Cap. 21 - Compromisso e Carinho

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Pov Lauren Jauregui

Sinto-me ferida por dentro.

Não é o câncer ou o pensamento de nunca mais ver Hanna. É a noite passada. A ameaça à vida de Hanna danificou algo frágil que começou a crescer entre Camila e eu. Nem percebi que um núcleo de emoção que anda de mãos dadas com uma profunda necessidade de sua aprovação havia germinado até eu esmagá-lo.

Sei do que Camila é capaz. Eu esperava que ela me chicoteasse ou me torturasse. Em vez disso, seu castigo foi mais cruel. Ela não poderia ter me machucado mais do que através de Hanna.

Ela é uma mulher que cumpre suas promessas. Não hesitará em cortar a garganta de uma senhora inocente.

Eu deveria odiá-la. Parte de mim o faz. Ainda assim, uma parte inegável de mim lamenta o que perdemos.

Não posso colocar um rótulo nessa perda. O conceito é vago, indefinível, mas não diminui a sensação distorcida de devastação que me atormenta. A noção é muito distorcida para ser examinada completamente, então, me concentro em tentar dormir um pouco no avião e comer a comida da companhia aérea para fortalecer minhas forças. Eu preciso disso.

O trabalho com Dimitrov é importante. É vital para o bem-estar de Hanna. É nisso que tenho que me concentrar agora.

Anton nos espera no aeroporto quando pousamos. Não Ilya.

Entramos na traseira do carro enquanto Anton dirige. Camila está tensa. Ela não fala, mas mantém nossos dedos entrelaçados, colocando minha mão na perna dela. Não me iludo vendo o gesto como um sinal de afeto. É apenas outra forma de restrição. É menos brutal do que uma toalha barata de hotel, mas não menos impactante.

A mensagem é clara.

Eu pertenço a ela.

Mas isso não importa agora. Não vai durar muito. A leucemia é rápida. Se tiver sorte, terei alguns meses.

Quando chegamos ao prédio, seguro a maçaneta da porta, mas Camila me pára. Sua instrução para Anton é brusca.

— Leve Lauren para um café.

Eu congelo.

— Camila. — Eu agarro seu braço. — Não foi
culpa de Ilya.

Ela me solta, sai e bate a porta.

— Camila! — Aperto o botão para abrir a janela, mas o carro já está se afastando.

Anton olha para mim pelo espelho retrovisor.

Cruzando os braços, tento dissipar o frio que invadiu meu corpo.

— O que você está olhando?

— Espero que esteja feliz.

Ele quer dizer com o que vai acontecer entre Camila e Ilya. Eu não estou feliz. Longe disso. A culpa está me devorando, mas não me importo em dizer o que sinto.

Camila não se importa, e ela não acredita em mim.

Vamos a uma cafeteria. Anton pede um café que eu não bebo. Depois de uma hora, ele se levanta e gesticula com os dedos para mim. Eu sigo, me sentindo como uma cachorra. Quando chegamos à casa de Camila, meus nervos estão em frangalhos.

Anton abre a porta e quase me empurra para dentro. Ansiosamente, passo pela sala. Camila está na cozinha, um copo meio cheio com líquido claro na mão. Uma garrafa de vodka está de pé sobre o balcão, e seus cabelos escuros, normalmente tão arrumados, estão desgrenhados. Os três primeiros botões de sua camisa estão desfeitos, as mangas arregaçadas até os antebraços. A pequena parte do peito que está exposta é esculpida e seus braços são fortes. Seu corpo grita poder, força. A última coisa que quero é que ela libere esse poder, e a raiva contida, em seu irmão.

CAMREN: Passado Sombrio (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora