Cap. 3 - Aos Novos Amigos

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Pov Lauren Jauregui

— Então, há quanto tempo você trabalha no bar? — pergunta o cara com tatuagens de caveira – o que parece mais gentil – quando tiro minha jaqueta e nos sentamos na sala de estar.

Com papel de parede laranja em estilo soviético e cortinas marrons, este lugar parece que não é reformado desde os anos 80, mas o sofá velho em que estamos sentados é surpreendentemente confortável. Talvez eu aceite sua oferta para dormir aqui. Se eles não me matarem e jogarem meu corpo no rio antes do amanhecer.

Acho que minha captora estava apenas testando minhas habilidades no idioma com essa proposta, mas não tenho certeza.

— Lauren? — O homem pergunta, e eu percebo que me distraí em vez de responder à sua pergunta.

Agora que parte da adrenalina está diminuindo, a exaustão extrema está de volta, atrapalhando meus pensamentos e retardando minhas reações. Não quero nada além de me esticar neste sofá e adormecer, mas talvez eu não acorde.

Os russos podem decidir que o que ouvi mereça me matar, em vez de apenas me manter em cativeiro durante a noite.

— Eu trabalho lá há alguns meses — Respondo, minha voz trêmula. É fácil parecer aterrorizada, porque estou.

Estou com dois russos que podem querer me matar e não estou em condições de me defender. A única coisa que me dá esperança é que eles ainda não o fizeram. Eles poderiam facilmente me matar no beco; eles não precisavam me trazer aqui para isso. Claro, há outra possibilidade, uma que toda mulher deve considerar: Eles podem estar planejando me estuprar antes de me matar, neste caso, me trazer aqui faz todo o sentido.

O pensamento dá um nó no meu estômago, as velhas lembranças ameaçam se amontoar, mas por baixo do medo e nojo há algo mais sombrio, infinitamente mais fodido. O breve chiado de excitação que eu experimentei no bar não foi nada comparado ao que senti quando a estranha perigosa me encurralou contra a parede, acariciando meu rosto com aquela cruel gentileza.

Meu corpo – o corpo fraco e arruinado que odiei por todo último ano – ganhou vida com tanta força, era como se fogos de artifício tivessem sido acesos sob a minha pele, liquefazendo meu âmago e queimando minhas inibições.

Será que ela foi capaz de sentir isso?
Será que sabia o quanto eu queria que ela continuasse me tocando?

Acho que sim. E mais do que isso, acho que quis fazer aquilo. Seus olhos – um castanho tão escuro, parecido com chocolate – me observavam com a intensidade sombria de uma predadora, absorvendo cada movimento dos meus cílios, cada movimento da minha respiração. Se estivéssemos sozinhas, ela poderia ter me beijado... ou me matado ali mesmo.

É difícil dizer no caso dela.

— Você gosta? Falo do trabalho. — O homem tatuado pergunta, trazendo minha atenção de volta para ele. Agora, ele é fácil de ler. Há um inconfundível interesse masculino na maneira como ele me olha, um brilho óbvio em seus olhos escuros.

Espere um segundo. Olhos escuros?

— Vocês são irmãos? — Deixo escapar, então, silenciosamente me xingo. Estou tão cansada que não penso direito. A última coisa que preciso é que esses dois imaginem que estou coletando informações sobre eles, ou...

— Somos. — Um sorriso ilumina seu rosto largo, suavizando suas feições duras. —Gêmeos, na verdade.

Merda. Eu não precisava saber disso. A próxima coisa que eu sei, ele vai me dizer o seu...

— A propósito, eu sou Ilya — Diz ele, estendendo uma grande pata em minha direção. — E o nome da minha irmã é Camila.

Oh, porra. Estou tão ferrada. Eles vão me matar.

CAMREN: Passado Sombrio (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora