Meu celular despertou e dei um pulo da cama para me arrumar. Teria que encarar a rotina novamente e estava encorajado para isso.
Meu irmão já estava à mesa e me esperava aflitamente para contar suas novidades. Ele havia sido convocado para participar do mundial de surf que aconteceria no Brasil. Enquanto me contava, eu conseguia pensar apenas em duas coisas: a primeira era no sonho. Eu não conseguia explicar a mim mesmo porque aquilo estava acontecendo, porque sentia ciúmes de meu irmão e porque me excitava ao vê-lo. Por outro lado katnis me atormentava. Pensava em sua gravidez e o que meu pai diria ao me encontrar. Olhava para a carta e me dava nojo ao lembrar de katnis. Mentirosa.
Cheguei a minha primeira aula do dia. Enquanto o professor de dança de rua passava nossas novas coreografias, eu pensava na próxima aula, na qual seria um ritmo mais lento e romântico; a valsa.
Pensava em como seria estar dançando com o par perfeito, que nesse caso, seria meu... me dava arrepio de dizer a palavra irmão.
As aulas haviam terminado e queria vê-lo. Sabia que aquilo não era real mas que eu não conseguia evitar. Me perguntava como um irmão podia se apaixonar pelo outro, como era possível ter desejos jamais queridos em si, e porque não podia se apaixonar pelo próprio irmão.
Toda vez que o via, meu coração saltitava. As batidas eram tão fortes que podia sentir minha pele dançar. Sentia algo diferente por ele, nunca havia sentido isso, nem mesmo com katnis.
Quando estavamos juntos a sua presença me deixava feliz e essa felicidade me fazia se esquecer de todos os problemas. O que me incomodava era saber que teria que guardar todos aqueles sentimentos somente comigo, sabendo que mais ninguém poderia e gostaria de saber de toda essa história, me chamariam de louco e sabe o que mais...
Duas semanas se passaram e as competições iriam começar. Sabia que ele se sairia bem e se classificaria. Tinha muito potencial e depois que chegará aos E. U. A havia ganhado mais patrocinadores.
Viajamos juntos para o brasil. Meu pai e minha madrasta nos esperavam no hotel cinco estrelas de Copacabana. O conforto sempre esteve presente em nossas vidas, mesmo nos momento difíceis como a morte de minha mãe.
O avião pousou e da janela pude vê-los do outro lado. Minha barriga quimeimava ao saber que teria de encarar a realidade e katnis. Meu pai acenava aflitamente em nossa direção e ao encontrá-lo lhe dei um grande abraço...
- Pai, quanto tempo que...
- Bruno, é uma alegria que tenha vindo assistir a competição de seu irmão. Fico feliz por dar importância a isso.
Iria me desculpar pelo transtorno que havia causado em sua vida nos últimos meses, mas me preocupei em procurar katnis. Tinha vontade de esmagar sua cabeça como se faz com um espremedor de alho.
Já hospedados, a competição começou. Os concorrentes de meu irmão tinham grande potencial e apenas cinco participantes dos vinte países se classificariam para a final.
Ele prestava atenção nos mínimos detalhes pois o vencedor do torneio seria aquele que somasse a maior nota entre os três dias de competição.
- Difícil, mais não impossivel; disse ele.
- Sei que esta preparado para essa competição. Vem se preparando a meses.
- Sim, também sei, mas o que me deixa inseguro é saber que não competirei pelo meu país.
- Relaxa. Você não tem culpa se o Brasil não lê deu suporte para isso.
- Verdade. Agora tenho que ir, esta chegando minha vez.
- Ficarei bem aqui torcendo por você... volte bem e com a classificação.
Ele partiu. O alto falante anúncio:
- Gregory Tompson, representante da Austrália, notaaaa geral, 8. 9*
Todos ao meu redor gritavam loucamente, Aplaudiam e uivavam a classificação do australiano. Ele havia tido a maior nota até então e meu irmão era o último a se apresentar, obviamente estava com a primeira colocação.
Uma onda gigante levantou meu irmão. Passava entre as quedas d'água como um relâmpago e estava tão rápido que se caísse bem ali era possível que se esborrachasse todo. Um salto levantou a galera e rapidamente ele voltou para a onda. Estava tendo uma bela apresentação. Meu pai que estava ao meu lado gritava ardentemente, torcia como um fanático e isto estava visível, mas algo em seu olhar me incomodava. Parecia estar incerto sobre algo, desconfiar de alguma coisa ou talvez estar insatidfeito.
- Johnas... representante dos E. U. A, notaaaa geral, 8. 8*
Fui a delírio junto com a torcida dos E. U. A
Meu pai chorava de emoção e minha madrasta sorria como uma criança. Havia sido uma competição gloriosa.
Ao vê-lo sair da água, corri e o abracei. O calor novamente me invadiu, mas tinha que me controlar.
Ele se classificara em segundo lugar, atrás apenas do australiano. Por um momento pensei como seria nossa comemoração e neste mesmo momento já havia bolado um plano.
Novamente ao apartamento, meus pais seguiram para o quarto onde tomaram o banho. Me atirei no sofá e logo senti algo estrelar, levantei e arranquei de baixo de minha bunda uma carta.
Não era de minha propriedade e nem queria le la, pois a única que havia ganhado em toda a minha vida havia me dado tanto desgosto que estava... deixa pra lá.
A curiosidade foi maior...
Uma revelação profunda.
Apenas as pessoas certas poderão ler isto no momento certo. Por não saber o dia de amanhã decidi escrever essa carte, revelando todos os segredos guardados a anos...
Meu pai estava entrando na sala, fechei a carta e a coloquei novamente no sofá...
O que será que tinha de tão importante naquele pedaço velho de papel? Quais e porque haviam segredos a serem revelados? Estava esperando apenas uma brecha para retornar a leitura...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O amor contra o destino
RomanceGosta de romances, dramas e fantasia? Pois bem! Matias sempre foi um pai presente e rigoroso sobre a postura de sua família e principalmente a de seus filhos. Sempre lhes cobrou autonomia e responsabilidade como homens. Eram uma família perfeita, m...