Capítulo 18

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No começo, Jane pensou que Arthur estivera exagerando, mas a casa dos Bentley realmente estava um pandemônio. Aparentemente, quase todas as pessoas que já haviam comparecido aos jantares estava lá e cada uma delas tinha uma opinião diferente de como deveriam prosseguir no momento de crise.

Alguns argumentavam que este era um momento para se ter paciência, para observar cuidadosamente os passos dos adversários e se preparar para retaliação. Outros acreditavam que esperar era muito perigoso e que esta era a única chance que teriam de revidar.

Peter Langley estava entre os últimos e acreditava firmemente que todos estariam condenados se não agissem imediatamente, mas Thomas Harvey discordava.

– Pensa bem – Tom tentou explicar mais uma vez. – Isto é exatamente o que eles querem. O povo está tomado pelo medo. Por mais que esse governo seja instável, ninguém quer voltar para a instabilidade que imperava durante o fim da Monarquia. Não teríamos o apoio do povo! Sem ele, estamos condenados ao fracasso. Não é tempo de surtar, mas sim de dar um passo para trás para obter uma visão geral.

– O sr. Harvey está certo – interrompeu Eleanor enquanto Peter erguia o dedo indicador para ele. – Qualquer ação direta agora será contraproducente. Murray quer que as pessoas acreditem que há uma conspiração contra a ordem e os bons costumes, o que a maioria acredita ser muito mais assustador que censura. Ele fará todos crerem que este é um bom preço a pagar convencendo-os de que qualquer oposição é uma ameaça a sua própria segurança. Atacá-lo iria somente dar-lhe a popularidade de que necessita para começar a apontar inimigos e afirmar que a violência e a intolerância são traços que apenas o outro lado valoriza.

– E isso apenas o fortalecerá – concluiu Jane. – Posando como uma vítima que, teoricamente, está ao lado das massas, ele, então, poderia falar até mesmo em torturar suspeitos e as pessoas o aplaudiriam por isto, esquecendo-se de que esses "suspeitos" podem ser elas mesmas se um dia decidirem apontar as contradições entre o discurso e as ações dele.

A mente de Peter estava muito acelerada e ele sabia que se tornava grosseiro quando isso acontecia. Por esse motivo, respirou fundo antes de responder:

– Estás vendo? É exatamente o que vai acontecer! É exatamente o que vai acontecer se dermos a eles tempo para que se organizem e espalhem seus pensamentos manipuladores! Se ficarmos aqui sentados esperando pelo próximo passo absurdo que ele tomará, esperando que as pessoas acordem e percebam o que ele está fazendo, ele definitivamente irá convencê-las a se contentarem com o que quer que ele proponha "por um bem maior". Precisamos fazer algo agora que tantos de nós estão com raiva e desesperados para agir.

– Mas é esse o problema! – falou Eleanor. – Esta raiva pode nos levar a ser impulsivos e isto será nosso fim. Não estou dizendo que não devemos fazer nada, nenhum de nós conseguirá ficar sem fazer nada considerando que estamos com os nervos à flor da pele. Estou apenas dizendo que precisamos canalizar esta raiva e usá-la em algo produtivo e planejado.

– Isto sem contar, – continuou Tom –, que eu concordo contigo, sr. Langley, quando dizes que Murray está apenas preparando o terreno e que seria, de fato, mais fácil cortar o mal pela raiz, mas como disse a srta. Bentley, simplesmente não temos apoio suficiente ainda. Ele, em breve, tentará tomar atitudes legais e aí sim, embora seja num momento mais perigoso, teremos uma chance.

Peter cruzou os braços, bufando. Ele odiava ter que admitir que estavam certos porque ele estava com uma vontade esmagadora de fazer um escândalo. Era tão enfurecedor ver Murray transformar um acontecimento infeliz em um projeto de autopromoção e não poder fazer nada em relação a isso... O que mais doía era saber que havia muita gente acreditando nessa narrativa distorcida e não havia muita coisa que ele pudesse fazer para mostrar a verdade.

Jude & JaneOnde histórias criam vida. Descubra agora