado da ideia. Fernando ria sem parar e quando pode, disse:

- Cara,  entenda, o único gay aqui é você... quem mais gostaria de encenar um romance gay? Ah Deus, o que fazer com esses novos estudantes  quando abrem a boca somente para dizer Merda?

Assenti. Me recolhi, e sentei, ficando bem ali no meu cantinho um tanto quanto chateado. Ao gritos escutei a voz do professor de artes visuais....

- Silêncio! Gostaria de lembrar vocês que moramos num país democrata. Então, basta! Voltem aos diálogos civilizados por favor.

Que tensão. Nunca me senti tão mal em público, ainda mais na frente de tanta gente. O vermelho do meu rosto ficou por minutos e quando o sinal bateu, fui o primeiro a sair.

Sinceramente, Fernando havia me chamado a atenção, mas pelo visto não teria chance de conversar com ele por causa da sua arrogância, ignorância e tal...

Mais tarde, estava em casa estudando quando Amanda me ligou:

- Não está chateado comigo né? Foi mal!

- Primeiramente oi né; segundo, não estou chateado com você, apenas não fiquei bem com a ignorância de Fernando.

- Te disse como ele era antes de....

- Ah esquece. Pra que me ligou?

- Se eu te contasse não acreditaria... então...

- Vai Amanda, diz logo.

- O tal boy ignorante perguntou quem era você.

- Fernando?

- Sim! Mas fique quieto. Ele ficaria muito zangado se eu me desse como fofoqueira...

- Mas Amanda o que ele disse?

- Bom Bruno tenho que desligar. Vou sair com linha mãe, beijos e até amanhã.

- Amandaaaaa. - Nem deu tempo de me despedir e ela ja desligou. Agora eu estava curioso e confuso. O que um menino que eu nem converso teria dito a Amanda se na primeira vez que tentamos conversar ja saiu fight?

Fui dormir curioso, e ao acordar, o inesperado acontece...