Capítulo 17

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Ed estava verdadeiramente agradecido pela oportunidade que Jane havia lhe proporcionado. Lord Hartford estava ensinando-lhe coisas que ele jamais aspirara aprender e era claramente um privilégio compartilhar de seu conhecimento.

As aulas aconteciam na mansão Bridgewood e era realmente difícil para ele olhar a pintura de Jane no corredor que levava ao escritório e não desejar que pudesse mencioná-la. Ou quando conversava com a sorridente Lady Hartford, cuja bondade lembrava-o tanto dela. Ou mesmo quando via o pequeno Charles correndo pelos jardins com a mesma energia que ela possuía sempre que tinha uma pena na mão direita.

Ele queria falar com Lord Hartford sobre ela, queria consertar as coisas como uma maneira apropriada de agradecer a ela por tudo que havia feito por ele, mas sempre que sugeria isto, ela o interrompia.

Jane achava que o pai ficaria furioso a ponto de pôr um fim na pupilagem de Edmund. Não valeria à pena. Ed tinha a chance de estar em uma posição em que poderia fazer grandes mudanças contanto que tivesse seu pai para guiá-lo e não queria que ele arriscasse perder isso.

Os dois haviam estado bastante ocupados ultimamente. Ed, por causa das aulas, e Jane, porque finalmente havia sido convencida a palestrar nos jantares do sr. Bentley e estava gostando muito; agora, ela palestrava quase toda semanas e seus artigos no Jornal do Amanhã haviam ganhado alguma relevância.

Embora se encontrassem apenas de vez em quando na casa de Eleanor ou no Chá das Damas – do qual Ed, Peter e Eleanor passaram a participar – eles mantiveram contato através de cartas. Aliás, ela estava escrevendo-lhe uma quando ouviu uma batida na porta.

– Quem é? – ela perguntou, ainda terminando de escrever uma frase, mas parou quando percebeu que estava demorando demais para escutar uma resposta.

Ela largou a pena e prendeu a respiração até ouvir alguém pigarrear do lado de fora.

– É... Sr. Dawson.

A mandíbula dela despencou em choque e ela, então, sussurrou "meu Deus!"

– Só um segundo...! – gritou ela correndo em direção à porta.

Apesar de já saber quem era, Jane ficou surpresa ao abri-la. Ele aparentava estar bêbado, ainda que não cheirasse como um. Talvez não houvesse dormido bem por um tempo...

– Boa tarde, Jane – ele inspirou subitamente. – Georgiana está?

– Boa tarde, Arthur. Senta-te, por favor. Já irei chamá-la.

Ele estava ansioso demais para sentar, então ficou de pé ao lado do sofá, tentando lutar contra o ímpeto de fugir dali, que só aumentava com o passar do tempo.

Durante os inacabáveis segundos de sua espera, ele pensou em mil possibilidades. A mais provável, Jane e Georgie estavam discutindo se ela deveria ou não ir ouvi-lo; a que ele acreditava de verdade, Georgie estava escapando pela janela do quarto enquanto ele respirava com dificuldade na sala.

Foi tanto um alívio quanto um desespero quando ela finalmente apareceu. A expressão dela não era nada encorajadora, mesmo assim ela aguardou pacientemente enquanto o peito dele subia e descia.

– Eu vim dizer que sinto muito – falou tão firmemente quanto podia. – Eu estava machucado e por isso fui muito rude e tu não merecias isso.

Georgie observou-o girar o próprio chapéu nervosamente. Saber que ele estava tão desconcertado a fez mudar de ideia quanto a simplesmente mandá-lo embora. Ele parecia se importar genuinamente e, apesar de não querer admitir para si mesma, ela tinha o coração mole para essas coisas, então respondeu:

Jude & JaneOnde histórias criam vida. Descubra agora