Não gostava de se sentar ali, nada tendo a ver com o facto de o antigo Trono ser desconfortável e duro. Não se sentia bem, parecia um peixe fora de água. Para ele, aquela estranha cadeira pertencia ao seu pai, nunca a mais ninguém. Não sei como me deixei levar pelo Magon. O local que tinha escolhido era perfeitamente aceitável. Pensou, em jeito de lamento, enquanto tateava, nervosamente, os largos braços irregulares do gigante cadeirão de pedra. A Sala do Rei estava como sempre se lembrara, com a exceção do manto de pó, imponente e extravagante, com candelabros dourados, altos e elegantes, a adornar as paredes laterais. Um grande tapete de linho azul, com rebordos dourados nas extremidades, unia graciosamente, a entrada da sala aos três degraus que davam para o Trono. Na parede esquerda, vários vitrais coloridos, harmonizavam o ambiente, com o bater cálido da luz do sol. Atrás de si, na parede do fundo, avistada por qualquer pessoa que entrasse na divisão, repousava uma pintura da serpente de três cabeças, símbolo máximo de Figmar.
Não sei como é que me convenceram a vir para aqui. Lamentou Ptosi, olhando para Brian, à sua direita.
É melhor que te habitues, vais começar a usar essa cadeira. Respondeu Brian, soltando um sorriso atrevido na sua direção. Pontualmente, quando olhava para o rapaz, via o seu olhar fixo na arma que jazia ao lado do Trono. O grande Tridente Real de Figmar, maior que uma espada normal, e com uma capacidade de perfuração ainda mais letal, tinha servido fielmente o seu pai e vários Reis anteriores. O seu luxuoso revestimento dourado, com três safiras incrustadas em cada dente, inspiravam admiração e horror por todo o lado que passava.
Queres pegar nele? Questionou Ptosi, tentando mudar o rumo da conversa.
Não, nem penses. Não sou digno. Retorquiu, acenando veementemente com as duas mãos.
Ele não morde. Referiu Ptosi, com um sorriso divertido. É raro ver-te assim, nervoso.
Isso é uma das oito armas mágicas. Só pelo facto de estar na mesma divisão, já é uma honra. Disse, afastando-se respeitosamente.
Tens é medo da magia. Não penses que não reparei. Já vi como olhas para Sage.
Claro que não tenho medo, tenho respeito. Retorquiu, enchendo o peito. E a maneira como olho para o Sage, é de desconfiança. Ainda não percebi porque o acolhemos. Concluiu Brian, olhando na direção da porta, sendo atraído pelo som de passos distantes.
Sem um Coroador para fazer a cerimónia, isto não passa de um tridente requintado. Respondeu Ptosi, olhando novamente para a arma. Os passos, que segundos antes estavam longe, pareciam cada vez mais perto, atraindo a sua atenção.
Sage cruzou as imponentes portas da sala, com a sua estranha forma de andar, sem provocar ruído, seguido por um homem grande e largo, revestido pela armadura Real. Conhecia-o dos tempos em que serviu no exército, tendo lutado ao seu lado em inúmeras batalhas, considerando-o um verdadeiro irmão de armas.
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O Nascer da Rosa Branca
FantasíaDuas décadas passaram desde a temível Guerra das Rosas Negras. O mundo, frágil e fragmentado, resiste por um fio. A esperança tem muitos nomes e muitos rostos. Pessoas comuns, mas extraordinárias, que lutam por um ideal utópico. O bem e o mal são, m...