Epílogo

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Pov Lauren Jauregui

PRAGA, 3 ANOS DEPOIS

A vista de Praga é magnífica. O restaurante fica na colina ao lado do castelo, com vista para os telhados de cobre que dominam a paisagem
urbana como uma cena diretamente de um conto de fadas.

A única visão mais bonita que a de baixo é a mulher sentada à minha frente.

Camila alisa os cabelos escuros com a mão linda e forte. O gesto é inocente, mas quando me lembro do que essas mãos são capazes, uma faísca acende na minha barriga. A maneira como sua jaqueta se ajusta aos ombros acende uma chama.

Seus olhos estão iluminados por saber como ela me provoca, e o fogo nessas profundezas chocolate é uma promessa do que acontecerá mais tarde em nosso apartamento.

Gosto de que ela tenha lembrado do lugar. O lugar me traz lembranças. Boas lembranças.

Quando o garçom serve o champanhe, Camila bate sua taça na minha.

— Aos três anos.

— Três anos — Eu ecoo.

Três anos em remissão. Nem sempre foi fácil, mas, fiel à sua palavra, Camila esteve lá comigo. Ela me disse que eu era forte quando estava fisicamente fraca. Disse-me que eu era bela quando perdi todo o meu cabelo. Ela me alimentou e me banhou. Segurou-me e me confortou.

Comemoramos juntas os pequenos marcos. Depois, os maiores. Lutou e se alegrou comigo. Segurou-me quando tive meus pesadelos. Ela ainda segura, embora esses dias sejam menos frequentes. Ela não poupou despesas com os
cuidados médicos em nossa casa moçambicana.

Contratou uma equipe inteira para cuidar de Hanna e eu, para cozinhar, limpar e cuidar de nós. Ela nunca saiu do meu lado. Nem uma vez. Foi minha rocha quando Hanna faleceu tranquila em seu sono no ano passado.

O vazio que sua ausência deixou ainda dói, mas compartilhar minha dor com Camila a torna mais suportável.

Inclinando-se sobre a mesa, ela agarra uma mecha do meu cabelo na altura dos ombros e deixa deslizar entre os dedos. É um toque sedutor, que me faz pressionar os joelhos juntos debaixo da mesa para acalmar a dor entre as pernas.

— Gosto do vestido — Diz ela em voz baixa, passando o dedo na curva do meu pescoço até o ombro. Arrepios seguem na sequência de seu toque.

Ela deve gostar mesmo. Ela comprou. O vestido é muito feminino, uma criação de renda sobre seda que vai até o meio da coxa.

Dou a ela um olhar terno.

— Eu gosto de nós.

— Mesmo? — Seu timbre é cru, lascivo.

— Dissemos que íamos passear esta tarde — Lembro-a com um sorriso.

Até agora, não vimos muito mais do que o interior do quarto dela. Nosso quarto!

Meu telefone vibra na mesa. Olho para a tela. Número não listado. Um segundo depois, o telefone de Camila vibra.

Encaramos uma à outra, bebemos nosso champanhe. Supõe-se que este seja um feriado romântico para celebrar meu terceiro ano de saúde. Não devemos trabalhar. Mas vejo a tentação em seu olhar.

Estreito meus olhos em um desafio.

Arrancando um sapato, arrasto meus dedos pela perna dela. Ela enrijece, engole visivelmente e pega meu pé antes de eu chegar ao meu destino.

Colocando meu pé no colo dela, Camila o massageia suavemente, quando sua atenção aumenta. Ela está me olhando como um falcão, usando o blefe como uma distração fracassada.

CAMREN: Passado Sombrio (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora