Cap. 36 - Nem Tudo é Sombrio

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Pov Lauren Jauregui

Eu abro minhas pálpebras e luto contra a névoa que obscurece minha mente. É difícil. Sinto-me grogue e pesada, como se estivesse atolada pela gravidade. Lentamente, minha visão embaçada entra em foco. O quarto é estranho, mas familiar. As paredes brancas e as pinturas contemporâneas me lembram o quarto de Hanna. A clínica.

Estou na clínica?

Memórias retornam, inundando meus pensamentos.

Camila! Meu pulso acelera. Virando meu rosto para o lado, olho o quarto em pânico, mas depois relaxo. Camila está sentada numa cadeira ao lado da cama, cotovelos nos joelhos e cabeça entre as mãos.

Como se puxada por um fio invisível de consciência, ela levanta a cabeça. O estado dela faz meu coração doer.

Mais do que alguns dias fariam jus de aparecer a sombra em sua mandíbula cerrada. Sob olheiras que marcam seus olhos, suas bochechas estão afundadas e vazias. Ela está vestindo uma camiseta cinza e calça de moletom com o logotipo da clínica e Crocs nos pés.

Aqueles Crocs brancos, tão incomuns para Camila, colocam um sorriso no meu rosto, mas o esforço racha meus lábios.

Ela pula e pega minha mão.

— Você acordou.

Eu tento engolir a secura na minha boca.

— A menos que esteja sonhando.

Fechando os olhos brevemente, ela beija meus dedos e mantém minha mão pressionada em seus lábios por um longo momento.

— Você está com dor? — Ela toca minha testa.

— Frio?

— Sede.

— Água. Sim. — Ela olha em volta, consternada, apesar de haver uma jarra e um copo com um canudo na mesa de cabeceira.

— Gelo? Talvez você prefira suco?

Eu aceno para a jarra.

— Isso já está bom.

Ela enche o copo e segura o canudo nos meus lábios.

— Pequenos goles. Não beba muito rápido.

Ciente dos meus lábios rachados, mantenho meu sorriso leve.

— Conheço o procedimento.

— Tem dor? — Ela pergunta novamente.

— Eu nem sinto minhas pernas.

— Dr. Adami lhe deu morfina.

— Adami? — Estou na clínica, como o quarto e as roupas emprestadas de Camila indicam.

Ela coloca o copo na mesa de cabeceira e esfrega meus lábios com um guardanapo de papel.

— Não pudemos correr o risco de levá-la a qualquer outro lugar.

Claro que não. Faz sentido.

— Esperta. Obrigada.

— Obrigada? — Em contraste com os traços desenhados, o castanho dos olhos é mais escuro e brilhante, refletindo uma luz frenética. — Você levou uma bala por mim e eu... — Ela agarra o cabelo e olha para mim como uma mulher à beira da loucura. — Que porra eu faria se a bala tivesse sido fatal?

Eu tento pôr humor.

— Ser grata por estar viva?

— Nunca mais, você me ouviu? Você nunca mais colocará sua vida em risco. Nem por mim. Nem pelo caralho de ninguém. Me prometa!

CAMREN: Passado Sombrio (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora