BÔNUS - EPÍLOGO

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– Antes que vás, Jane...

Ela deu meia-volta.

– Sim, meu pai?

Lord Hartford deu a volta em sua escrivaninha.

Jane observou-o pacientemente até que ele parasse ao seu lado.

– Há algo que sempre me perguntei... – ele disse. – Por que não escolheste outro sobrenome?

Jane inclinou a cabeça por um instante.

Tanto tempo já havia se passado desde que o mundo descobrira sua identidade. Sequer imaginava que o pai ainda pensava nisso.

– Decerto é um sobrenome comum, – Lord Hartford continuou –, mas, ainda assim... Foi uma escolha ousada mantê-lo se teu objetivo era permanecer em anonimato, não?

Jane sorriu com ternura.

– Eu desejava escrever sobre as questões que eram mais próximas de meu coração – disse. – Desejava escrever sobre os princípios que fazem parte de minha essência. Hartford não é apenas um nome para mim. É teu nome. O nome da pessoa que me moldou para que eu fosse quem sou hoje e que me inspirou a escrever desde o início apesar de não ter me encorajado de maneira direta.

John apenas assentiu.

Jane supôs que seu silêncio significava que estava emocionado demais para respondê-la, então, prosseguiu:

– Ademais, creio que uma pequena parte de mim desejava que tu descobrisses. Por mais que temesse tua reação, meu pai, eu sonhava que soubesses que eu tentava seguir teus passos e que ficarias orgulhoso de mim.

Ele se permitiu expressar um suave sorriso quando lágrimas sutis se formaram em seus olhos.

– E tenho mesmo muito orgulho de ti, minha filha – ele garantiu. – É irrefutável que, mesmo jovem, eu jamais fui tão forte e determinado quanto tu és.

Ela correspondeu ao sorriso dele e o abraçou forte.

– Muito bem – ele a afastou gentilmente. – Já está ficando tarde. Terás uma prova amanhã.

– Não te preocupes. Estou pronta.

– Não duvido nem um pouco – respondeu com firmeza. – Dá ao teu marido minhas lembranças, sim?

Jane apertou as mãos do pai com carinho.

– Certamente.

Assim que terminou de se despedir do pai, Jane foi para casa a tempo de jantar na companhia do marido.

Edmund ficou de pé e a recebeu com um enorme e caloroso sorriso.

– Boa noite, minha querida! – ele ofereceu um beijo em sua bochecha.

– Boa noite, querido!

Edmund gentilmente puxou a cadeira para a esposa.

– Como foi a aula de hoje? – ele perguntou.

– Excelente! – Jane disse ao sentar-se. – Aprendi bastante sobre Godwin...

– Godwin, o filósofo? – ele demonstrou interesse.

– Sim, William Godwin. A propósito, sabes como ele conheceu a esposa?

Ele respondeu que não e se sentou também.

– Ele fora ouvir Thomas Paine quando foram apresentados – ela descansou o guardanapo no colo. – Conversaram a noite inteira. O nome dela era Mary Wollstonecraft.

Jude & JaneOnde histórias criam vida. Descubra agora