Devia ser mesmo coisa do destino. Quais eram as chances de ver o homem sobre o qual ela estava escrevendo há poucos instantes passar pela janela da Casa de Chá no exato momento em que ela levantara a cabeça para olhar através dela? Ela até tentou, por alguns segundos, dizer a si mesma que ele parecia estar com pressa, mas a vozinha em sua mente dizendo que aquilo não podia ser coincidência logo a convenceu a ir atrás dele e então ela correu pela rua movimentada até alcançá-lo.
– Edmund!
Ele deu a volta e sorriu ao vê-la.
– Que bom encontrá-lo, quanto tempo... – disse ela, imediatamente se arrependendo, pois não havia tanto tempo assim.
– Sim, que bom! Nossa... Não a vejo desde a peça e, bem, pensei que a veria com mais frequência agora que tua amiga está noiva do meu amigo. Infelizmente, continua sendo só o casal e eu... Há dois metros de distância deles – ele deu de ombros, fazendo-a dar uma risadinha.
– Sinto muito, é que tenho estado ocupada esses dias...
Ed olhou para baixo e murmurou:
– Certo, esqueci que és famosa...
Jane ruborizou.
– Não foi o que quis dizer... – falou ela. – Honestamente, tua carta de recomendação é o que tem tomado tanto o meu tempo ultimamente; aliás, estava escrevendo-a agora mesmo.
– Mesmo? – Ed suspirou. – Que ótimo! Devo confessar, pedi à Eleanor teu endereço para que pudesse perguntar-te sobre isto. Estava à caminho de teu apartamento quando chamaste...
De repente, toda a narrativa de "coisa do destino" pareceu ridícula para Jane. A presença de Ed ali não era coincidência, de fato, mas também não era sinal algum.
Ela decidiu se sentir mal por sua mente iludida mais tarde. Agora era hora de aproveitar a oportunidade.
– Gostarias de entrar e, hã... – ela disse, ajeitando uma mecha do cabelo. – Gostarias de tomar um café comigo?
– Hã... – ele balbuciou, pego de surpresa.
– E então, é claro, poderíamos discutir a carta, talvez...
– Não, eu... Eu quero dizer, sim, claro! É que... – ele fechou olhos e suspirou, xingando a si mesmo mentalmente pela falta de compostura. – Eu não gosto de café, mas... Eu adoraria tomar qualquer outra coisa... Com a senhorita.
Jane desviou o olhar, tentando não rir da ansiedade dele.
– Mas tu deverias tomar café assim mesmo, – disse ele, sorrindo pelo convite –, não te importes comigo, podes beber o que quiseres...
Jane brincou com as próprias mãos, então olhou diretamente para ele. A situação toda parecia estranha e desconfortável, mas isso a divertia.
– Obrigada. Eu acho...
– Oh, não me agradeças – respondeu ele no mesmo tom brincalhão. – Nunca disse que ia pagar.
Os dois riram nervosamente, então andaram lado a lado até a Casa de Chá dos Brown.
Somente depois de sentar para escrever a recomendação que ela percebera quão pouco sabia sobre Ed, então ela mostrou-lhe o que tinha até então e pediu a ele que a ajudasse:
– Preciso que me digas algumas de tuas qualidades. Qualquer coisa que possa convencer meu pai de que tu vales o tempo dele.
Ele franziu o cenho.
– O que ele procura num aluno?
– Não sei – respondeu ela. – Talvez seja bom adicionar algumas qualidades mais pessoais além das que envolvem a vida acadêmica...
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Jude & Jane
Historical Fiction🏆 VENCEDOR DO THE WATTYS 2019 NA CATEGORIA FICÇÃO HISTÓRICA 🏆 Eleita uma das 50 Melhores Histórias de 2019 no @AmbassadorsPT (embaixadores do Wattpad) 🏆 1° Lugar no Concurso Best Stories 2019 - Ficção Histórica 🏆 1° Lugar no Concurso Descobrindo...